Psychobooks 03/09/2014
Resenha Dupla
Alba: Todo mundo que acompanha o site há algum tempo sabe que estamos superenvolvidas com o processo criativo da Bianca. Desde a criação da premissa até o desenvolvimento da história e seu ponto final.
Mari: Eu tenho uma ligação muito forte com "As Batidas Perdidas do Coração", o livro está repleto dos elementos que mais me agradam dentro do gênero e a escrita da Bianca é sensacional. Já aviso de antemão que não sou boa em passar meus sentimentos mais fortes em palavras, por isso foi difícil escrever essa resenha, nada do que eu disser aqui chega aos pés de demonstrar o quanto amo a história do Rafa e Vivi.
Alba: O livro do Rafa e da Vivi já é nosso quarto livro da Bianca, autora que brinca com gêneros de forma natural e sem perder sua voz narrativa. Já lemos fantasia, chick-lit e o "Batidas", que é New Adult. Acompanhar um processo criativo tão rico e ver finalmente a história ganhar as prateleiras é um orgulho pra gente. Então, bora lá saber qualé a do Rafa e da Vivi:
Conhecendo Viviane e Rafael
Alba: Rafa e Vivi são, à primeira vista, um casal clichê, onde o garoto pobre se apaixona pela menina rica e a família dela não fica muito feliz com a relação. Mas o clichê para aí, porque Rafa e Vivi são tudo, menos clichês.
Alba: Rafa está no hospital porque acabou de perder 4 membros de sua família. Um acidente de carro por causa de um bêbado ao volante levou seus tios, seu primo e sua irmã Priscila, de apenas 15 anos. Vivi também está no hospital. Seu pai perdeu a luta contra o câncer depois de meses de sofrimento.
Mari: Não se pode dizer que os dois tiveram uma vida ruim, eles tiveram seus dias felizes e tristes, juntos irão descobrir que a vida é dura para todos, independente da classe social. Você escolhe qual caminho seguir e tem de lidar com as consequências dos seus atos, sejam eles bons ou ruins.
Alba: A partir dessa apresentação conhecemos as dores e os anseios desses dois jovens que são tão diferentes e tão iguais.
Narrativa e fluência da escrita
Alba: A narrativa é em primeira pessoa sob a visão de Rafa e Vivi. Essa escolha de narrativa é bem pontual do gênero e Bianca acertou em cheio ao dar o tom de cada capítulo com a apresentação de uma música.
Mari: O ritmo de leitura é superacelerado, é preciso tomar cuidado para não passar a madrugada inteira acordado com o livro na mão e só perceber que o novo dia chegou quando terminar de ler a última página. Repito, cuidado: leitura altamente viciante.
Mari: Eu sou uma pessoa muito musical, cada momento da minha vida é marcado por uma banda ou canção, quando vi que a Bianca estava colocando trechos de músicas para abrir cada capítulo fiquei superanimada e torcia para que o gosto musical do Rafa fosse impecável. A escolha de cada música para abrir o capítulo foi cuidadosa e a Bianca conseguiu fazer com que me apaixonasse cada vez mais por sua história e personagens. No caso da Vivi, sua preferência musical é bem diferente da minha, mas sempre há esperança no fim do túnel. Cada trecho de música cria o clima perfeito para o capítulo que vai começar e derrete meu coração antes mesmo de começar a história.
Alba: Ao mesmo tempo em que essa narrativa é comum, ela também é bem complicada por conta da voz de cada personagem. É importante que o autor não se perca e que o leitor perceba qual visão está acompanhando sem a necessidade de voltar ao início do capítulo para se lembrar. É incrível a habilidade que Briones - coisa mais FOFA - tem ao trocar essas visões e dar ao capítulo o tom certo de cada um dos personagens. Rafa é marrento, sabe o que quer e ao mesmo tempo está perdido. Bianca mistura esses sentimentos ambíguos de forma a transformar Rafa num personagem inesquecível, cheio de defeitos e ainda assim adorável, porra.
Mari: A diferenciação da voz individual de cada personagem é muito importante em uma narrativa, nesse caso a cada começo de capítulo é indicado quem vai narrar aquele trecho, mas isso não seria necessário, já que cada personagem tem uma forma de falar, pensar e agir bem distinta.
Alba: Viviane parece uma boneca frágil. Seu mundo perfeito acabou de desmoronar e ela num primeiro embate parece até um pouco fútil, preocupada com a aparência. Mais uma vez entra a habilidade da Bianca na construção de seus protagonistas e a apresentação de choque que ela faz entre o que é de verdade e o que a pessoa quer que os outros enxerguem.
