spoiler visualizarGildo 16/06/2015
Silêncio ensurdecedor
A aventura é a introspecção. Essa é a tônica do nobel de Literatura Orham Pamuk. Nos vales profundos do pensamento, vemos a história desenvolvida. É na mente e nas lembranças dos personagens onde tudo se passa, não nos cenários bucólicos do litoral turco.
A Casa do Silêncio registra o momento em que três jovens, Faruk, Nilgum e Metin visitam a avó numa casa antiga e cheia de memórias. A avó vive reclusa, em companhia de um anão, Recep, na verdade filho bastardo de seu marido falecido. Fatma é atordoada em mágoas e desconfiança, casou-se com um visionário que lutava pela modernidade do Oriente. Por outro lado, ela, quando jovem, era uma tradicional sonhadora, filha da crenças da Turquia.
Os netos vivem igualmente angustiados. Faruk é um historiador que se embriaga noite após noite. Nilgum esconde insatisfações políticas e é protagonista do ápice do livro, um fato que abalará a família. E Metin é o inquieto pós-adolescente que sonha em fazer a vida na América. A Recep, o anão, resta apenas sua própria dor particular, servindo a uma famíia que desconhece seu grau de parentesco e sendo sistematicamente humilhado pela dona da casa e pelos moradores do vilarejo. Some-se a isso o jovem Hasan, com problemas de aprendizagem, sobrinho de Recep, que convive com um grupo violento e anticomunista.
Nas conturbações d'alma em todas as páginas, ainda sobra espaço para discutir as tradições do Oriente, a religiosidade e a política local. Pamuk escreve brilhantemente sabendo dosar tudo isso com leveza e intensidade. Uma obra para fazer pensar.
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