Luan 09/09/2016
Um grande filler, Cidade dos Etéreos sem mantém simpático, mas se torna chato
A clara mensagem de lutar contra tudo e contra todos para alcançar os seus objetivos até poderia ter êxito em Cidade dos Etéreos, não fosse o desfecho. Deu aquela sensação de nadar e nadar, mas morrer na praia. A continuação de O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares continua divertido quanto o primeiro, mas mais chato e sem acontecimentos. Acho que um erro no desenvolvimento comprometeu toda uma história que tinha tudo para se tornar ainda mais cativante e marcante.
Falar da sinopse é até um pouco complicado, pois parece que não há uma história central. Depois da destruição da Fenda onde os peculiares viviam com a Srta. Peregrine, e agora com ela presa no corpo de uma ave, a única saída deles é sair dali e buscar por uma salvação para a protetora. No entanto, nem eles sabem direito para onde ir, deixando assim uma sensação ao leitor de que o autor estava um pouco perdido. O objetivo, segundo a sinopse oficial, é chegar até Londres, único lugar em que seria possível salvar Peregrine. Mas na prática, eles só vão onde o vento levar.
Eles passam mais da metade do livro se movimentando sem ter um norte, conhecendo novos personagens, novos lugares, mas sem uma trama forte central, senão aquela de ajudar a protetora. Nada parecido com o primeiro livro, que tinha uma história muito bem construída para contra. A sensação que me deu, conforme eu ia lendo, era de um grande filler – para quem não sabe, termo que se refere a enrolação, algo que não vai agregar à história principal. Realmente senti falta de fatos mais decisivos, uma aventura mais real. Tudo parecia muito fácil e bastante clichê.
A parte boa do livro, além do início, foi o fim. As últimas 50 páginas, talvez, elevaram o nível do livro. Mas foi muito pouco para o que a história tinha a oferecer e, por isso, pareceu corrida, para encerrar logo o livro. Ou seja, até a parte boa saiu ruim neste livro. Sem dúvida alguma, acredito que o autor teria muito mais êxito neste segundo volume da série se enxugasse a primeira parte e esticasse a segunda. Teríamos uma aventura mais interessante para acompanhar e mais revelações para nos surpreender. Em resumo, teríamos história e não enrolação.
Mas é preciso ressaltar que no meio desta enrolação, em que o autor nos leva a visitar vários e vários lugares, que nem os peculiares conheciam, somos apresentados a novos personagens. A maioria deles, muito rapidamente, mas algum chegam para ficar. E agradam. Quanto ao personagens que já conhecemos do primeiro volume, a construção deles permanece a mesma. Digo, não houve equívoco do autor em manter aquela linha de raciocínio para determinado personagem. E como a continuação começa exatamente de onde parou o primeiro, não temos logo de cara um amadurecimento dos peculiares. Mas vemos isso ao longo das páginas.
Além disso, é preciso destacar que, apesar de se equivocar no desenvolvimento, o aturo permanece acertando na escrita. É rápida, bem feita e flui bastante. Mesmo o livro parecendo um grande filler, a leitura não é chata justamente porque a história criada por Riggs é, por si só, muito cativante e divertida. É uma livro com uma história simples, mas com vários significados e mensagens nas entrelinhas. Devo destacar também o excelente trabalho gráfico da Intrínseca, que caprichou demais na edição em capa dura, que traz consigo até uma jacket. Por ser de editoras diferentes, o segundo livro até consegue manter um padrão muito interessante em relação ao primeiro. Mas está, sem dúvida, muito mais cuidado e bonito. Vários detalhes internos chama a atenção.
Bem, para terminar, como disse, a reta final do livro eleva o nível e realmente deixa aquele gosto de quero mais, quero a continuação pra já. Biblioteca de Almas é o volume final da trilogia e promete ser tão grandioso e interessante quanto o primeiro, bem diferente deste segundo. Quero ler quanto antes. Nota três para Cidade dos Etéreos - que, no início, acreditei ser um lugar habitado por etéreos onde o personagens iriam parar, ledo engano.