spoiler visualizarSamuel.Araujo 05/03/2017
A saga das três estonianas
Três mulheres diferentes, mas ligadas pelo sangue estoniano. Três períodos distintos, porém pertencentes à história soviética. Sofia, Katariina e Anna: testemunhas da luta feminina numa burocracia estatal e dos vários estágios soviétivos desde seu nascimento até sua extinção. O extenso romance, ambientado na Estônia socialista e na Finlândia capitalista, divide-se, de forma até demasiada, em pequenas histórias da vida das três protagonistas, alternando o foco narrativo frequentemente - o que necessita de uma atenção redobrada do leitor. Sofia, mãe de Katariina e avó de Anna, vive no pós-Segunda Guerra dividida entre a dificuldade de manter o sustento da família, os possíveis crimes de guerra do marido e a ameaça constante de ser enviada para a fria, pobre e longíqua Sibéria. Katariina, por sua vez, consegue se tornar engenheira e casa com um jovem filandês, em meio ao preconceito e à desconfiança de ser uma mulher estoniana graduada num país ocidental. Na Finlândia, mascara ao máximo sua verdadeira origem, uma grande obcessão também compartilhada por sua filha, Anna. A neta de Sofia, centro das principais narrativas do livro, precisa conviver com os extremos de seus distúrbios alimentares (bulimia e aneroxia) e com suas conturbadas relações sociais e sexuais. Além disso, a obra apresenta a complexa burocracia da URSS, desde viagens estrangeiras até o funcionamento da economia compartilhada, em comparação às facilidades e liberdades do mundo capitalista, bem como o processo de ocidentalização da Estonia, a partir de 1990. De leitura fácil, mas às vezes enfadonha, o romance é recomendado para àqueles que desejam conhecer as dificuldades, os medos e a vida de figuras femininas através da história da União Soviética.