Mari: No começo do livro Vivi é uma patricinha irritante, ela me tirava do sério, mas a Bianca foi amadurecendo sua personagem, que deixou de ser uma garotinha mimada e se transformou em uma mulher forte e madura. Esse desenvolvimento foi feito paulatinamente, sem pressa, de forma crível, com seus progressos e regressões como acontece no mundo real.
Plano de fundo da história e sidekicks
Alba: Eu tenho um problema sério com a histórias da Bianca: não há personagens coadjuvantes, são todos protagonistas. Por isso resolvi usar o termo "sidekick", que é um personagem que tá lá, sempre pronto pra roubar a cena do protagonista. E em "As Batidas Perdidas do Coração" existem tantos personagens com essa caracterítica!
Rodrigo e Lucas são os responsáveis pelo primeiro encontro entre Vivi e Rafa. Rodrigo é o irmão mais novo de Vivi e Lucas é o primo de Rafa. Os dois têm a mesma idade e se apoiam na dor. As cenas mais engraçadas vêm deles.
Alba: Branca e Lex imploram por um livro à parte. Bernardo e Clara, também. São tantos personagens vivos e exploráveis que tornam todo o universo ainda mais rico e palpável.
Mari: Os personagens secundários não são meros acessórios, cada um tem seu papel importante dentro da trama e quando eles aparecem, é como a Alba citou acima, são capazes de roubar a cena dos protagonistas. Eu simplesmente amo a forma como a Bianca constrói seus personagens, a história do Rafa e da Vivi é apenas uma dentro do mundo fantástico que é a cabeça da Briones. Torço MUITO para que cada personagem secundário tenha sua vez de ser protagonista.
Alba: Todo livro no gênero New Adult tem um pé no drama e Bianca construiu o plano de fundo de Vivi e Rafa de forma maravilhosa e... Partindo o nosso coração. A história vai se avolumando, as coisas vão acontecendo e quando você acha que tudo vai se resolver e a autora cansou de dar um nó na sua cabeça - BUM - plot-twist à vista! (grita o marinheiro responsável pelo mirante!). Bianca nos dá uma rasteira e a história ganha novo rumo. É o tipo de história que você começa lendo achando exatamente pra onde está sendo levado, mas se vê boquiaberto com a criatividade de escrita.
Mari: Em linhas gerais o romance é um pouco previsível, mas a forma como ele acontece e as pedras que estão no caminho arrebatam o leitor, parte seu coração em pedacinhos para ir reconstruindo vagarosamente. Quando você pensa que já entendeu o Rafa ou a Vivi, a autora vem e te deixa de queixo caído com alguma atitude deles.
Hot, hot, hot
Alba: E como todo New Adult que se preze, "As Batidas Perdidas do Coração" têm algumas cenas pra lá de calientes, a ponto de deixar a Branca, uma das amigas da Vivi, sem palavras pra descrever tamanha gostosura do Rafa.
Bianca dosa com cuidado essas cenas, de modo que fiquem sexies sem serem vulgar. Quem curte uma pegada mais erótica nos livros, vai amar e suspirar por Rafa.
Vale a pena, meninas?
Alba: Muito, muito, muito! Eu e Mari temos um blurb na orelha do livro, acho que não tem uma forma mais contundente de indicar uma obra. É uma história sexy, tocante, cheia de reviravoltas e que vai te fazer suspirar a cada virada de páginas. Zerou o gênero New Adult.
Mari: 'As Batidas Perdidas do Coração' é uma leitura intensa e visceral. A Bianca não teve medo de explorar o lado mais sombrio dos seus personagens e construiu um romance sexy e terno. É uma leitura que deixa o coração apertado, mas também arranca sorrisos e suspiros do leitor.
"E agora, enquanto ela ressona baixinho, sou o cara mais feliz do mundo. Sexualmente frustrado e com uma puta dor no saco, mas feliz."
Página 184
"- Se você está com medo, é porque já está mudando. Mudar assusta. Você sabe que não é mais a garota que corria sempre para junto do seu pai. Você sabe que não pode ser essa garota, mesmo que queira. Então se tornar outra pessoa às vezes é melhor que querer algo que nunca mais vai acontecer."
Página 68
"- Meu pai dizia que, quando descobrimos que estamos apaixonados, o coração fica tão assustado que pula um batimento, como se estivesse se preparando para todas as variações de velocidade que vai ter que enfrentar a partir daí. É o que ele chamava de "batidas perdidas do coração". Segundo ele, o coração nunca recupera o ritmo correto até se encontrar no peito de outra pessoa."
Página 118 e 119
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