O visconde Partido ao Meio

O visconde Partido ao Meio Italo Calvino




Resenhas - O visconde partido ao meio


129 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Fabio Shiva 06/08/2010

Simplesmente deliciosa esta narrativa sobre o Visconde Medardo, que vai lutar nas cruzadas e acaba sendo dividido em dois por uma certeira bala de canhão. Miraculosamente as duas metades sobrevivem, seccionadas também na personalidade: uma é inteiramente má, outra é totalmente boa. Como logo se descobre, as duas são igualmente insuportáveis, do ponto de vista dos que são obrigados a conviver com elas.

O autor afirma no prefácio que seu objetivo ao escrever este livro foi divertir a si mesmo e aos outros, pois uma das mais importantes funções sociais da literatura é a diversão. Ao mesmo tempo, fica evidente que profundas reflexões sobre a natureza humana permeiam a aparente leveza do texto. O próprio Italo Calvino explica:

“O homem contemporâneo é dividido, mutilado, incompleto, hostil a si mesmo; Marx o chama de ‘alienado’, Freud, de ‘reprimido’; um estado de harmonia foi perdido, aspiramos a uma nova totalidade. Este é o núcleo ideológico-moral que eu queria conscientemente trazer para a história”.

(28.09.2007)




Gustavo Kamenach 28/02/2022

A alegoria maniqueísta de Calvino
Iniciando um projeto de leitura pessoal: o duplo, doppelgänger e dualidade na literatura, resolvi começar pelo livro O Visconde partido ao meio, de Italo Calvino.

O romance tem ares fabulosos, é uma leitura leve e divertida em certos momentos. O tema é a dualidade intrínseca a todos nós e como os extremismos podem ser prejudiciais para o todo. Ser totalmente bom gera apenas benefícios para aqueles a sua volta e o inverso é verdadeiro, ser totalmente mau é puramente prejudicial aos outros? Nessa metáfora, Calvino reflete sobre a importância da união, do equilíbrio de ideias e de certa forma termina sua história com tom realista, pois mesmo atingido o equilíbrio de ideias, aparentemente não será garantia de que todos os problemas advindos de tal desencontro de valores serão resolvidos.

Fevereiro - O Visconde Partido ao Meio, Italo Calvino ✔
Março - O Duplo, Fiódor Dostoievski
comentários(0)comente



Renato 29/05/2023

Bizarrices e outras fantasias
Italo Calvino é o mestre da fantasia e das fábulas aparentemente sem mensagens morais. Sua narrativa é pura diversão para o autor que não se importa em montar frases pungentes ou conclusivas que contrariam qualquer lógica ou racionalidade. A bizarrice de seus personagens leva o leitor em busca de mensagens ocultas ou associações com a realidade, nem sempre com sucesso. Parece exigente mas é instigante e agradável graças à narrativa fluída e criativa e aos personagens de uma humanidade entre o virtuoso ao cruel. Ambientada num feudo medieval a história, contada por uma criança, mostra a mudança ocorrida no visconde, seu tio, após o fracasso de sua investida contra os turcos e seu retorno mutilado (partido ao meio). Sua volta torna-se um tormento ao feudo com castigos sem motivo algum, crueldades gratuitas e outras maldades. A esse meio visconde se contrapõe sua outra metade que retorna tempos depois cheio de bondade e compaixão. Eis a moral da história. Somos todos seres incompletos e contraditórios.
comentários(0)comente



