Polyana Pinheiro
02/11/2013Tipo Destino - E se sua alma gêmea fosse o namorado de sua melhor amiga? Se você tivesse uma amiga que salvou sua vida e significa tudo pra você, abandonaria tudo que te deixa feliz em troca da felicidade dela? É nesse dilema que Lani se vê presa. Quem vê a capa ou lê a sinopse tem uma ideia totalmente errada da história. Digo isso, pois eu também tive. Antes de ler, via Lani como a vilã malvada que trai a amiga pelas costas com o namorado dela. Mas não é bem assim.
Lani acredita muito em horóscopo e está sempre conferindo o seu. Tem medo do Desconhecido, e acha que essa é uma maneira de sempre estar preparada com o que vai vir adiante. Acredita também em destino, que já estamos predestinados a um desde que nascemos. Lani é presidente de um clube escolar, onde se preocupa com o meio ambiente e tenta conscientizar os alunos da importância de conservá-lo. Ela se vê presa num enorme dilema, quando sua melhora amiga, Erin, começa a namorar Jason. Quando ela conhece melhor o namorado da amiga, percebe que tem uma forte ligação com ele, como se já se conhecessem há muito tempo, ou pior: fossem feitos um para outro.
O fato de Lani estar sempre pensando no Desconhecido, no Destino agindo, me irritou um pouco. Mas o que eu podia esperar? O título já denunciava que era isso que aconteceria.
Lani tenta fugir, se esconder e evitar o contato com Jason, e se sente querendo mudar um destino já traçado para ela. Então, só resta Blake, a quem ela pode desabafar e contar sempre. Blake é um personagem interessante. Muito amigo de Lani, a quem confia seus segredos mais secretos. E, principalmente aquele mais profundo: o fato de ser gay. Mas ninguém sequer imagina isso, e se o pai de Blake descobrisse acabaria com sua vida. Tudo está nas mãos de Lani.
"É interessante como se pode conhecer uma pessoa por um longo tempo e, então, um dia simplesmente a vemos de um jeito totalmente diferente." – pag. 20
"Que nome se dá quando duas pessoas compartilham uma história intensa? Quando nada pode separá-las? Irmãs de alma. É isso que somos desde o acidente." – pag. 23
"Não se pode conhecer realmente uma pessoa, a menos que você seja amiga dela. E, ás vezes, nem mesmo assim." – pag. 31
Erin a salvou de um acidente, e desde então a relação entre elas passa além da amizade. Lani a vê como uma espécie de "Irmã de Alma". Pensa na amiga o tempo todo, mesmo nas horas que ela não merece. Se vê sendo humilhada e continua abrindo mão de sua felicidade para ver a amiga feliz. Mas acredito que isso poderia ter sido mais bem formulado. O que faz Lani acreditar que Erin salvou sua vida pra mim não passa de uma bobagem, por isso foi tão chato ficar vendo Lani sofrer pensando na amiga que a meu ver não merecia. Achei Lani irritante. Eu acho que ela deveria parar de pensar só na Erin e perceber que o mundo não gira em volta da amiga, que por acaso é egocêntrica. Essa atitude fez Lani ferir as pessoas que mais amava, e ela nem se deu conta disso.
O livro se passa naquele cenário adolescente americano perfeito, e ao decorrer da leitura, eu imaginava que esse livro com certeza daria um ótimo filme americano. Característica da autora, que sabe escrever para o público adolescente, retratar o que se passa na cabeça jovens e os dilemas enfrentados por eles (como aceitação, desilusões amorosas, etc) nessa fase da vida. Mas o que me agrada nos livros da Susane é sua escrita fluída, onde a história passa num ritmo muito bom, onde os capítulos – Alguns curtos, outros mais longos – passam sem pesar a leitura, e os cenários são muito bem descritos. E, gostando ou não da história dos livros dela, eles sempre me prendem.
A capa me agradou bastante, e a lombada tem o padrão que a Editora Novo Conceito formulou para os livros da Susane Colasanti. São 43 capítulos divididos em três partes, de acordo com os meses do ano que se passam a história (Abril/Maio; Junho/Julho/Agosto e Setembro/Outubro). Diagramação simples e letra em tamanho agradável.
"Há um sorveteria antiga, perto de Green Pond, chamada The Foutain. Como estou passeando com Jason e, aparentemente, não estou mais tentando evitá-lo, posso finalmente frequentar a sorveteria sem me preocupar em esbarrar com ele. O que é um alívio tão grande que nem tenho palavras para descrever. O lugar tem o melhor sorvete do mundo. Eles também têm um sofá púrpura, macio, que eu adoro. A sensação quando sentamos nele é de estarmos afundando em uma nuvem. Espero que o sofá esteja livre, porque já passei horas sentada nele, desejando quem um dia, o garoto que eu amasse estivesse ao meu lado." - pag. 148
"Se isso não é destino, não sei o que poderia ser." – pag. 150
"A maior parte das garotas quer tanto um namorado que só consegue pensar nisso. Elas acham que, assim que arrumarem um namorado, a vida delas vai ficar perfeita no mesmo instante. Parece que não lhes ocorre que a razão para se sentirem solitárias, ou tristes, ou entediadas, pode ter a ver com elas e não com a falta de outra pessoa." – pag. 155
"Os problemas imensos com que lidamos todos os dias na realidade são bem pequenos. Estamos tão concentrados no que nos incomoda, que nem sequer tentamos ver a nossa vida de uma perspectiva mais clara." – pag. 189
Um livro ótimo para ler e se distrair. Só achei que o final foi muito inesperado, um pouco mais de páginas não faria mal.
site:
http://www.desenrolagabriola.com/2013/11/resenha-13-tipo-destino-susane-colasanti.html