O Delírio de Dawkins

O Delírio de Dawkins Alister McGrath




Resenhas - O Delírio de Dawkins


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mauriciocz 07/01/2009

Óbvio
Quando escreveu "Deus, Um Delírio", Dawkins sabia que estava mexendo em um vespeiro. Não demorou quase nada para surgirem as críticas ao seu livro, e esta é exatamente a motivação por trás deste livro.
Os Mcgrath fazem uma análise minuciosa da obra de Dawkins, revelando e criticando justamente seus pontos mais fracos, muito deles óbvios para qualquer leitor atento, que tenha conseguido se manter distanciado do discurso ateísta agressivo de Dawkins.
Mas a obra não vai além disso, não oferecendo quase nenhum argumento sólido para contrapor aos de Dawkins, sendo nada mais que uma resenha extensa da obra, feita por quem se sentiu acuado por ela. Justamente por isso, é um livro fraco, que deve interessar mais aos religiosos que procuram uma resposta religiosa, mas com um toque de formalidade científica, ao ateísmo proposto por Richard Dawkins.
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Servo 22/10/2009

Em seu livro “O delírio de Dawkins”, McGrath questiona o dogmatismo ateísta de Richard Dawkins. “Tal qual um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus”, aponta McGrath. Veja a síntese do problema:

“Essa questão é muito séria e problemática. A total convicção dogmática que permeia algumas partes do ateísmo ocidental de hoje, notavelmente ilustrada em ‘Deus, um delírio’ – se alinha de imediato a um fundamentalismo religioso cujas idéias não se podem examinar ou contestar. Dawkins resiste a ajustes em suas convicções, que ele considera luminosamente verdadeiras e, portanto, isentas de qualquer defesa. Está tão convencido da correção de suas concepções que não se permite acreditar que as evidências possam legitimar quaisquer outras opções – sobretudo religiosas” [p. 19].

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DAWKINS versus MCGRATH
Leia a síntese do duelo de argumentos entre Richard Dawkins e Alister McGrath, como apresentados em “O delírio de Dawkins”:

A FÉ É INFANTIL

Argumento de Dawkins: Crer em Deus é como crer no coelhinho da Páscoa ou em Papai Noel – crenças infantis que são abandonadas tão logo nos tornamos capazes de pensar com base nas evidências. A humanidade “pode deixar a fase do bebê-chorão e finalmente atingir a maioridade”. Tal “explicação infantil” pertence a uma era remota e supersticiosa da história, já superada, da humanidade” [Thought for the Day, Rádio BBC, 2003].

Argumento de McGrath: “Quantas pessoas você conhece que passaram a acreditar em Papai Noel na vida adulta? Ou que, na velhice, achou sua fé no consolador coelhinho da Páscoa? (…) Eu não acreditava em Deus até ir à universidade. Aqueles que usam o argumento da infantilidade devem explicar por que tantas pessoas descobrem Deus mais tarde na vida, e certamente não acreditam que isso representa algum tipo de regressão, perversão ou degeneração” [O delírio de Dawkins, p. 28].

A EXTREMA IMPROBABILIDADE DE DEUS

Argumento de Dawkins: “Qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisas teria se ser complexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. A existência de Deus nos coloca diante de uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir” [Deus, um delírio, p. 153].

Argumento de McGrath: “Dawkins é particularmente sarcástico em relação aos teólogos que se permitem o ‘duvidoso luxo de conjurar arbitrariamente uma terminação para a regressão infinita’ (Deus, um delírio, p. 112). Tudo o que é auto-explicado deve ser explicado – e essa explicação, por sua vez, precisa ser explicada, e assim por diante. Não há um meio justificável de pôr um fim a essa regressão infinita de explicações. O que explica a explicação? Ou para mudar um pouco a metáfora, quem projetou o projetista? (…) Talvez devamos refletir sobre as muitas coisas aparentemente improváveis – mas a improbabilidade não implica, nem nunca implicou, a não-existência. Podemos ser altamente improváveis. Mas estamos aqui. A questão, portanto, não é se Deus é provável, mas se Deus é real” [O delírio de Dawkins, p. 38-41].

