Wanessa_Gabriela 27/10/2023Meu primeiro CarrascozaEsse livro me ajudou a confirmar algo que eu já sabia: as memórias antigas devem permanecer no lugar delas, impossível revivê-las. Não entendam mal, isso não é algo ruim, de forma alguma, é para que aproveitemos sempre os momentos dessa mudança eterna que é a vida!
Aos 33, e não aos 40, eu tenho essa certeza de que tudo o que vivi na infância, adolescência e comecinho da vida adulta foram experiências diferentes e que jamais poderão ser sentidas da mesma maneira. Quando eu tinha 4 anos minha mãe estava terminando a faculdade, e eu lembro de brincar por lá, do restaurante e que cheiro ele tinha. Aos 18 ingressei na mesma faculdade e o lugar era outro, com refeitórios diferentes e outros cheiros. Lembro que senti uma tristeza por não ser mais daquela maneira, mas criei novas e boas lembranças desse novo-velho lugar. Porém, não quero macular minha memória extremamente afetiva voltando ao colégio que estudei dos 7 aos 14, pois sei que ele também passou por mudanças estruturais, mas diferente da faculdade, não terei a chance de criar novas boas experiências e me restará apenas o desalento.
Essa narrativa do Carrascoza mexe profundamente com o leitor, pois mostra como a visão da lembrança muda, e como as coisas da vida são inconstantes, sobretudo a vida. Os relacionamentos fraternos, os familiares, os românticos, os de afinidade, todos mudam com o passar do tempo e o que se precisa fazer é preservar essa coisa extraordinária que temos que é a lembrança de como foi. Já que podemos, por que não?!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz, já dizia Gonzaguinha.