Arthur.Diniz 15/04/2018
Mercado, O Gerador de Riquezas
Adam Smith aborda nestes textos importantes observações acerca do mercado e de como agem seus mecanismos. Fala sobre indivíduos que buscam nada além de somente seu próprio bem, arriscam-se e desenvolvem habilidades para uma determinada área de trabalho e acabam por culminar no bem-estar da nação. É mostrada a importância da divisão do trabalho para gerar produtos melhores e de maior qualidade. “O alfaiate não tenta fazer seus próprios sapatos, mas os compra do sapateiro. O sapateiro não tenta fazer suas próprias roupas, mas usa um alfaiate. O agricultor não tenta fazer nem um nem outro, mas emprega esses dois artífices. ”, nas próprias palavras de Smith, o que explana bem a ideia. O comércio está em fazer algo que as pessoas precisem e reconheçam a importância, que deem valor, para que assim, quem sabe, oferecerem-lhe algo em troca e que isso que lhe for proposto seja algo que você necessite e valorize.
Smith observa como o Estado dá aval aos monopólios do mercado interno, para proteger os produtos nacionais da concorrência. Fazendo isto através do aumento de impostos sob produtos estrangeiros e às vezes até mesmo com a sua proibição. Sendo que este último fator (o da proibição) acarreta em contrabando. É evidente que tal conduta não favorece a população de modo geral, trazendo vantagens somente aos envolvidos no monopólio interno.
A lógica de favorecer indústrias nacionais que produzem um produto que é mais caro do que o que é vendido no estrangeiro não faz sentido algum. Se é possível obter o mesmo produto no exterior, e quem sabe de melhor qualidade, por um preço menor, por que compraríamos o produto nacional? Smith é implacável em sua análise: “Se um país estrangeiro pode nos suprir com uma mercadoria mais barata do que somos capazes de produzi-la, é melhor comprá-la deles usando alguma parte de nossa indústria, empregada de modo no qual tenhamos certa vantagem.”
Infelizmente, todo Estado é mestre em intervir em questões de desenvolvimento na nação e isso certamente atrapalha o desenvolvimento natural das coisas. Tomemos o desenvolvimento de indústrias no país como exemplo, lei nenhuma irá fazer a o industriosidade de uma nação aumentar, só irá mudar o direcionamento de um fluxo natural para outro, artificial, criado pelo governo, porque julga importante prover determinada área de recursos. Isso faz com que o governo passe a mandar nos negócios. “A industriosidade da sociedade pode aumentar somente em proporção ao que poder ser gradualmente economizado de sua renda”, diz Smith. E também afirma que o efeito de tal regulamentação é exatamente a diminuição da renda, pois o fluxo de capital é empregado em algo menos vantajoso. Não sendo provável que algo que vem a diminuir a renda da população aumente-a mais e mais depressa do que teria sido elevada por si só se tivesse seguido seu rumo natural. “A industriosidade geral da sociedade nunca pode exceder o que o capital da sociedade pode empregar.”, aponta Smith.
Smith, implacável, nos mostra como boas intenções dificilmente geram o bem-estar, mas o mercado, sim, este gera. Diz: “A renda anual de cada sociedade é sempre precisamente igual ao valor de troca de toda a produção anual de sua indústria, ou seja, é exatamente a mesma coisa que esse valor de troca. Cada indivíduo, portanto, se empenha o mais que pode em empregar seu capital no suporte à indústria nacional, e também em direcionar essa indústria para um produto que seja do maior valor possível; cada indivíduo trabalha necessariamente para fazer a renda anual da sociedade tão grande quanto ele possa conseguir. Em geral, ele de fato não tem a intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o está promovendo. Ao preferir dar suporte à indústria doméstica e não à estrangeira, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e ao direcionar essa indústria de tal maneira que seu produto possa ser do maior valor possível, ele tenciona apenas seu próprio ganho, e nisso é, como em muitos outros casos, conduzido por uma mão invisível para produzir um desfecho que não faz parte de sua intenção. Nem sempre é pior para a sociedade que ela não tenha participado dessa intenção. Ao perseguir seu próprio interesse, esse indivíduo frequentemente promove o interesse da sociedade de forma mais efetiva do que se realmente tivesse a intenção de promovê-lo. Eu nunca soube de muitos benefícios trazidos por aqueles que pretendem comerciar tendo em vista o bem público.“
Para Smith, a máxima é: não fazer em casa o que lhe custaria mais caro fazer do que comprar. O mercado é implacável e necessário para o bem-estar da nação. O comércio exterior, se possível, é sempre um grande benfeitor da saúde da população em geral. Não haverá escassez de determinada mercadoria se sempre que se precisar de tal, houver dinheiro para pagá-la.
Somos alertados das más lições que nos são ensinadas a respeito do mercado, como por exemplo, a velha noção de que se um ganha o outro deve perder. Sendo esta uma suposição de gente de caráter invejoso e leviano. O mercado não funciona assim. Smith nos mostra de como um negociante faz uma troca com outro e ambos saem ganhando porque, por fim, estarão com suas mercadorias desejadas. Ainda nos adverte de como: “O comércio, que naturalmente deveria ser um fator de união e amizade entre as nações com as quais ela comercia, assim como entre os indivíduos, tornou-se a mais fértil fonte de divergência e animosidade. A caprichosa ambição de reis e de ministros não tem sido, no século atual e passado, mais fatal para a tranquilidade da Europa do que o ciúme impertinente de comerciantes e manufatores. A violência e a injustiça dos governantes da humanidade são um mal antigo, para o qual, temo, a natureza dos interesses humanos dificilmente admitirá um remédio.”
O autor mostra como a competição entre diferentes empresas no mercado, simplesmente para atender a demanda do consumidor, acaba por gerar uma melhoria dos produtos. Pois é necessário que seja aumentada a qualidade do produto e que seu preço seja reduzido em função da competição, do contrário a empresa vai à falência. Esta concorrência pelo dinheiro do consumidor, é bastante saudável. Vemos que de tal modo, o consumidor é o patrão, é ele quem dita as regras do jogo, investindo seu dinheiro em determinado negócio ou não. Ou seja, defender intervenções do governo na economia é defender uma avariação das condições naturais do mercado e possivelmente o monopólio de determinadas empresas, logo os altos preços dos produtos e, por conseguinte, que toda a população e, principalmente, a mais carente, pague altos preços. Fazer suporte a intervenções a algo que deveria ser um livre mercado é querer que os pobres continuem pobres e assim subsistam: sem poder aquisitivo que sane suas necessidades. Reitero novamente a afirmação e com veemência, de que: com o intervencionismo, todos sofrem, mas principalmente os mais pobres.
Não há situação ruim que um governo não possa piorar. Resolve-se a pobreza através do mercado, pois este é o único gerador de riquezas.