A CIÊNCIA EXPLICA TUDO

Argumento de Dawkins: “A ciência explica tudo” [Philosophical Foudations of Neuroscience, p. 372-376].

Argumento de McGrath: “As teorias científicas não podem ser tomadas para ‘explicar o mundo’, mas apenas para explicar os fenômenos observados no mundo. Além disso, argumentam os autores, as teorias científicas não descrevem e explicam ‘tudo sobre o mundo’, e nem pretendem fazê-lo – conforme suas propostas. Direito, economia e sociologia podem ser citadas como exemplos de disciplinas que se dedicam a fenômenos de domínios específicos, sem que, de modo algum, sejam consideradas inferiores às ciências naturais ou delas dependentes” [O delírio de Dawkins, p. 53].

RELIGIOSIDADE GERA VIOLÊNCIA - ATEÍSMO NÃO

Argumento de Dawkins: “Não acredito que haja um ateu no mundo que demoliria Meca – ou Chartres, York Minster ou Notre Dame” [Deus, um delírio, p. 322].

Argumento de McGrath: “A visão ingênua e pueril de Dawkins de que ateus nunca cometem crimes em nome do ateísmo tropeça nas cruéis pedras de realidade. (…) A história da União Soviética está repleta de incêndios e explosões de inúmeras igrejas. Sua contestação de que o ateísmo é livre de violência e opressão, as quais ele associa com a religião, é simplesmente insustentável e sugere um significativo ponto cego” [O delírio de Dawkins, p. 111].

“Suponha que o sonho de Dawkins se tornasse realidade e a religião desaparecesse: isso poria fim às divisões dentro da humanidade? Com certeza não. Tais divisões são basicamente construtos sociais que refletem a necessidade sociológica fundamental de autodefinição das comunidades, e que identificam quem está ‘dentro’ e quem está ‘fora’, quem são os ‘amigos’ e quem são os ‘inimigos’” [O delírio de Dawkins, p. 115].

JESUS FOI SEPARATISTA E O CRISTIANISMO PROMOVE ISSO

Argumento de Dawkins: “Jesus foi um devoto da mesma moralidade entre membros do mesmo grupo – associada à hostilidade a forasteiros – que era tida como certa no Antigo Testamento. Jesus era um judeu leal. Foi Paulo quem inventou a idéia de levar o Deus dos judeus aos gentios. Hartung usa um tom mais duro do que eu ousaria: ‘Jesus teria se revirado no túmulo se soubesse que Paulo estava levando seu plano aos porcos’” [Deus, um delírio, p. 332].

Argumento de McGrath: “Em primeiro lugar, Jesus estende explicitamente o mandamento do antigo Testamento de ‘amar o seu próximo’ para ‘amar os inimigos’ (Mateus 5:44). Longe de endossar a ‘hostilidade aos de fora’, ele recomendou e ordenou uma moral de ‘ratificação dos de fora’. (…) Os cristãos podem ser acusados de não cumprir esse mandamento. Mas ele stá lá, bem na essência da ética cristã”. [O delírio de Dawkins, p. 120-121].

“Em segundo lugar, muitos leitores poderia mencionar que a conhecida narrativa da parábola do bom samaritano deixa claro que o mandamento para ‘amar o seu próximo’ vai além do judaísmo. (…) No Novo Testamento, tal grupo é diversamente chamado de ‘pecadores’, ‘coletores de ‘impostos’ e ‘prostitutas’. Uma das principais acusações feitas por seus críticos no judaísmo era a aberta aceitação de Jesus aos ‘de fora’” [O delírio de Dawkins, p. 121].
RobertoPC 03/08/2010minha estante
Concordo com Dawkins, a religião torna a humanidade infantil. Esta ai a prova, olhe as respostas bobas do McGrath.
E argumento de criacionista sempre é um argumento muito desesperado. Ao invés de criar o argumento em suas bases, eles querem ferir as bases alheias.
Ou seja, eles querem ter o direito de não questionar sobre a visão divina, e em contraposição querem que as outras pessoas tenham o dever de não questionar.


