Victor Almeida 21/03/2014O IMPOSSÍVEL É APENAS O COMEÇOCerto, primeiro de tudo, não se engane pela capa medíocre de Insígnia, porque ela com certeza não faz jus ao conteúdo. Uma das coisas que é possível notar, é que, apesar de ser um livro distópico, ele não se iguala ao mundo criado na maioria dos livros do gênero. O cenário criado e apresentado por S. J. Kincaid traz a sensação de algo novo, intrigante e curioso, fazendo com que a história inteira se encaixe a ele, e não o contrário. O fato de ser bastante focado na tecnologia (que por sinal é DEMAIS), me trouxe a sensação de que eu estava lendo um filho híbrido de “Jogador Número 1″ e “O Jogo do Exterminador”. Não preciso falar mais nada, né?
O protagonista Tom é brilhante. Ele não é perfeito, e longe de ser um gênio capaz de lidar com todas as tecnologias, mas a sua inteligência se apresenta de uma forma completamente diferente. O seu talento, resultado do passado e o fraco relacionamento com seu pai, lhe garantiu a habilidade de ser muito observador. Tom consegue enxergar coisas que outros não enxergam. Ele sabe como jogar e ama cada minuto disso, desejando ação, vitória e reconhecimento. O que se pode dizer é que seu coração está no lugar certo. De uma criança sem amigos, considerado um hermitão, para um garoto que brilha de forma rebeliosa, Tom se tornou um de meus personagens favoritos.
Durante o decorrer da história, Tom é enviado para a divisão de Alexander e consegue fazer novas amizades com personagens tão intrigantes quanto ele. Vikram, seu companheiro de quarto, possui um senso de humor fantástico e uma cor que parece segurar todos os outros personagens. Outros amigos como Beamer, Yuri e Wyatt trazem para a história dinâmicas de grupo e proporcionam uma leitura agradável durante a jornada para se tornarem grandes amigos. Ler isso foi muito divertido. A essência de amizade e o senso de crescimento dos personagens, além da incrível tecnologia e políticos corruptos, fazem com que Insígnia seja espirituoso e marcante.
A trama é o ponto forte da história, e o livro todo é perfeitamente balanceado. Apesar de ser um pouco grande, não posso dizer que me senti entediado em nenhuma parte. Por se concentrar bastante nas atividades diárias e o treinamento do personagem para a guerra, você pode pensar que será capaz de entediá-lo fácil, mas isso não acontece. A forma como tudo é explicado através de viradas em coisas simples do dia-a-dia dos personagens faz tudo ser muito crível e se encaixar perfeitamente. O livro em si não é muito focado no romance, mas ele atinge problemas de amizade, segredos, vírus que fazem com que se comportem como cachorros e até apelidos constrangedores. Senso de humor é o que não falta.
Posso dizer que fiquei EXTREMAMENTE satisfeito com a forma como o livro terminou. Enquanto lia as últimas passagens e as batalhas que ocorriam no final, senti uma grande nostalgia resultante dos livros de ficção científica que eu tanto amo. Não importa se disserem que as escolhas da autora foram clichês, eu simplesmente amo ler isso. Fazer o que, né? O livro é mais conclusivo que muitos outros por aí, e mesmo sendo parte de uma série, deixa em aberto algumas questões suficientes para me fazer querer ler o segundo volume, mas ainda assim estar satisfeito com a leitura. Ele tem um começo, meio e fim definidos muito bem.
Insignia é cheio de ação, elementos futuristas e personagens realistas. Tenho certeza que leitores que amam ficção científica como eu irão gostar muito, e mesmo que você não costume ler muito do gênero, ainda vale a pena. Vá com expectativas para um combo de imaginação, guerra, inteligência, comédia e personalidade.
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http://olhosderessaca.com.br/insignia-s-j-kincaid/