É assim que você a perde

É assim que você a perde Junot Díaz




Resenhas - É assim que você a perde


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jota 09/11/2022

BOM: jovem imigrante dominicano narra com humor e ousadia suas aventuras em solo americano, especialmente suas conquistas e traições
Lido entre 30 de outubro e 08 de novembro de 2022. Avaliação da leitura: 3,8/5,0

Depois do muito bom Afogado (editora Record, 1996), lido mais de dez anos atrás, volume com histórias passadas na República Dominicana e nos Estados Unidos, em 2014 foi a vez de ler o premiado, excelente romance A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao (idem, 2009). E agora voltei às histórias curtas de Junot Díaz, escritor dominicano naturalizado americano, que a Record lançou em 2013, É Assim Que Você a Perde. Tem muito a ver com seus livros anteriores, não apenas pelo modo de contar uma história, também porque o personagem principal de oito dos nove contos é Yunior de Las Casas. Um sujeito que não é mau, como ele acredita ser, mas que segundo uma namorada não passava de um “sucio”, um babaca, um típico dominicano, enfim.

Yunior é um jovem nascido na RD cuja família mudou-se para Nova Jersey e nos conta todos os problemas advindos desse fato, desde garoto até a idade adulta. São coisas que ele, ou alguém por ele, relata com certo humor, de um modo quase sempre engraçado, até mesmo a doença de um irmão. Yunior já apareceu em Afogado e também narrou trechos de Oscar Wao e reaparece aqui em diversas situações de sua vida, exceto no curioso conto Otravida, Otravez, narrado por uma imigrante dominicana, Yasmin, funcionária da lavanderia de um hospital. Ela se relaciona com Ramón, que trabalha numa padaria e deixou a mulher Virta e filhos na RD em busca de vida melhor nos EUA. Ter uma casa no país torna-se uma obsessão para Ramón; enquanto isso Yasmin lava a roupa suja dele e pensa na esposa traída que ficou em Santo Domingo. Junot parece querer dizer que as mulheres dominicanas não são lá muito bem tratadas pelos machos do país...

Exceto por essa história, na qual Yunior não desempenha papel algum, mas que poderia ser a de alguma conhecida de sua família, os contos dão assim a ideia de que você está a ler um romance fatiado sobre paixão, infidelidade, amores fracassados, obsessivos ou proibidos. Daí o título do volume. De modo geral todos eles são interessantes, com destaque para Invierno, que mostra o choque da mudança de Yunior, ainda criança, e sua família do país centro-americano para Nova Jersey. A estação gelada isola o menino e seu irmão Rafa de seus vizinhos americanos: os meninos ficam o tempo todo vendo tevê dentro de casa. Nesse e nos demais contos, nos deparamos com uma prosa ousada, colorida e inventiva, com frases ou palavras em espanhol que não foram traduzidas para o português – seria algo como espanglês para os americanos –, mostrando que cultural e socialmente o imigrante está sempre com um pé num barco e o outro noutro, meio perdido no novo país ou registrando suas impressões das coisas de maneira singular.

É Assim Que Você a Perde tem todas as tintas de uma história semi-autobiográfica, coisas que poderiam ter se passado com Díaz de fato. Yunior, como Díaz é um escritor e professor quando adulto, e ainda que ele cite autores importantes e aspectos da cultura pop aqui e ali (como ocorria muito em Oscar Wao), os traços mais marcantes desse personagem estão mesmo ligados ao seu relacionamento com as mulheres desde pequeno, começando pela mãe. E suas inúmeras infidelidades: tantas que a última história do volume adequadamente se chama Guia Amoroso do Traidor. Que, na verdade, não é exatamente isso, um guia para traição, mas uma curiosa história de amor obsessivo. Outra das melhores desse livro.
Paulo Sousa 14/11/2022minha estante
Junot Días é o autor da Fantástica Vida Breve de Oscar Wao?, um livro excelente que trata da questão do imigrante e tb da ditadura de Rafael Trujillo, na Rep. Dominicana. Graças a esse trágico belo romance eu pude chegar a ler outra obra prima e que versa sobre o mesmo asqueroso monstro, que foi ?A festa do bode?, de Vargas Llosa, os quais recomendo.


jota 14/11/2022minha estante
Sim, ...Oscar Wao foi uma das melhores leituras que fiz em 2014, conforme assinalei nos comentários. O livro de Vargas Llosa não li ainda, mas pretendo lê-lo um dia, claro.