Lucio 16/11/2010minha estante
Robert, você poderia refutá-las? Não adianta falar que são infantis e não mostrar isso. Tal atitude é que é infantilidade...
outra, se eu questiono suas bases epistemológicas isso já conta com um argumento (veja esse artigo que fiz: http://mcapologetico.blogspot.com/2010/09/crenca-ateista-parte-2_24.html , se não estiver muito disposto, pode ler apartir do título "argumento epistemológico"). Posso fazer apologia à minha visão mostrando argumentos positivos em relação à ela; posso rebater as críticas à ela ou posso criticar a cosmovisão opositora; nada disso é ilógico ou irracional, muito menos infantil!


Alice 31/05/2011minha estante
Leiam Deus,um delírio, e depois releiam os argumentos de McGrath. Concordo plenamente com as palavras do RobertoPC abaixo.


vitor f. avila 12/10/2017minha estante
O curioso é que os ateístas que comentam aqui realizam petições de princípio a torto e direito, como Dawkins faz. A análise científica é retoricamente afirmada para ser negada na prática. Não a toa McGrath expõe argumentos centrais no livro de Dawkins que são tão bobos que todo o restante do livro cai como um castelo de cartas, e isso que McGrath tem outro livro sobre o pensamento de Dawkins e vários outros nessa área em que atuam como pesquisadores.


Lucas.Cunha 03/11/2023minha estante
Vitor, quando a análise científica é retoricamente afirmada pra ser negada na prática? É muito difícil te responder com você fazendo essas afirmações vazias, só posso somente supor o que você quis dizer. Mas ao que imagino, você diz isso provavelmente por um mal entendimento de como as ciências naturais funcionam e suas próprias limitações.




Pedro 23/10/2009

Útil como complemento
O livro apresenta algumas críticas pertinentes , escolhe alguns pontos fracos do pensamento de Dawkins , ou alguns trechos do livro ( que o autor julgou como os mais importantes) e tenta a partir daí gerar uma crítica geral a "Deus , um delírio" e ao ateísmo .



"O Delírio de Dawkins" abusa um tanto de exageros retóricos e argumentos forçados , acusação que dirige ao próprio Dawkins . Mas de qualquer forma , é uma boa leitura , ajudou a quebrar algumas partes frágeis de Deus um delírio . Mas estranhamente , tive a impressão que as partes que estavam sendo refutadas eram as menos importantes , ou pior , estava-se refutando algo que não estava na obra de dawkins .

Para exemplificar tal afirmação , cito a primeira frase do segundo capítulo " O pilar central da argumentação de Deus, um delírio é a difundida crença de que a ciência refutou Deus".

Se há algo que pude captar do livro é algo bem diferente: A ciência não precisa refutar Deus . Cabe aos religiosos prová-lo inicialmente . Mas porque os religiosos precisariam de prová-lo ? Seria necessário quando a religião se insere na vida pública , e as pessoas precisam das ouvidos a argumentos religiosos e respeitá-los , como se a fé promovesse algum tipo de autoridade . Citar a bíblia , por exemplo , para reprimir os direitos homossexuais não é um argumento . A autoridade da bíblia é baseada na fé ,e por isso , pode ser automaticamente descartado.

Isso pode soar muito radical . Mas imagine criar leis , ou uma constituição dando-se ouvidos a livros religiosos. Quais seriam usados? Todos? E quando ele são divergentes? É importante notar que ao se aceitar algo de um livro religioso como a bíblia , não há qualquer motivo para se descartar outros livros , como o alcorão, visto que ambos são sustentados pela fé.



Agora peço desculpas por fugir um pouco do livro em questão e deixo o conselho: Não leia este livro sem ler Deus,um delírio . Isso geraria uma idéia muito distorcida e infantilizada do livro de Dawkins , mas para aqueles que já leram Deus, um delírio , ler este livro é um bom exercício de reflexão e aprendizado a lidar com as idéias contrárias .
Bruno Oliveira 09/09/2012minha estante
Pois é, eu concordo contigo. Para refutar o Dawkins eles distorcem um pouco ele até que não estejam mais refutando ele, mas um pensamento criado pelos próprios autores.

