Filhos do jacarandá

Filhos do jacarandá Sahar Delijani




Resenhas - Filhos do Jacarandá


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Fernanda 26/08/2013

Resenha: Filhos do Jacarandá
“Filhos do Jacarandá” apresenta uma narração rica em detalhes fortes, chocantes e comoventes, levando em consideração todos os sentimentos dos personagens que se encontram nas páginas desta obra. É preciso destacar que o livro se divide em partes, apresentando vários personagens sob perspectivas dramáticas e peculiares, remetendo à relatos de casos reais.

No inicio, somos redirecionados à uma prisão de Evin em Teerã, no ano de 1983. Azari, prisioneira política, se vê em pânico diante de tudo que estava acontecendo e preocupada, assolada pelas lembranças ruins da revolução de Irã. Por meio de cenas tensas, acompanhamos o desenvolvimento desta personagem em especial, com referencia ao nascimento de sua filha, bem como as etapas do parto e os aspectos da dor e da perda. Tudo parecia ter perdido o sentido para Azari, a não ser a criança, que lhe tomava todo o pensamento. Esses aspectos emocionam o leitor de tal forma a fazer com que atinja o alvo mais sensível de cada um, porque realmente não tem como não se emocionar.

“Mas havia os gritos que sacudiam os muros da prisão, rasgavam os corredores, acordavam as prisioneiras à noite, interrompiam a conversa quando os prisioneiros compartilhavam o almoço, obrigando-os a um silêncio de dentes trincados e braços tensos que se estendia por toda a tarde. Ninguém perguntava de onde vinham os gritos. Ninguém ousava perguntar. Eram uivos de dor, disso sabiam.” Pg.06

O ano é 1987, e também em Teerã – na República Islâmica do Irã – conhecemos Leila Khanoom, que se mostrou batalhadora, apesar de ter abandonado alguns de seus sonhos para cuidar da família que ainda lhe restava. Na outra história, narrada de 1983 à 1988, Amir – na prisão – conhece sua filha Sheida, e nós, leitores, vivenciamos seus momentos de solidão, irritação e desespero. Em alguns momentos, pelo fato de ser uma leitura intensa, foi preciso fazer uma pausa para analisar cada fato e entender todas as ações e suas reações. Muitas cenas tinham seu desfecho triste e inexpressivo.

“Ninguém sabia se, ao voltar à cidade no dia seguinte, encontraria sua casa ainda em pé. Ou em ruínas, estilhaçada, arrasada,irreconhecível.” Pg. 82

Justamente por ser baseado em fatos reais, inspira um clima determinante e acusador, sem falar do ótimo desenvolvimento do trabalho da autora, que soube elaborar um projeto descritivo e nem um pouco cansativo. É preciso citar também o quanto a capa deste livro é linda com a árvore de Jacarandá estampada, alem de que revela pontos muito importantes na trama.

"- É um sentimento estranho, quando dizem que alguém é a sua mãe e tudo o que você sente é medo, porque vê uma mãe estranha. Só depois descobre que ela é tudo o que você tem". Pg. 129

A maneira como todos os casos se interligam de uma maneira única e especial, chama a atenção exatamente por cada emoção sentida pelas pessoas e de como cada um age em relação ao tema. O livro é sensível e ao mesmo tempo concreto e idealizado por lutas e exemplos de guerreiros.

site: http://segredosemlivros.blogspot.com.br/2013/08/resenha-filhos-do-jacaranda-sahar.html
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Diana279 16/11/2020

A história é fraquinha, mas pra ter uma leitura leve e rápido, é boa.
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Jessica 26/04/2020

A história que não conhecemos
Filhos o jacarandá é estruturado em forma de contos onde as personagens meio que ser encontram ao decorrer da história.
Falando bem direto não é um livro fácil de ser lido , pois as histórias retratadas aqui são reais é não são felizes , não tem finais felizes .
Vamos a luta por direitos , em uma estado onde distribuir panfletos pode levar ao interrogatórios de mulher em trabalho de parto , é assim que o livro começa .
É um livro que te faz ficar pensando nele por dias .
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Yasmin 09/10/2013

Uma história feita por personagens e as marcas de uma herança de conflitos

Quando cadastrei o livro no Skoob nas semanas próximas ao lançamento não esperava lê-lo em tão breve. Porém a editora ofereceu um exemplar para eu resenhar e fiquei muito feliz. Afinal não só é bom sair da zona de conforto como ler uma história mais realista. Além disso estava querendo ler algo com esse cenário desde que li A Cidade do Sol. Com uma prosa bela e entrecortada Sahar Delijani nos apresenta um apanhado de um período histórico tenso pontuado por grandes personagens.