Paula 10/09/2013

This is how you lose her
O escritor Junot Díaz tem sido aclamado por sua escrita arrebatadora que, com um ritmo acelerado, se aproxima muito da oralidade. Nascido em Santo Domingo, na República Dominicana, é vencedor de vários prêmios, entre eles o Pulitzer de Ficção em 2008 pelo romance A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao. O autor é considerado um dos grandes nomes da nova geração.

Trazendo sempre para a história a perspectiva dos imigrantes, Díaz aborda questões interessantes como o "sentir-se estrangeiro", o preconceito contra os imigrantes latinos e a língua como instrumento de dominação e poder. Como uma marca de resistência, encontramos no texto de Díaz palavras no seu idioma materno, o espanhol, o que confere ao texto uma característica própria da literatura pós-colonial e não deixa dúvidas sobre sua identidade, representando a língua dos imigrantes que por vezes é completamente oprimida.

Nessa história, ou melhor, nas várias histórias que compõem o livro e se entrelaçam, Díaz nos fala de relacionamentos perdidos e da vida de um homem acostumado a trair suas namoradas, mas sem ser piegas ou clichê. A vida se apresenta real e intensa no decorrer das páginas e no ritmo acelerado de Díaz, apesar de às vezes chocante, no final até conseguimos entrever uma certa dose de romantismo.

Este é um daqueles livros que nos tiram de nossa zona de conforto porque confronta o leitor com um choque de realidade e de loucura que não vemos nos filmes de amor. Começamos a ler sem saber muito bem onde o autor quer chegar, mas nesse ritmo próprio Junot Díaz nos conduz por uma narrativa diferente, que nos faz pensar, mas não apenas no amor.

"Nessa noite, eu e Ana Iris vamos ver um filme. Não entendemos inglês, mas gostamos dos tapetes limpos do novo cinema". (pág. 81)

"Ela balança a cabeça, o rostinho de criança inexpressivo. Na certa está com saudades do filho ou do pai do filho. Ou do nosso país inteiro, no qual você nunca pensa até se mandar e que você nunca ama até não estar mais lá." (pág. 72)

Junot Díaz. É assim que você a perde. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2013.

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/09/e-assim-que-voce-perde.html
Sandra :-) 10/09/2013minha estante
Essa é a Paulinha :)))
Bjks!




Jacqueline 18/09/2013

Mordaz e eloquente.
" Até que não sou mau sujeito. Sei o que parece - que estou na defensiva, e é balela -, mas pode crer. Sou um cara igual a todo mundo: fraco, cheio de defeitos, mas, basicamente, do bem. A Magdalena, porém, discorda."

Junot Díaz é um escritor dominicano, conhecido por seu livro A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao, que lhe rendeu em 2008 o prêmio Pulitzer da ficção. Em É assim que você a perde, o autor reúne vários contos que se interligam entre sim, e possuem o mesmo protagonista de outros livros do autor, o Yunior, um dominicano que vive nos EUA desde pequeno.

Quando solicitei o livro, imaginei que se tratava de um tipo de "manual do traidor", e traria um personagem narrando suas escapadas. Me enganei totalmente, mas fiquei feliz em sair da minha zona de conforto.
Junot tem um estilo bem característico de narrar: minimalista e mordaz, ditando um ritmo eloquente.
Não temos somente a traição do personagem como assunto principal. Yunior narra as dificuldades de viver como imigrante nos EUA, e os preconceitos que sofre. O ar latino ficou por conta da tradução, que optou por manter muitas palavras em espanhol, o que a meu ver foi um ponto positivo, já que serviu para transmitir a essência do autor. Como eu conhecia o idioma, não me senti perdida, mas para quem não é, vai encontrar um pouco de dificuldade para reconhecer algumas expressões (nada que um google tradutor não ajude).

Yunior vai além das suas traições, e escava seu passado, falando sobre a relação com a mãe e o irmão mais velho, que talvez tenha sido sua maior influência. Em "Otravida , Otravez" a narradora é uma amante, que conta sobre o trabalho que realiza em um hospital, e sobre a vida que leva com seu namorado casado. Esse conto foi o único que não fez sentido nenhum pra mim, já que Yunior nem aparece nele. Mesmo assim, foi interessante observar o olhar da narradora sobre a vida das colegas com quem dividia a casa, que trabalhavam com o intuito de enviar dinheiro para suas famílias e filhos que permaneciam em seu país de origem.