O que eu lembro que achei ruim foi que raramente eles conseguiam destruir um argumento dele completamente, e ficavam muito felizes quando mostravam que o argumento só não era conclusivo. É um livro bem fraquinho, apesar de ter a virtude de pegar pontos frágeis do Dawkins (que tem um monte deles) e expor. O problema é que eles querem expor esses pontos fracos da argumentação para defender ideias ainda mais frágeis.




Rangel 24/02/2011

Uma crítica ao ateísmo fundamentalista
O livro "O Delírio de Dawkins" de Alister McGratth e Joanna McGratth procura refutar as ideias do livro "Deus, um delírio" de Ricahrd Dawkins. Dawkins é professor da disciplina "compreensão pública da ciência" da Universidade de Oxford, universidade esta feita pelo autor Alister, que fez doutorado em biofísica molecular. Ele aborda a respeito da fé, que para Dawkins, significa confiança cega na ausência de evidências, e que, portanto, é um processo impensante. Dawkins chega a afirmar que quem tem fé em Deus, passa por um processo impensante, portanto, um delírio. Critica veementemente que a fé é infantil e que deveria desaparecer quando a humanidade atingisse a maturidade da razão. Enfatiza que crer em Deus é a mesma coisa que crer em Papai-Noel e Coelhinho da Páscoa, tipo de crenças infantis, que são abandonadas quando as pessoas crescem. Ele critica a religião, para ridicularizá-la. Contudo, esquece-se que nenhum adulto depois de velho vá voltar a acreditar no Coelhinho da Páscoa, mas em relação a Deus, pessoas que geram ateias voltam a acreditar em Deus, em plena idade de maturidade. Aí, vem o questionamento de como Deus pode ser uma ideia infantil em pessoas bem esclarecidas, instruídas e até ateias e céticas chegarem a conclusão da existência de Deus. Exemplo aconteceu com Anthony Flew, notável filósofo. "Deus, um delírio" chega até a acertar a respeito da educação das crianças pelos pais, os quais ensinam as doutrinas bíblias com suas mitologias. Contudo, há uma falha na sua crítica, que quando as crianças crescem, por discernimento, vão compreendendo o que é um mito e procura entender o sentido da religião. For que há casos que pais não ensinam religião a seus filhos, no caso, dos comunistas ateus. A crítica principal contra Dawkins é ele apresentar o patológico como normal, o extremo como o centro, o excêntrico como padrão, o que não é aceitável no meio científico. Ele constantemente ataca a fé cristã com crença com fortes evidências contraditórias. Sustenta que os cristãos se auto-enganam, são iludidos pelo argumento irracional da fé. Dawkins não consulta fontes históricas sobre suas argumentações, como que Tertuliano ter dito que se deve ter fé no absurdo - o que ele não disse. Lutero é outro exemplo que fala da razão humana a ser utilizada na opção de vida pela fé. A questão da existência e inexistência de Deus faz de Dawkins discordar das cinco provas de Tomás de Aquino, quando argumenta racionalmente a respeito da demonstração de coerência interna mental da fé em Deus. Aquino mostra coerência interna mental a respeito da fé em Deus, algo que o ateísmo discorda sem levar em consideração a coerência interna mental, procurando reduzir as provas nas evidências empíricas. 'A linha básica do pensamento de Aquino consiste em que o mundo reflete Deus como criador.' A argumentação se baseia na suposição derivada da fé, que afirma a repercussão naquilo que se observa na realidade do mundo e do universo, o que remete uma explicação para a existência de um Deus criador. Esquece-se, Dawkinks, que os filósofos da ciência já perceberam que teorias científicas, hoje consideradas verdadeiras, podem ser rejeitadas no futuro, à medida que surgirem outras provas a serem desenvolvidas novas interpretações teóricas. Procura questionar "quem criou Deus", com uma pergunta incoerente. Procurar uma regressão infinita para saber o que originou Deus, leva a uma metáfora de quem projetou o projetista, o que para a ciência, significaria a busca da "teoria do tudo" ou "teoria da grande unificação", a qual busca uma explicação irredutível da pesquisa científica de não se possuir incoerência lógica, nenhuma falha conceitual ou nenhuma autocontradição envolvida. Quando Dawkins procura questionar Deus a respeito, chega assinar a improbabilidade da própria existência humana e do universo, uma vez que reconhecer a complexidade da afirmação da improbabilidade é altamente problemático. É bom ressaltar que refletir sobre tal probabilidade da realidade faz implicar em afirmar a própria existência. Ele também critica o que chama "Deus das lacunas", onde a interpretação científica não tem explicação, o que é uma generalização grosseira e falta de reconhecer