A história começa no passado durante a primeira revolução iraniana nos anos 80, nos apresentando Azari, Parisa, Amir e Maryam cujas vidas foram sacudidas pela ascensão do novo governo. Jogados na cadeia sem saber ao certo qual o crime haviam cometido eles veem seus filhos arrancados de si. Azari que dá a luz na cadeia tem de entregar a filha para a mãe cuidar, Parisa não sabe o que foi feito de seu filho. Quando prenderam ela e o marido ele estava comendo na mesa de casa. Todas essas crianças vão parar na casa de Leila, tia de muitas delas ou apenas conhecida das mães. Leila viu as irmãs casar, formarem família, e também viu suas vidas partindo e seus filhos sozinhos. Com o passar dos anos Leila abriu mão da própria vida para cuidar de Omid, Forugh, Sara, Dante e tantas outras. A casa de Maman Zinat onde tantas mulheres procuravam abrigo. Mulheres fugindo dos maridos, garotas fugindo de casa, mães desesperadas sem onde deixar os filhos. Sob o pé de jacarandá e suas flores roxas todos encontraram um refúgio onde não podiam ser alcançados. E Leila viveu sua vida para eles, até o dia em que subitamente as mães ausentes estavam de volta e suas crianças foram levadas. Com a morte de Maman Zinat todos retornam e com eles todas as memórias. Um tempo de dor, mas também de muito amor, redenção e esperança.

A premissa do livro é a vida partida de tantas pessoas por causa de uma revolução que começou como esperança de mudança para melhor e terminou em um pesadelo onde ninguém estava a salvo. Famílias separadas e vidas mudadas para sempre, mas no meio disso tudo um refúgio estável, um pedaço onde os frutos dessas famílias partidas encontraram um lar. Crianças que carregam em suas vidas as marcas da instabilidade de um país, que viram suas vidas mudarem diversas vezes. É a partir dessas vidas que Sahar Delijani constrói o mosaico que forma a história de Filhos do Jacarandá.

A narrativa entrecorta diversos períodos e diversos personagens, construindo pouco a pouco uma história que tem como base mais do que as radicais mudanças na política do Irã. Apesar de ter diversas vozes narrativas a história ressoa em um mesmo tom, os personagens têm forças semelhantes e a forma que descrevem suas vidas é uma das coisas que mais marcam no livro. Com descrições vívidas a autora revela ao leitor um cenário que surpreende pelo calor humano, e os sentimentos que eles passam. Para quem imagina apenas o Irã das notícias de jornais é surpreendente o ambiente que acompanha os personagens. O desenrolar da história fecha o ciclo dessas vidas partidas com uma nova revolução e uma nova promessa.

A leitura flui rápida e a escrita de Sahar Delijani é pontuada por um tom inconfundível de realidade. A história que a autora conta não é apenas sua ou de seus personagens, pode ser confundida por tantas outras e o que fica é um retrato único dos efeitos da opressão nas vidas de uma geração inteira, e o sentimento constante de busca por algo. A edição da (...)

Termine o último parágrafo em:

site: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/10/resenha-filhos-do-jacaranda.html

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Marcio.Barbosa 17/04/2021

Filhos de Jacarandá
Livro lindíssimo com uma leitura leve, porém profunda dos anseios de uma terra que jorra sangue de suas veias. Nos insere na vida cotidiana de lutas do Irã, por uma vida melhor, por dignidade e um futuro em que mães e pais possam criar seus filhos sem temer por si e por eles o dia seguinte.
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Tah Gomes 26/05/2020

Poderia ter sido melhor
Talvez por estar esperando algo mais ao estilo de "O caçador de pipas", acabei me decepcionando com o livro. Foi uma leitura arrastada, com descrições desnecessárias, uma narrativa que não me prendeu. O livro na verdade é mais um relato de denúncia e lembranças dolorosas de um regime opressor e autoritário no Irã e é dividido em três histórias paralelas de crianças que tiveram que crescer longe dos pais, que estavam presos por pensarem diferente daqueles que detinham o poder. Uma temática extremamente urgente e necessária nos tempos atuais, mas que poderia ter sido mais interessante do ponto de vista narrativo.
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Vitor Emmanuell 15/08/2013

A vida como ela realmente é: uma luta pela sobrevivência
Confesso que ainda estou procurando as palavras para escrever esta resenha. Elas ficaram perdidas em um tempo em que o sofrimento dominava tudo a seu redor. Com uma narrativa envolvente, Sahar Delijani nos mostra uma história cercada de experiências reais, dos pais e familiares da autora. O que, na minha opinião, já é um desafio e tanto. É preciso muito talento e pesquisa para construir um livro como esse, onde as palavras flutuam para um universo paralelo, onde o leitor, passa a viver e fazer parte da história.