Os contos são bem curtos, e a linguagem utilizada vai da escrachada até a erudita. Seu personagem, apesar da transgressão cometida, acaba por atrair a simpatia do leitor. Não era pra menos, já que ele tinha um pai linha dura e uma mãe que sofria calada.
O final foi surpreendente. Quando eu pensava que os contos não teriam uma ligação entre si, Díaz surpreende com uma reviravolta no capítulo final.
A capa é muito linda, e tem detalhes em alto relevo com um toque de glitter, que eu amei.
Junot utiliza de toda sagacidade para embutir sua crítica, sem mudar o rumo da história, ou tirar o foco de seu personagem. Recomendo.

site: www.mybooklit.blogspot.com.br
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Tati 23/04/2015

É Assim Que Você a Perde (This Is How You Lose Her) - Juniot Díaz
Páginas: 224
Tradução: Flavia Anderson
Editora: Record (RJ e SP) - 1ª Edição
Ano: 2013

Um trecho qualquer (não tão qualquer assim):
“E chegamos a contemplar também o oceano, lá do alto da Westminster, como a lâmina de uma faca curva e longa. Mami estava chorando, mas a gente fingiu não notar.”

Sinopse:
“É Assim Que Você A Perde” é uma leitura viciante, que flui como uma conversa, uma confissão, na qual o narrador é um homem que não consegue evitar seus deslizes, que repetidamente se rende às tentações da carne. A primeira que ele ama também é a primeira que ele trai. Ao relembrar essa história Yunior, um imigrante latino refém de seu sangue quente, dá início a uma inebriante expiação do desejo. Tudo começa com a menina Magda, traída por ele apesar de ser seu primeiro e verdadeiro amor, e culmina na mais recente traição do personagem que é simplesmente chocante, perturbadora, tanto para o leitor quanto para Yunior — que fica abismado com sua própria canalhice.

Reflexões minhas:
Foi um livro rápido, que li em dois dias (dá pra ler em um, mas foram dias muito cheios e agitados), consegui ler antes de dormir (o que me fez perder o sono) e no metrô (o que me fez querer continuar a leitura fora do vagão também, andando na plataforma sem olhar para as pessoas direito ou tentando aproveitar parágrafos a mais nas escadas rolantes), mas eu já sou meio assim então não sei se foi totalmente culpa do livro ou o meu jeito de ser/ler.

É um livro interessante porque conta as histórias amorosas que Yunior teve durante sua vida, mas não conta de forma cronológica, o que faz parecer que o livro tem várias histórias de amor de pessoas diferentes, como crônicas, e como sou apaixonada por crônicas, faz eu me prender no livro e querer ler mais e mais histórias, que na verdade é uma só.

Outra coisa interessante… Yunior é de Santo Domingo, República Dominicana e se muda para os Estados Unidos. Então a tradutora manteve expressões espanholas, misturando com o português, o que provavelmente acontece no livro original. O inglês americano com expressões hispânicas. Isso me remeteu a um filme que gosto muito, Espanglês, estrelado por Adam Sandler, Paz Vega e Tea Leoni. E esse fato faz com que o livre conte sobre as dificuldades de morar nos EUA e os preconceitos que sofre.

Yunior é um típico anti-herói, o qual a gente ama e odeia ao mesmo tempo, ama porque ele tá com você e odeia porque ele é um filho da puta, e ele sabe disso! O leitor sabe disso! E as mulheres que ficam com ele sabem disso. E é por isso que ele tem vários “mujerões” e ao mesmo tempo és solo.

O protagonista se chama Yunior e o escritor se chama Junot; e os dois são do mesmo lugar (RD). Não vou pesquisar, não por preguiça, mas porque não gosto muito de respostas, prefiro as “viagens e pirações” minhas, mas acredito que seja uma “autobiografia amorosa”.

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Raffafust 03/09/2013

Sinceramente pensei que o livro fosse sobre outra coisa, isso claro, pode melhorar a história ou não. No caso do livro do dominicano Junot Díaz, a história tem partes bem interessantes e outras nem tanto.
Em " É assim que você a perde" os capítulos que mais gostei foram o primeiro e o último, os outros se perdem no meio da história na tentativa de justificar o porquê do personagem principal Yunior trai sua esposa.
O autor volta a época de ensino médio do personagem, nos explica como era o relacionamento dele em casa e principalmente com seu irmão e com a namorada deste que ele parece sentir uma paixonite aguda.
Talvez grandes especialistas na arte do comportamento humano vejam no livro uma obra-prima, porque o Yunior é sim, um ótimo paciente para um terapeuta ou psiquiatra.
Eu, como leitora, imaginei que ele vivesse várias aventuras amorosas e explicasse em cada capítulo como errando ou traindo perdeu uma ex.
Outra coisa que acho que a tradução pecou, eu falo espanhol, então entendi as palavras no idioma que estão em todos os capítulos, porém, não há qualquer tradução das mesmas, nem uma nota em rodapé que explique alguns termos que estão bem distantes da palavra em português.
Yunior é interessante sim, mas para mim , ele só precisa do primeiro capítulo e do final, poderia ser um conto, me ganhou pela metade, o miolo não gostei tanto!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 20/04/2016

