Fê 06/10/2013Quando uma perturbada modelo despenca para a morte de uma varanda coberta de neve, fica assumido que ela cometera suicídio. Entretanto, seu irmão tem suas dúvidas e telefona um detetive particular, Cormoran Strike, para investigar o caso. Strike é um veterano de guerra – ferido física e psicologicamente – e sua vida está uma bagunça. O caso lhe fornece uma salvação financeira, porém com um custo pessoal: quanto mais ele se aprofunda no complexo mundo da jovem modelo, mais sombrias as coisas vão se tornando – e mais perto ele fica do terrível perigo…
Um elegante e dominante mistério mergulhado na atmosfera de Londres – desde as silenciosas ruas de Mayfair aos bares clandestinos de East End até a agitação de Soho – “O Chamado do Cuco” é um livro extraordinário. Apresentando Cormoran Strike, este é o aclamado primeiro romance criminal de J.K. Rowling, escrevendo sob o pseudônimo de Robert Galbraith.
Claro que depois de descobrir que esse livro era da Queen, Goddess Rowling (aliás, isso me lembra de um comentário que eu recebi uma vez reclamando de eu chamar a Rowling de Goddess. Apaguei o comentário porque achei muito insolente, e depois o blog é meu, eu chamo a mulher do que quiser, ninguém tem nada a ver com isso), claro que eu tinha que ler, né? E o resultado é que gostei muito do livro.
Cormoran Strike é um veterano de guerra amputado (ele não tem metade da perna direita), que acabou de levar um tremendo pé na bunda da noiva e está à beira da falência. É quando aparece em sua vida, vindo diretamente do passado, John Bristow, contratando seus serviços para investigar a morte da irmã, a top model Lula Landry, conhecida como Cuco. As investigações policiais indicam suicídio, e estão encerradas, mas John não está convencido disso. Assim, apela para o amigo de infância de seu irmão, Charlie. E como Strike precisa desesperadamente do dinheiro, ele topa a investigação, mesmo desacreditado pelas autoridades e outras pessoas próximas de Lula.
Strike é carrancudo, está amargurado e no momento não vê muitas perspectivas na vida, mas a investigação do caso Lula Landry traz um novo propósito ao detetive. E mesmo não acreditando muito na hipótese de assassinato, já que a modelo tinha transtornos psicológicos graves, muito provavelmente era bipolar, Strike leva a investigação com determinação e seriedade. Esse caso acaba sendo a salvação de Strike, em vários sentidos.
E aos poucos, somos atraídos junto com Strike ao mundo surreal de luxo e frivolidades das top models, a relação com a mídia e os extremos de bares suspeitos e bairros luxuosos de Londres. Nada é exatamente como parece e gradualmente Strike reconstitui os últimos momentos da vida de Lula, numa trama cheia de paranoia e conspirações.
E nesse meio conhecemos personagens interessantes, como Guy Somé, estilista e amigo de Lula, que tem língua afiada e uma obsessão por Lula, o irmão John, nervoso e super devotado à mãe doente, Ciara Porter, top model e melhor amiga de Lula, e o namorado desta última, Evan Duffield, músico e ator, viciado em drogas e de temperamento forte. Não dá para eu elaborar muito entre eles, porque eles aparecem relativamente pouco, e também porque todos eles, claro, são suspeitos de assassinar Lula.
Uma personagem que vale destacar é a secretária de Strike, Robin. Contratada inicialmente como temporária, ela se prova eficiente além da conta, e tem uma mente curiosa e determinada que acabam se tornando essenciais na investigação. Ela também é o ponto de equilíbrio no meio de tantos personagens perturbados. Ela traz um pouco de leveza à narrativa.
A narrativa é envolvente, e a cada página, uma camada do mistério se revela. É preciso ficar atento aos detalhes, que se encaixam no final. Confesso que o assassino é um tanto previsível, mas eu só saquei no final mesmo, algumas páginas antes da confirmação. E até lá, desconfiamos de todos. E como no caso de The Casual Vacancy (Morte Súbita), Rowling revela aos poucos, camada por camada, os segredos da sociedade superficial e consumista, movida por fofocas e dinheiro. Há uma forte crítica aí também. A escrita é fluida, e logo estamos completamente envolvidos com o caso e ávidos por saber exatamente o que aconteceu na noite em que Lula Landry caiu da sacada de seu apartamento. Um suspense elegantemente escrito, com um detetive nada convencional. Recomendado.
Trilha sonora
Certo, todo mundo sabe que não sou nada fã de Lady Gaga, mas Paparazzi cai como uma luva para este livro.
Se você gostou de O Chamado do Cuco, pode gostar também de:
Morte Súbita – J. K. Rowling;
As aventuras de Sherlock Holmes – Arthur Conan Doyle;
qualquer um da Agatha Christie;
Juízo Final – Sydney Sheldon;
Nada dura para sempre – Sydney Sheldon (poderia até recomendar mais dele, mas esses dois são meus favoritos)
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