Em Filhos do Jacarandá, somos apresentados a um livro inspirado em histórias reais que mostram um conteúdo histórico rico em sensações que causam arrepios durante a leitura. Não só arrepios, mas emociona ler um livro deste porte, onde a cada parágrafo, somos apresentados a um canto de liberdade. Somos apresentados à Revolução Iraniana, e como famílias foram afetadas.

Como o próprio Khaled disse, o livro é uma denúncia à tirania. Afinal, na primeira geração, onde a história acontece, a tirania e a revolução são o ápice da guerra política. Sem contar na experiência compartilhada com muitos que não conheciam a história. Eu mesmo falo por mim, jamais imaginaria que alguém pudesse suportar o que Neda suportou.

A capa do livro é maravilhosa. Mostra a árvore de Jacarandá, mostrada nas três gerações abordadas no livro. Tem um verniz muito lindo nas folhas de Jacarandá, destacadas com um vermelho vivo. Vamos combinar, essa capa é linda!

Agora vou falar um pouco sobre o enredo, não posso revelar muito, afinal a história é envolvente demais. Comecei a ler e quando vi, já tinha terminado a leitura e estava de queixo caído. Acreditem, você sai outra pessoa depois da leitura.

O livro conta a história de três gerações de famílias que tinham algo em comum. Algo que para muitos pode parecer pouco, mas para uma família ser interligada desta forma, vemos que é algo essencial para a sobrevivência: a motivação pela vida. Mas não só pela vida, mas pela justiça.

“Ninguém perguntava de onde vinham os gritos. Ninguém ousava perguntar. Eram uivos de dor, disso sabiam. Porque ninguém queria confundir berros de dor com os de qualquer outro tipo; eram gritos de um corpo sem identidade, abandonado, reduzido a um borrão amorfo, cujo único sinal de vida era a força capaz de abalar o silêncio dos muros da prisão.”

Quem nunca desejou ser livre? Livre para escolher seu próprio destino? Livre para trilhar seu caminho? Esse é um desejo em comum de toda a humanidade. Mas em 1983 não era bem assim. Neda, uma criança que não tinha nada haver com os crimes cometidos por pessoas alheias ao seu conhecimento, nasce dentro de uma prisão. Isso mesmo, dentro de uma prisão. Sua mãe, Azari, cheia de esperança, quer que a filha tenha uma vida normal e, acima de tudo, que sejam felizes.

“O céu estava carregado de névoa e fumaça; era fim de verão, e havia o eco irritadiço das buzinas dos carros. Viu um bando de pássaros pairar no céu, fazer uma grande curva e se empoleirar nos galhos das árvores.”

Ter uma filha dentro de uma prisão, já seria um fato maravilhoso, considerando a infelicidade de se viver num ambiente assim. Neda é o sopro de esperança na vida de Azari, que até aquele ponto estava sem cor, sem vida. A árvore interior de Azari estava sem folhas, morta. Sem vida.

“Ela mal o ouvia. Em vez disso, entregava-se inteira ao calor que gotejava de seu corpo que ansiava pelo bebê, doce e pegajoso como o néctar de uma árvore. Todos nós possuímos uma árvore interior. Lembrou-se das palavras de Ismael. Encontrá-la é só uma questão de tempo.”

Neda é tirada de Azari como quem tira um brinquedo de uma criança. Tamanha crueldade é posta em cima de uma criança que não deveria sofrer as consequências de atos de terceiros. Mas acontece, e Neda vai morar com os avós. Longe de sua mãe, longe do leite materno que deixava a criança tão feliz.

Na segunda geração da família, as coisas são um pouco diferentes, em 1987. Leila encontra seu sobrinho Omid sozinho em casa. Os guardas levaram os pais, que eram ativistas. O impressionante é que eu não sabia que nessa época, política e religião eram coisas tão sérias a ponto de punições físicas, por exemplo.