Junot Díaz - é assim que você a perde
Junot Díaz - This is How you Lose Her - Editora Riverhead Books - Lançamento original em inglês em 2012 (Publicado no Brasil pela Editora Record em 2013 com o título "é assim que você a perde", 224 páginas, tradução de Flavia Anderson).

Junot Díaz ganhou os prêmios National Book Critics Award de 2007 e Pulitzer de Ficção de 2008 com o seu romance de estreia, "The Brief and Wondrous Life of Oscar Wao", além disso conseguiu a primeira colocação no ranking preparado pelo site de cultura da BBC para os melhores romances do século XXI até o momento. Logo, esse lançamento foi cercado de expectativa pelo mercado editorial na época e, mais uma vez, foi sucesso de crítica, finalista no National Book Award de 2012, incluído na lista dos mais vendidos do New York Times e em várias seleções de melhores lançamentos do ano, entre elas as listas do próprio New York Times, Washington Post, Huffington Post e Time Magazine, consolidando o autor como um dos nomes mais importantes da literatura contemporânea latino-americana.

Novamente o tema de Junot é a sofrida vida dos imigrantes hispânicos nos EUA, divididos entre duas culturas. Uma coletânea de contos que bem poderia ter sido publicada como romance já que, apesar de formado por nove narrativas curtas independentes, mantém um fio condutor que as une, em sua quase totalidade, ao mesmo protagonista, o jovem Yunior da República Dominicana. Apesar das dificuldades por que passam os personagens na luta pela felicidade em um país estranho, o tom geral do texto é sempre bem-humorado e a prosa corrida do autor, que dispensa o uso de parágrafos ou aspas para os diálogos, faz com que a leitura seja agradável e difícil de interromper. Outra característica é a inserção de palavras em espanhol no livro original escrito em inglês (na tradução para o português este efeito é suavizado pela maior semelhança entre o português e espanhol).

Em "Invierno" ficamos conhecendo o impacto da chegada em um país estrangeiro através dos olhos de uma criança. Uma história, como muitas outras, de trabalhadores que partem para "fazer a vida" nos EUA, vivem sozinhos durante muitos anos e finalmente conseguem trazer o restante da família, nesta altura mal reconhecendo os próprios filhos que encontrarão um cotidiano pretensamente melhor do que o que tinham no país de origem. O inverno é o símbolo do isolamento de Yunior e o irmão mais velho, assim como a mãe eles não têm outra alternativa do que passar os dias assistindo TV ou observando o estranho novo mundo nevado pela janela, ainda sem escola ou amigos.

"Como não deixavam que saíssemos de casa está frio demais, justificara Papi uma vez, mas, na verdade, não havia motivo algum, exceto ele não estar a fim de permitir , a gente se sentava a maior parte do tempo na frente da TV ou ficava contemplando a neve, naqueles primeiros dias. Mami limpava tudo umas dez vezes e preparava uns almoços bem esmerados. Todos nós mudos, de tão entediados. (...) Desde o início, Mami tinha concluído que ver TV era proveitoso; bom para aprender o idioma. Ela via nossas mentes jovens como girassóis radiantes e pontiagudos em busca de luz, e nos colocava o mais perto possível da televisão, para aumentar ao máximo a nossa exposição. A gente assistia a noticiários, programas humorísticos, desenhos, 'Tarzã', 'Flash Gordon', 'Jonny Quest', 'Os Herculoides', 'Vila Sésamo' oito, nove horas de TV por dia, mas as melhores lições vinham mesmo de 'Vila Sésamo'. Cada palavra que o meu irmão e eu aprendíamos, treinávamos um com o outro, repetindo diversas vezes, aí, quando Mami pedia que lhe disséssemos como pronunciá-la, balançávamos as cabeças e falávamos, Não esquenta com isso não." (pág. 136)

No único conto não relacionado com Yunior, "Otravida, otravez" a narrativa, em primeira pessoa, passa para uma "veterana", apesar de ter apenas vinte e oito anos, na arte de sobreviver no isolamento. Yasmin conhece o mundo somente através de uma lavanderia de hospital onde trabalha muito duro para se manter. Uma esperança de melhorar de vida vem da relação com Ramón, um imigrante mais velho que recebe cartas da esposa que deixou na República Dominicana. ele está prestes a conseguir comprar uma casa, um sonho de todo imigrante nos Estados Unidos, será que existe um futuro para Ramón e Yasmin?