Jardim de histórias 13/01/2023

Italo Calvino ?? sensacional!!!!
Um conflito de dualidades com um contexto alegórico e irônico, que nos apresenta metaforicamente uma síntese do homem contemporâneo, mutilado inimigo de si mesmo. Quando me referi a uma história metafórica, fiz, devido à impressão que tive, de um diálogo interno, conflituoso. A narrativa excelente, traz uma história aparentemente simples, porém, repleta de um viés psicológico e filosófico muito bem delineado e intensamente perceptível.
Na história, conhecemos o visconde de Medardo Di Terralba, um homem cheio de conflitos, que ferido gravemente por uma bala de canhão durante a guerra entre cristãos e turcos, ele é partido ao meio. Por um milagre da literatura, o visconde sobrevive. Ao retornar somente com sua metade direita, logo se percebe que algo mudou. Perverso, egoísta, assim se apresenta sua metade considerada o lado mau. Porém, logo que surge na história sua outra metade, o seu lado esquerdo. Altruísta, benévolo, o que era para ser o lado bom, logo, se apresenta excessivamente bom, e ao invés de ajudar, acaba atrapalhando e causando grandes confusões. A forma criativa e divertida que Italo Calvino nos envolve nesse tema é impressionante, ele nos transporta para grandes reflexões em um conceito literário totalmente atemporal de um contexto polarizado, indicando seus extremos e a importância de que nada pode se contrapor a razão. Ah! Sobre o conflito de dualidades, a história mostra que mesmo sendo partes de nós mesmo, somos nossos erros e acertos, estamos sempre em conflito, nos descobrindo sempre buscando um equilíbrio.
comentários(0)comente



Thamiris.Treigher 07/07/2022

Luz e sombra.
Durante a guerra contra os turcos, o visconde Medardo di Terralba é atingido por um tiro de canhão no peito. Mas, ele não morre! Fica com uma parte do corpo intacta e a outra parte completamente destruída.

Graças ao trabalho dos médicos, porém, ele consegue sobreviver com a metade que restou. Mas o que aconteceu com a outra metade? Ao voltar para sua terra, todos desconhecem o novo comportamento do visconde. O que mudou? A verdade é que a outra metade ainda está viva, e ressurge. Uma metade é completamente má, e a outra é completamente boa.

Diversas situações, das mais trágicas às mais hilárias, são provocadas pelas metades do visconde, em uma completa divisão entre "anjinho/diabo". Nunca se sabe a metade que vai aparecer!

Porém, podemos pensar que a metade boa do visconde é uma ótima personalidade. No começo, sim. Mas, com o tempo, as pessoas vão percebendo que a metade "boa demais" é na verdade de um visconde completo chato, que acha que pode interferir na vida das pessoas, ensinando e dando conselhos que não foram solicitados, com a desculpa de "ajudar".

"Nos sentíamos como perdidos entre maldades e virtudes igualmente desumanas", diziam os moradores da cidade. Por isso que, já na apresentação do livro, o autor Italo Calvino diz: às vezes os bons, as pessoas demasiado programaticamente boas e cheias de boas intenções, são uns chatos terríveis.

Como solucionar tal problema? Como o visconde pode sair dessa situação e encontrar um equilíbrio? Tem que ler pra saber! Adorei o livro, só queria que ele fosse um pouco maior para explorar ainda mais situações que essas duas metades poderiam causar.

Um livro sobre a natureza do ser humano, sobre nossas luzes e sombras e sobre como conviver com nossos dois lados! Excelente.
Carolina.Gomes 11/07/2022minha estante
Fiquei curiosa. ?


Thamiris.Treigher 12/07/2022minha estante
Achei bem interessante, Carol! ?




Daniel.Paulo 31/03/2021

Perfeito na sua metade imperfeita
Exelente livro, apesar de ser algo bem irreal nos faz refletir sobre nossa dualidade comportamental, ele nos faz perceber por exemplo que o mal exagerado realmente é prejudicial, mas que a bondade exagerada é tão prejudicial quanto, apesar disso tudo achei o final um pouco triste.
comentários(0)comente



Pedro.Gondim 16/07/2021

Qual parte nos predomina?
"Assim passavam os dias em Terralba, e os nossos sentimentos se tornavam incolores e obtusos, pois nos sentimos como perdidos entre maldades e virtudes igualmente desumanas." (p. 90)
comentários(0)comente



Caroline457 09/12/2023

Bem X Mal
O livro é um romance bem curtinho escrito por um dos mais renomados escritores europeus, sendo o primeiro da trilogia "Os Nossos Antepassados". "O Visconde Partido ao Meio" conta com uma escrita bem leve, divertida, metafórica e reflexiva.