“Os uivos das sirenes explodiam contra as janelas fechadas, e o eco fazia com que balançassem, sacudissem, para então chegar a imobilizá-las. A luz dourada do crepúsculo se infiltrava pela vidraça e banhava os corpos.”

Seus pais prometeram voltar. Mas as coisas não são bem assim, Leila tem que ser muito forte e conseguir, digamos que, segurar as pontas enquanto sua família não dá as cartas e volta.

Na terceira geração, foi o momento em que eu mais fiquei admirado com o amor de um pai. Pois na primeira geração, é mostrada a história de uma mulher forte, determinada. E agora, vemos, que um pai também é capaz de amar e fazer tudo por seus filhos, mesmo que eles não tenham saído de dentro de si.

“Que bem longe do Irã poderiam viver em paz, a felicidade de Sheida estaria garantida e de alguma maneira tudo seria mais fácil.”

Amir é um homem que está preso. Podem notar que todos os ambientes mostrados no livro, até as situações, rondam a prisão como foco principal. De 1983 a 1988, Amir conhece sua filha Sheida, fruto de um relacionamento com Maryam. O amor por sua filha, mesmo sem vê-la constantemente, faz com que Amir passe a confeccionar uma pulseira com caroços de tâmara, era uma forma de criar uma herança para a filha, mesmo que apenas uma herança sentimental.

O mais interessante no livro, é que as três gerações são interligadas por laços de sangue inseparáveis, que são tão fortes a suportar coisas inimagináveis. Que o ser humano até duvida que exista. O livro trata da repressão política no Irã, onde muitos jovens foram criados por avós, tios, parentes secundários porque os pais estava na cadeia, presos. Eu nem consigo imaginar algo assim no Brasil, onde parecemos tão liberais.
Também é mostrado como essas crianças cresceram e seguiram suas vidas. Em um determinado momento em que vocês, leitores irão observar no livro, é quando essas crianças voltam ao Irã, crescidas, com uma formação diferente, com uma família.

Sem contar os momentos em que você, leitor, irá achar sua vida fácil demais, comparada a vida de toda essa família. Uma das grandes lições é o legado que passado na família. Muita gente hoje em dia, tem uma vida fácil demais, e nem ligam para coisas que podem parecer pequenas, mas que são de eterna felicidade para alguns.

O livro mostra a vida como ela realmente é: uma luta pela sobrevivência.

“Poesia é só poesia quando revela as profundezas de sua alma. É tudo. Não a alma do leitor, mas a sua alma, a alma do poeta. O leitor é secundário.”


Título: Filhos do Jacarandá
Autora: Sahar Delijani
Editora: Globo Livros
Páginas: 232
Tatiana 15/08/2013minha estante
O livro é demais!




Ju.Inácio 21/07/2021

Um Irã pós-revolução
O livro é ambientado em um Irã pós-revolução em que acompanhamos a história de ativistas políticos e prisioneiros e sua descendência.
Neda, Omid, Sheida, Sara e Forugh tem algo em comum: seus pais foram presos por serem esses ativistas políticos e, ao longo de todo o livro, temos uma narração que intercala a vivência dos pais e dos filhos no passado e no presente nesse cenário revolucionário.
A narrativa é bem descritiva e visual, por diversos momentos eu me peguei conseguindo imaginar perfeitamente os cenários apresentados e as situações e esse foi um ponto positivo além de todo o contexto e caráter histórico que o livro aborda.
No entanto, senti que o aprofundamento dos personagens deixou a desejar. Por serem muitos, era difícil apegar-se a qualquer um já que não ficávamos tempo suficiente em uma história para que isso acontecesse.
Eu considero um livro de interessante para quem quer saber especificamente sobre os relatos penosos da época, mas se você está buscando uma ficção arrebatadora, talvez esse não seja o livro ideal.
De uma forma geral, foi uma boa leitura.
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bruno.martingil 18/04/2015

Decepcionante
Esperava muito mais dele.
A história é arrastada, não apresenta ritmo e em vários momentos vc tem a sensação de que não virou a página do livro.
Foi o primeiro livro que desisti de ler.

Contrariando o ditado, julguei o livro pela capa (e me f....).
Keylla 02/01/2016minha estante
Até que enfim alguém com opinião parecida com a minha. Também julguei a capa pelo livro, comprei e me decepcionei. Havia lido resenhas positivas, mas achei a leitura arrastada e foi um dos poucos livros que abandonei.