a limitação da capacidade da própria ciência em pontos a serem explicados sobre a realidade. Swiburne afirma que a intelegibilidade do próprio universo precisa de explicação, o que não significa margem de lacunas, mas compreensibilidade das formas científicas, o que requer explicação da compreensão do próprio universo. Portanto, a ciência não refutou Deus veementemente, como acham os ateus, uma vez que questões fundamentais de sentido e significado de vida, como teoriza Karl Popper, a respeito de que as questões científicas não dão certeza de tudo, que são subdeterminadas pelas evidências, mas que grandes questões fundamentais ficam sem resposta. Juízos e declarações metafísica são necessárias para analisar questões fundamentais da vida, o que faz pensar que a ciência não explica tudo. A ciência serve para explicar os fenômenos observados no mundo e não de explicar o mundo. As ciências naturais, conforme Bennert e Hacker, não são as únicas detentoras do método científico. Segundo Medawar, há questões que a ciência não responde, por exemplo: 1) como tudo começou?; 2) para que estamos todos aqui? e 3) qual o sentido da vida? Essas questões não podem ser colocadas num positivismo doutrinário e requerem reflexão filosófica. Na verdade, há questões de magistério não interferentes e magistérios parcialmente interferentes a respeito da explicação da realidade, que nas quais, cientistas não deveriam entrar no campo dos teólogos e os teólogos não adentrarem no campo dos cientistas. Existe vários cientistas que crêem em Deus. Owen Gingerich publicou "O universo de Deus" que declara que o universo foi criado com intenção e propósito e que tal crença não interfere no empreendimento científico. Francis Collins publicou "A linguagem de Deus", em que argumenta que a maravilha e a ordem da natureza aponta para um Deus criador, em absoluta conformidade com a concepção cristã tradicional. Collins era um ateu que se converteu a fé cristã. Paul Davies publicou "Enigma Goldilocks", que argumentar em favor da existência de uma "sintoni-fina" do universo e a biossocialidade do universo aponta para um princípio abrangente, que impulsiona o desenvolvimento da vida e da mente. O físico Freeman Dyson ao mesmo tempo que critica a religião, critica também o ateísmo que em pouco tempo provocou o mal na humanidade. Na verdade, Dawkins faz um desserviço a ciência, quando a coloca no seu fundamentalismo ateu. Colocar Deus como consolação, alienação e projeção dos desejos humanos não vai resolver os problemas do mundo. Segundo Daniel Dennett, acreditar em Deus é algum subproduto do mecanismo evolutivo. É sabido que a religião é objeto de estudo em várias universidades para verificar fenômenos antropológicos, sociológicos e psicológicos. Antes de criticar os dogmas, precisa-se compreender que os dogmas são proposições que aparecem num contexto social, que cumprem a função social das comunidades religiosas em chegarem a um consenso em sistematizar experiências religiosas e crenças individuais. Os dogmas são decorrentes do conservadorismo das religiões, que expressam declarações de fé, na tentativa de descrever tais proposições. Em outras palavras, Dawkins não tem qualificação suficiente psicológica, sociológica e antropológica para abordar tais questões. Dawkins aponta a fé como vírus da mente, mas não se atenta em dizer quem é autoridade para dizer o que é racional e o que não é. Generalizar a religião como má e induz a violência, é preconceito e desvio do seu real sentido. Exemplo ao contrário de tal generalização é verificar que o ateísmo soviético provocou medidas violentas de erradicar a religião, o que contradiz Dawkinks nas suas afirmações que o ateísmo não gera o mal. Toda visão religiosa e de mundo tem seus pontos vulneráveis. O ateísmo não pode ser uma aversão à religião para não se tornar uma visão deficiente de mundo, que pode gerar fundamentalismo e fanatismo. Talvez o livro de Dawkins seja para renovar a confiança dos ateus no ateísmo, uma vez que estavam enfraquecidos diante de mundo que precisa de um sentido de vida e as pessoas vêem isso mais na religão do que a não-religião. Fazer do ateísmo intolerante, doutrinário, agressivo e desagradável é bem pior do que uma religião com tais características, uma vez que só podem recorrer em confiar cegamente na ciência, que pode estar equivocada, principalmente na questão da origem das coisas e de tudo. Dawkins confia mais na retórica do que na evidência, no seu livro e tem um delírio a respeito sobre Deus. Ciência e religião podem conviver um com o outro, sem precisar de haver um conflito.
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Agatha.Uchoa 07/08/2020