"Trabalho a dois quarteirões dali, no hospital St. Peter. Nunca me atraso. Nunca saio da lavanderia. Nunca saio da fornalha. Coloco a roupa nas lavadoras, nas secadoras retiro a camada de fiapos que se forma na tela, encho de sabão em pó os dosadores. Coordeno quatro funcionárias, ganho um salário de americano, mas dou um duro danado. Separo pilhas de lençóis com mãos enluvadas. As assistentes hospitalares a maioria morena trazem os lençóis. Nunca vejo os doentes, que só me visitam através das manchas e das marcas que deixam na roupa de cama, o alfabeto dos doentes e moribundos. Muitas vezes as manchas são tão profundas que tenho que jogá-las no cesto especial. Uma das meninas de Baitoa me contou que ouviu dizer que tudo o que se coloca ali é incinerado. Por causa da aids, sussurra. Numas ocasiões as manchas se mostram oxidadas e velhas, noutras, o sangue vem com um cheiro forte, como a chuva. Seria de pensar, com todo o sangue que a gente vê, que está rolando uma baita guerra no mundo. Só a que rola dentro dos corpos, diz a garota nova." (págs. 66 e 67)

É preciso segurança para desenvolver todo um conto em uma estrutura narrativa centrada na segunda pessoa como em "Guia Amoroso do Traidor" que fecha o livro (leiam o trecho abaixo). Assim como outros contos, este também tem como argumento os fracassos amorosos de Yunior, sempre por conta da sua compulsão pelo sexo, uma tendência familiar decorrente do sangue quente latino que o faz trair as suas companheiras como um verdadeiro canalha, pelo menos é assim que ele pensa e explica o comportamento auto-destrutivo que o leva finalmente a um estado de desespero e solidão.

"Você tenta usar todas as artimanhas possíveis para ficar com ela. Escreve cartas. Leva-a para o trabalho de carro. Cita Neruda. Escreve um mega e-mail repudiando todas as suas 'sucias'. Bloqueia os e-mails delas. Muda seu número de telefone. Para de beber. Para de fumar. Argumenta que é viciado em sexo e começa a frequentar as reuniões. Culpa o seu pai. Culpa a sua mãe. Culpa o patriarcado. Culpa Santo Domingo. Acha um analista. Cancela seu Facebook. Dá a senha de todas as suas contas de correio eletrônico para ela. Começa a ter aula de salsa, como sempre jurou que faria, para que vocês dois dancem juntos. Alega que estava doente, alega que havia sido fraco Foi o livro! A pressão! e, de hora em hora, como um relógio, diz que sente muito. Tenta de tudo, mas, um belo dia, a gata simplesmente se sentará na cama e dirá, 'Chega', e 'Ya', você vai ter que se mudar do apê no Harlem que compartilhava com ela. Você pensa até em fincar o pé. em ocupar ilegalmente o lugar. E chega a afirmar que não vai. Mas, no fim das contas, é o que faz." (pág. 186)
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Luana 02/07/2022

Um pouco confuso
Não achei o livro ruim, mas também não foi algo que me impressionou.
O conto da amante no meio de livro me deixou bem intrigada já que a história não tinha nada a ver com Yunior, o personagem principal. Para mim, o conto podia ser lançado de outra forma em outra oportunidade.
Também senti falta de uma cronologia, ele começa contando sobre a ex Magda e de repente já está falando de outra ex e no fim surge a ex noiva e assim vai. Poderiam ter se aprofundado melhor nas histórias e explicado um pouco mais o relacionamento dele com as exs.
Enfim, é uma leitura interessante e rápida mas é difícil entender o raciocínio às vezes.
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Nathalie31 22/01/2023

Eu comprei porque estava fora de casa e sem nada para ler, mas, se eu soubesse o quanto ia ficar arrependida não teria comprado. O livro é confuso, as partes da história estão complemente misturadas, é péssimo.
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Rebeca.Weyne 06/01/2024

Ruim mas não consegui parar de ler!
A história é bem mais ou menos, mas o livro incrivelmente prende e a leitura flui. Não é algo que você fica a todo momento curioso p ler, muitos momentos da vontade de parar mesmo. Basicamente 60% do livro vc lê para terminar logo KKKKKKKK.
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