Vitória Gomes 31/08/2021

Livro sofrido
Todas as histórias contadas são ficção, mas não significa que não aconteceu com alguém. É um livro sensível, tocante e difícil de ler, ao mostrar a dura realidade social e política do Irã, nas vozes de personagens que sofreram essa repressão, pais aprisionados ou mortos e filhos órfãos de pais enterrados vivos nas prisões.
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PorEssasPáginas 17/08/2013

Resenha Filhos do Jacarandá - Por Essas Páginas
Fui recentemente convidada a ler Filhos do Jacarandá, lançamento da Globo Livros. Quando soube que era um livro recomendado por Khaled Hosseini, logo fiquei empolgada. E logo percebi porque ele gostou tanto do livro de Sahar Delijani: sensível, tocante e, ao mesmo tempo, cruel, Filhos do Jacarandá mostra a dura realidade social e política do Irã, nas vozes de personagens que sofreram essa repressão, pais aprisionados ou mortos e filhos órfãos de pais enterrados vivos nas prisões. Em uma narrativa belíssima, a autora ilumina esse período sombrio da história do país e emociona com seus personagens únicos.

Filhos do Jacarandá é dividido em partes, cada uma delas começando com um local e uma data (ou um período de datas). Cada parte é contada pelo ponto de vista de geralmente um, mas algumas vezes mais personagens, no máximo dois ou três, e mostra um pedaço da colcha de retalhos que é esse livro. Nós começamos a história acompanhando o drama de Azari, uma jovem grávida que foi presa e está prestes a dar a luz. Acompanhamos seu sofrimento, o nascimento de Neda e o diminuto período em que a mãe pôde ficar com a filha na prisão: a agonia da espera, a expectativa da perda. Um drama semelhante foi vivido pela autora, que nasceu nessa mesma prisão e passou lá seus primeiros 45 dias de vida até ser arrancada dos braços maternos. Todo o livro, apesar de fictício, é inspirado em experiências da autora, de sua família e conhecidos e, portanto, torna-se ainda mais real e doloroso aos nossos olhos. É perceptível a enorme identificação de Sahar com o sofrimento descrito no livro, fato que nos transporta ainda mais para dentro daquelas histórias e dá a elas tons mais fortes, mais vívidos, mais reais. Todos ali são personagens de ficção, mas ao ler seus dramas sabemos com toda certeza (e com um peso brutal no peito) que aquelas histórias aconteceram com alguém; que em algum lugar uma pessoa sem nome e sem rosto sofreu daquela exata maneira.

Após acompanharmos a história de Azari, passamos para outra história, a de Leila, uma jovem que desiste de seus sonhos para criar os sobrinhos e ajudar a mãe e o pai. Foi uma das histórias que mais me tocou e a única que me arrancou lágrimas, apesar de todas serem emocionantes. Anos depois, Leila retorna, sob o ponto de vista de outros personagens, e então temos o vislumbre de sua vida e sua trajetória anos mais tarde.

Ainda temos, durante o livro, várias outras narrações e histórias. Outra que achei belíssima foi a história de Amir, Maryam e Sheida. Mas ainda temos vários outros personagens brilhantes e únicos, que enchem o livro com seus sentimentos, suas lutas, suas vidas. Temos o contraste e as semelhanças entre pais e filhos desse período histórico do Irã, todos se interligando em uma só história, como em uma enorme colcha de retalhos. Cada narrativa complementa a anterior e o livro fecha de maneira sublime com a narrativa de Neda, como se fechasse um ciclo, o que para mim foi algo brilhante e muito sensível.

A narrativa da autora é quase poética, mas jamais é pretensiosa. Apesar de tratar de temas tão espinhosos como a violência e a brutalidade do regime do país, em várias épocas, o livro é sublime. Várias vezes durante a narrativa o leitor tem a impressão de estar apreciando uma pintura. E ainda, apesar de denso, o livro jamais é cansativo. É uma leitura com flui com naturalidade, mas nos fere a cada página com seu feroz retrato da crueldade e perversidade do governo opressor daquele país. Porém, ao mesmo tempo, enche-nos de esperança e ternura ao acompanharmos histórias de pessoas cheias de cicatrizes, mas também que lutam para viverem suas vidas, seus amores, remendar feridas e corações partidos. Sobreviver em meio ao horror.

