D. 18/12/2013
O verdadeiro mundo da fama
O Chamado do Cuco.
Iniciei a leitura do livro devido aos comentários de diversos blogs, e me deparo com um pequeno problema: As maiorias das resenhas são de leitores apaixonados por J.K.Rowling, então não foram resenhas de um todo sinceras, a sensação que me passou foi que eles estavam elogiando o livro apenas pela pessoa que o escreveu e não pela história em si. O gênero é de longe o meu preferido, mas o passei na frente de tantos outros na “fila de espera” por ter sido bastante criticado (positivamente) e, claro, também devido à escritora.
Eu estou acostumada com as 200 páginas de Agatha Christie e me deparo com 448! O dobro, o que me deixou entediada só de começar a leitura - para dizer a verdade.
O livro tem seus pontos positivos, claro que tem, mas os pontos negativos são maiores.
Narrativa em terceira pessoa, porém Galbraith, aka Rowling, predomina sua visão em Strike, o detetive.
Cenário: A adorável Londres, com os locais frequentados pelas pessoas ricas e com os locais frequentados pelas pessoas mais simples, o cenário mudava conforme o detetive entrevistava os “suspeitos”, ou melhor dizendo, as pessoas que o levariam a verdade.
A autora dividiu o livro em 5 partes, sendo que cada parte iniciava com uma citação de um autor ou livro conhecido, adorável, principalmente com o fato de que cada uma destas citações davam a “dica” do que se trataria aquela parte do livro.
Narração rica em detalhes, tais detalhes seriam divertidos e de grande serventia em um universo paralelo como o de Harry Potter, mas no caso de O Chamado do Cuco deixou a narração demorada, cansativa e principalmente sonolenta, acho que acabei pegando no sono umas duas vezes. Concordo que a narração não deveria ser uma correria, ainda mais se tratando de uma investigação, mas a sensação foi que eu estava lendo 50 páginas, porém só havia lido 3 ou 5. Ponto positivo são as metáforas que o autor usa.
Personagens: Muitos personagens. E o mais inconveniente é que você não sabe a verdadeira característica deles. Um bom exemplo é o ex de Lula, “o viciado”, boa parte das pessoas o apontam com características negativas, que ele estava com ela apenas pelo dinheiro, mas quando o detetive Strike vai o interrogar é perceptível que ele realmente a amava, mas o cara era cheio de problemas. As “suspeitas” são várias.
O que foi irritante: Strike conversa com X pessoa, essa pessoa falar um monte de coisa sobre Y pessoa, você cria um perfil desta Y pessoa, daí quando Strike vai conversar com esta Y pessoa, você percebe que ela não é aquilo o que a X pessoa disse! (Confuso, eu sei).
-Cormoran Strike, nome MUITO legal, ele com certeza é O personagem, acredito que o autor deu tanta ênfase em apresentar a vida pessoal deste detetive, de forma que o leitor o entendesse melhor, como sua mente funciona para os próximos livros e etc. Ele é um ex-militar que acabou perdendo uma das pernas e tem todo um psicológico ferrado, com o perdão da palavra, devido aos pais e a ex-noiva... Atualmente suas condições financeiras estão ruins, o que o levou a aceitar a proposta da investigação da morte da modelo.
-Robin: sim, um nome peculiar (que logo associamos ao Batman, bem ao menos eu associei), entretanto faz jus a personagem que é tão fiel ao detetive. A Robin é uma personagem loira, bonitinha, que vai trabalhar com o Strike, como sua secretária temporária, mas ela está muito feliz com isto pois desde pequena sonhava em ser detetive. O livro começa com os detalhes do seu pedido de noivado, detalhes que são irrelevantes pois Robin nem tem tanto destaque assim, o que é lamentável pois ela é de grande utilidade, principalmente por ser bastante prestativa. Sendo assim você espera maiores detalhes dela, principalmente o da vida dela, mas possuímos esses detalhes? Claro que não.
O X da questão: Lula Landry foi assassinada ou cometeu suicídio devido ao seu transtorno bipolar?
Até a página 200 tudo aponta para suicídio, não existe nenhuma prova que comprove o contrário, o próprio Strike só começa a levar mais a sério o caso após ler os emails de Lula e perceber que ela realmente amava a carreira, os contratos, sua vida de modo geral, então realmente não poderia ter sido suicídio. E aí que entramos com a incógnita, quem mataria Landry? Afinal, quem teria acesso ao seu apartamento? Isto já elimina vários personagens, e depois usamos a velha tática de Hercule Poirot de: “Quem teria vantagem – financeiramente – com a morte de Landry?” E a resposta está ali, em amarelo neon.
A morte de Lula ocorreu 3 meses atrás, então, foram poucas as investigações de Strike, tudo o que ele fez foi conversar com os envolvidos e tirar suas conclusões a partir do que viu e ouviu. O trabalho é ler nas entrelinhas.
Este livro é particular, o mistério só é resolvido faltando 10 páginas, o que ficou muito corrido, com o que aconteceria para x personagens.
Com o final do livro, espera-se que os problemas financeiros de Strike tenham sido resolvidos, afinal o cara desvendou o mistério da morte de uma modelo muito querida e estimada pela mídia, uma boa parte foi resolvida, mas percebe-se que ele continua “apertado” e... Ganhou apenas fama.
Ponto alto do livro:
-A revelação do mundo feio da fama, as hipocrisias, a inveja, traições, cobiça, interesses, as falsidades - principalmente das pessoas ricas... E o mais legal foi conhecer como funciona a vida de uma celebridade, pois sempre considerei que a vida deles é divertida, porém, Galbraith, aka Rowling, mostra como a “coisa” funciona de verdade, não existe privacidade. Nem mesmo nos celulares, as pessoas ao redor não são confiáveis, boatos surgem em todos os cantos e ninguém é amigo de ninguém.
-O personagem Strike, que começa com um personagem insosso, sem nenhum chamariz, tanto intelectual como físico, mas no final, você é conquistada pelo personagem e seu cérebro brilhante.
O que mais me irritou:
-A narração lerda e cansativa.
-O mistério do nome do livro... Toda vez que eu acabo um livro gosto de conferir se o título combina com a história, mas no caso do O chamado do Cuco, só descobrimos o porquê do “Cuco” bem por cima, uma respostinha qualquer, sem pé e nem cabeça, por assim dizer. Mas tudo bem, afinal J.K. Rowling já havia explicado o motivo do título em uma determinada entrevista.
“Por que o título O chamado do cuco?” “O título é retirado de um poema melancólico de Christina Rossetti chamado Lamento, das lamentações por alguém que morreu jovem demais. O título também contém uma alusão sutil a outro aspecto da trama, mas não posso explicar sem estragar a história, deixarei que os leitores descubram.”
-Ter dado tanta ênfase em Charlotte, a ex-noiva de Strike e pouco espaço para Robin.