Essencial
Gosto desse tipo de obra porque revela que não há somente um lado do discurso.
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jersica 30/12/2012

ótimo livro
o autor foi feliz ao dar argumentos equilibrados e coerentes além de contextualizar o assunto tornando a leitura interessante até mesmo para quem não teve acesso a obra de dawkins.
recomendo a todos.
Dani 16/01/2020minha estante
"até mesmo para quem não teve acesso a obra de dawkins" ué, e como você julga o argumento dos McGrath sem ter lido a obra a qual eles baseiam suas críticas? Esse livro precisa ser lido, no mínimo, após a leitura de Deus - Um Delírio, uma vez que ele se refere a este último.




vitor f. avila 12/10/2017

Bom mas poderia ser mais aprofundado
McGrath é uma autoridade na mesma área onde Dawkins também é respeitado, então, o diálogo se dá entre dois cientistas gabaritados.
Porém, mesmo eu sendo especificamente da área de Ciências Jurídicas e Sociais... mesmo assim, achei que o casal McGrath foi muito apressado na crítica. Obviamente, as citações são suficientes para perceber que o dogmatismo do Dawkins e seus discípulos é claro e explícito. As críticas dos próprios colegas cientistas (ateus, ressalta-se) deixa isso muito claro e há toda a bibliografia ali para consulta. Logo, não é algo sem embasamento.
Retornando quanto a aparente "pressa" do casal McGrath, eu me refiro que poderiam ter aprofundado ainda mais a análise dos argumentos centrais. Sendo eu um cristão (da ala Reformada/Calvinista), alguns argumentos de McGrath são bem óbvios. Eu esperava uma análise mais científica (a nível mesmo, não me refiro à filosofia da ciência). Sem mencionar que ele tem, realmente, problemas em sua teologia, que não é muito "polida", talvez por causa do anglicanismo e da orientação apologética dele ser mais clássica, logo, tentando lidar com uma "hermenêutica neutra" quanto a evidências, o que é impossível, dado o comprometimento do Homem com sua mundividência. Talvez, ele confunda "imparcialidade" com "neutralidade", mas em certa parte do livro não me pareceu isso.
De qualquer forma, eu concluo que o livro é bom dentro da proposta de uma resposta, embora bem breve, como uma palestra. McGrath tem outro livro, mais extenso, a respeito do pensamento científico de Dawkins e pretendo ler. "O delírio de Dawkins" eu diria que foi uma boa introdução, embora tenha lido livros de 150 páginas mais profundos.

Recomendo a leitura, por conseguinte, já deixando claro que é mais um ensaio do que uma análise crítica de vigor, o que não significa que seja uma obra ruim ou superficial, contudo, fica uma sensação de que poderia ser elaborado com mais requinte a argumentação (embora o dogmatismo de Dawkins seja bem óbvio e até cômico). Dawkins é um evangelista péssimo para o ateísmo e McGrath deixa isso bem claro. Não precisa muito esforço para contra-argumentar vigorosamente, mas... talvez por saber disso, "pouparam energia" na argumentação, contentando-se em responder e é isso. Aquele passo além, de uma alternativa ou problematização maior ficou, talvez, para outro escrito. Essa foi minha "sensação" ao ler esse livro. :)
Lucas.Cunha 03/11/2023minha estante
"Eu esperava uma análise mais científica" isso é muito difícil camarada, requer muito malabarismo pra se conciliar.




null 17/06/2020

Muito bom
O autor bate de frente muitas ideias de Dawkins e nos mostra claramente como ele se equivocou em diversos pontos.
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