Se você é fã de Khaled Hosseini e de leituras tocantes, com certeza irá gostar de Filhos de Jacarandá, um belíssimo romance de estréia da autora Sahar Delijani.

site: http://poressaspaginas.com/resenha-filhos-do-jacaranda
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Marcela Pires 20/10/2013

Resenha
"Três em um, como galhos de uma árvore, do pé de Jacarandá em seu pátio. Não se podia dizer onde terminava a árvore e começavam os galhos. Assim eram as três crianças: a árvore dos seus galhos". p. 58
Se você gosta de livros do sobre Oriente Médio e do estilo de Khaled Hossein, vai amar "Filhos do Jacarandá". Aqui temos quase uma biografia de Sahar Delijani e sua família; na verdade a escritora se inspirou em si mesma e em muitos parentes para construir seu enredo.

O livro tem vários recortes de tempo e vários personagens que se completam, que fecham um ciclo no final. É um mosaico de vidas que se unem e nos dá uma linda prova de superação e fortes laços familiares.

A estória se passa no Irã, depois que o país passou de monarquia a república (Revolução de 1979) e instituiu o comando do aiatolá Khomeini. O ambiente é de guerra e a insegurança ronda as casas e pessoas.

"O carro parou enfim numa estrada poeirenta, preso entre longas filas de carros estacionados. Alguns lampiões a querosene piscavam, levando luz aos rostos exaustos daqueles que, como eles, haviam escapados das bombas e mesmo assim pareciam nada ter a mostrar. Fugitivos buscando abrigo na vastidão dos campos, sob um céu vazio. Fugitivos que abandonaram os mitos de coragem e martírio, de virgens e paraíso, com os quais os que detinham o poder atraíram seus filhos, irmãos e maridos para os campos minados". p. 80

A maioria dos personagens tem ideais de justiça e liberdade, e devido ao ambiente de revolta que o Irã se encontrava, a maioria esta preso.

O livro começa com Azira parindo Neda na prisão, vivenciamos o parto, as angústias dessa mãe e a dor da separação quando a menina foi morar com os avós aos 45 dias.

Também ficamos conhecendo Leda, essa foi a personagem que mais gostei, ela é obrigada a largar o emprego, o amor, e a vida para cuidar dos filhos das irmãs que estão presas, ela junto com Maman Zita, vivem em função das três crianças. O amor altruísta dessas mulheres é comovente.

Outra estória emocionante é de Omar que esta preso enquanto sua esposa Mariah tem a filha do casal, e sua única esperança é poder deixar uma herança a menina, nem que seja uma pulseira de sementes de tâmaras.

Todas essas vidas estão ligadas, e penso que a escritora fez uma analogia entre o pé de Jacarandá e as mulheres Leda e Zita, porque nelas que todos encontraram a força e a proteção, foram as mulheres que cuidaram das vidas de todo mundo, para que quando saíssem da prisão, cada um conseguisse recomeçar sua jornada.

O que mais gosto nesses romances ambientados no oriente médio é a força feminina que é mostrada, apesar de se tratar de uma cultura totalmente machista e que massacra os direitos das mulheres, Delijani, assim como Hosseni, conseguem mostrar como as mulheres são perseverantes e não se enfraquecem perante os obstáculos.

site: www.mulhericesecialtda.com
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Yasmim 03/03/2021

Bom
A leitura é um pouco lenta, mas a história em si é boa. Eu confesso que fiquei um pouco perdida na maioria do tempo mas, ainda assim gostei do livro.
Depois de ler esse livro tudo o que eu mais quero é sentir o cheiro das flores de um jacarandá hahaha.
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Giu 21/02/2020

Comecei a ler « Filhos do Jacarandá » despretensiosamente. Nossa relação começou como quem não quer nada, numa dessas livrarias de R$10 que têm por aí. Julguei o livro pela capa, até demais (tendo a desconfiar de livros com capas tão bonitas quanto essa), mas me interessei pela temática e resolvi dar uma chance para Sahar Delijani.

Mas foi só abrir o livro que ele fez totalmente a minha cabeça. Que habilidade tem a autora de criar uma história tão vívida que te faz sentir uma personagem, sentir como se você também estivesse lá. Acho que nunca me vi tão dentro de uma história quanto nesse livro. As páginas passavam sem eu nem perceber!

A trama é extremamente bem criada, uma narrativa completamente cíclica. E confesso que só fui entender a figura de linguagem do jacarandá quando terminei o livro, mas é genial.

« Filhos do Jacarandá » merece muito mais destaque. É um livro forte, sem ser excessivamente pesado, e eu diria que extremamente necessário para entender a realidade da população no Irã.
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Aline 03/02/2020

Amei
Uma leitura muito emocionante, acho muito interessante livros assim para entrar em contato com outras culturas.
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