Marcos 21/05/2023
Nostalgia, sessão da tarde e maturidade apressada
?Nostalgia, primeira infância e maturidade apressada?, assim começo a alinhar mentalmente a experiência que acabo ter ao final desta leitura. ?Stand by me?, a música que tá rolando agora é a mesma eternizada no clássico filme que carrega o mesmo nome. Sim, aquele que narra as aventuras dos quatro amigos que resolveram solucionar um mistério a sua maneira.
Nesta obra, somos apresentados a Huckleberry Finn, um moleque errante por natureza, mas que é detentor de uma mentalidade incompatível com a sua idade biológica. Logo nas primeiras páginas, nosso protagonista precisa escolher se continuará tendo que suportar uma rotina que não acomoda a sua natureza libertina ou se voltará a se submeter aos mais terríveis abusos possíveis de se imaginar.
?Huck? então resolve rejeitar as opções postas a mesa e passa a ser arquiteto de seu próprio destino quando foge de casa e por acidente encontra Jim, um escravo fugitivo que acaba se tornando seu companheiro nessa jornada rumo à liberdade de ambos. E nesse ponto entendemos o porquê de um livro escrito em 1884 ser tão revolucionário até os dias presentes.
Em suma, toda a inocência da obra se acaba aí ? ou quase toda ? vemos despontar um cenário de injustiças, mentiras e traições que se contrapõe à virtude e ao bom senso que faz despertar a desobediência civil como o único antidoto capaz de trazer serenidade ao coração do protagonista que agora se encontra refém de um processo de ?adultização? que nunca desejou.
Mark Twain escancara a moral de uma sociedade lacerada pela escravidão e pelas aparências em contraponto às atitudes de uma criança que rejeita submeter-se a uma sistemática incauta, injusta e sobretudo imoral.
E por que livro mexeu tanto com o meu brio? Apesar da temática sombria, a narrativa traz aquela sensação nostálgica de sessão da tarde e o mais importante nos lembra do que às vezes queremos esquecer: a felicidade está sempre nas coisas mais simples.
Só posso terminar isso aqui de uma forma, agradecendo a Mark Twain, a Huckleberry Finn e a Zahar que fez essa edição especialdo 🤬 #$%!& . É isso. Leiam.