Kel Costa 14/02/2014O livro começa imediatamente após o final do primeiro volume. Houve o ataque terrível no Tabernacle, onde Simon quase morreu (ele foi hospitalizado, ficou entre a vida e a morte e Riley fez um pacto com os anjos para que salvassem a vida do namorado), Beck e outros apanhadores ficaram muito feridos e, para piorar, Riley descobriu que sei pai tinha sido roubado da sepultura e agora estava andando por aí feito zumbi.
Achei que Ladrão de Almas conseguiu manter o nível do primeiro no que diz respeito à ação, aventura e mistério. Agora há no ar um senso de urgência e desespero em Atlanta, por parte das pessoas que acham que os apanhadores não estão mais dando conta do recado. O Tabernacle ficou destruído e muitas mortes foram registradas, então o governo resolve chamar de uma vez por todas os caçadores do Vaticano. E todo mundo sabe que há uma enorme rixa entre caçadores e apanhadores, portanto, a tensão está formada. Gostei bastante de ver como os dois grupos distintos lidavam um com o outro e como um padre pode ser um filho da mãe quando quer!
Achei bem interessante e gostaria de saber mais sobre a forma como os caçadores trabalham. Ora, eles são os oficiais lá do Papa e com certeza têm muita história para contar. Queria que em algum momento de algum livro, a autora se aprofundasse neles e em todo seu esquema organizado (parecem até agentes da CIA). Nem preciso dizer que fiquei elétrica com a “caça à Riley” a que os caçadores deram início, já que eles acham que ela tem algum envolvimento com os demônios (pobre Riley).
Também gostei da inclusão de Ori no enredo, pois no primeiro volume ainda não estava muito claro qual era o papel dele em tudo aquilo. E preciso dizer que Ori consegue conquistar rapidamente não só Riley, como também os leitores. Eu, pelo menos, me vi tão caidinha pelo misterioso caçador freelance quanto por Beck, por quem eu já nutria uma paixão antiga. O mais positivo na história de Ori é que enquanto eu lia, parecia que tinha alguma coisa muito mal contada ali, que havia alguma coisa fora do lugar, esse é o sentimento que o personagem passa. Ele não é uma ponta solta no livro, acreditem.
A trama que envolve o pai de Riley também foi muito bem explorada, envolvendo os necromantes e um leque de outros mistérios. Afinal, quem poderia ter tanto interesse assim no apanhador morto? E quem é tão poderoso a esse ponto? Faz o leitor pensar em diversas possibilidades e desconfiar de todo mundo, até mesmo de alguns apanhadores mais antigos.
Riley continua sendo uma personagem forte e decidida, porém, dessa vez ela estava teimosa demais. Me irritei em muitos momentos com ela, porque não consigo engolir personagens que acham que podem resolver todos os problemas do mundo sozinhos, sem precisar da ajuda de ninguém. E Riley tem esse pensamento enervante de que ela é uma pobre coitada que todo mundo detesta e, principalmente, de que é um fardo enorme para Beck. Sim, falemos de Beck, meu lindo e amado apanhador caipira. Cara, ele simplesmente tem uma paciência de jó para aturar a Riley. Quando ela está na presença dele (ou que seja apenas pelo telefone) parece que a garota está numa TPM infinita. Sabe, isso cansa. Riley é chatinha com Beck porque já foi apaixonada por ele e na época ele a repeliu, mas supere garota! Tudo bem que ele é bronco, grosso e não tem o menor tato para problemas do coração, mas ela sabe muito bem que ele se importa com ela e já ficou mais do que claro que Beck está com uma grande queda por Riley. Só a criatura não consegue enxergar. Ela é tão adulta para algumas coisas, mas fica dando uma de adolescente mimada e imatura na frente dele. Então, por favor, Jana Oliver, conserte as coisas para esses dois, meu coração está sendo maltratado com essa relação de gato e rato dos dois. Preciso de Riley e Beck se pegando, pra ontem!
Simon não merece um parágrafo só dele, mas abri esse aqui apenas para dizer que, se eu já não gostava dele antes, agora definitivamente o detesto. É aquele típico personagem que foi criado só para atrapalhar mesmo e achei que ele mudou rápido demais. Foi difícil engolir um Simon bonzinho tipo cachorrinho sem dono no primeiro livro e um Simon filho-da-mãe-que-passou-por-lavagem-cerebral no segundo. Ele já pode morrer!
Eu continuo achando que um dos pontos mais positivos da série é essa mistura de sobrenatural com o mundo humano. Porque os humanos sabem e convivem perfeitamente com a informação de que demônios existem, que anjos podem aparecer ocasionalmente no céu e tudo mais. Isso torna tudo mais original, de vez em quando é legal saber que a mocinha (ou mocinho) da história não precisa ter uma identidade secreta.
Recomendo muito a série para quem gosta dessa mistura de sobrenatural com um universo meio distópico. Não vejo muita gente falando sobre os livros da Jana, mas acho que vale muito à pena conhecê-los. A escrita dela é muito natural, envolve o leitor perfeitamente na história e os personagens, em sua maioria (mesmo Riley irritando às vezes) são super cativantes. A autora consegue amarrar direitinho as pontas e não deixar furos na história, sempre deixando um bom gancho para as continuações. Só tem uma coisa que peca, que é da parte da editora: os meus exemplares, pelo menos, não possuem orelhas.
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