Inicialmente, somos apresentados à figura de Medrado de Terralba que, ao travar uma guerra, acaba tendo seu corpo separado em duas metades em batalha. A partir deste momento, a narrativa nos introduz, aos poucos, às duas personalidades características de cada uma das metades.

A primeira metade é a má, a qual passa a aterrorizar a comunidade local com suas atitudes agressivas e mal intencionadas. Por outro lado, há outra metade, extremamente boa, gentil e solícita com a população. No entanto, logo podemos observar que, por mais que as intenções do lado bom sejam as melhores, elas sempre acabam ocasionando mais conflitos e problemas.

Ao meu ver, o livro é uma reflexão tanto acerca da construção da personalidade humana, quanto de qualquer forma de polarização de ideias. É uma bela comprovação do fato de que extremismos são pensamentos equívocos e que sempre devemos agir com equilíbrio ao tomarmos decisões.
comentários(0)comente



Camila 04/05/2020

Embarquei nessa história sem conseguir largar, sendo surpreendida a cada novo detalhe. A mente de Ítalo Calvino é uma coisa maravilhosa.
comentários(0)comente



Dávila 15/05/2021

Um (?) Visconde incomum.
Daqueles livros de Ítalo Calvino que são tão bons que você precisa reler sempre quando possível
Medardo, o visconde do título vai à guerra e...
Usando o fantástico, o absurdo Calvino nos conta essa fábula, uma maravilha que só a forma de narrar do autor de "O Cavaleiro Inexistente" poderia nos proporcionar.
É tb um ótimo começo se vc nunca leu nada dele.
Aqui a tradução (ótima) é de Joel Silveira.
E o livro inclusive já virou espetáculo teatral do Grupo Galpão com o nome "Partido".
comentários(0)comente



Isa Bom O 24/03/2021

Que doideira
Visconde partido ao meio é uma narrativa que se trata literalmente de um visconde partido no meio, o que para mim não me agrada pois não sou tão irreal, e há uma certa dificuldade em imaginar o cenário, mas por meio dela podemos ver uma repartição do ser humano no cotidiano, com metáforas sobre nós mesmos.
comentários(0)comente



Nassy 07/05/2009

O bom e o mau
O livro pode ser lido em um dia, de tão rápido que correm os fatos!
A história me levou à clássica conclusão de que ser bonzinho demais é ser bobo, e ser mau demais é ser tirano. Ser completamente bom ou completamente mau é uma ilusão, pois não torna o ser completo, ele precisa de sua outra metade para manter o equilibrio de suas ações.
Daniel 21/06/2014minha estante
Sensacional




Tuts 29/09/2020

Polarizações
Um livro com uma mensagem interessantíssima acerca das polarizações políticas.
comentários(0)comente



Mateus 30/01/2024

O jovem Medardo di Terralba
Conheço parte da obra do grande Italo Calvino, e sempre sinto como uma leitura muito agradável, e dessa vez não foi diferente.

No início do livro já fui conquistado com a frase de que a literatura deve ser feita para divertimento e que isso é coisa séria, o autor se propõe a criar um conto fantasioso e com alguns ensinamentos, onde o herdeiro a visconde vai ingenuamente para guerra e volta partido exatamente ao meio, e você deve se perguntar como isso é possível, sobreviver apenas com metade de si, também não consigo te explicar, mas deixe a imaginação trabalhar e embarque nisso.

Amei esse livro curto, foi uma história sobre bem e mal, coisas que permeiam a história da humanidade, e o final foi muito legal. Indico essa leitura.
Flávia Menezes 30/01/2024minha estante
Sua resenha me deixou curiosa sobre esse livro. Steinbeck traz bem isso do bem e o mal em ?A Leste do Eden?. Quando lemos algo, é impressionante como outros livros sobre o assunto vão surgindo também.




Carla 28/09/2021

Boa mensagem, mas...
Primeiro escrito que leio de Calvino e não me agradou muito o jeito rebuscado de contar uma história que, em sua essência, é bem simples.

Há uma longa explicação em algumas edições sobre o que o conto quer dizer, pq foi escrito, e qual contexto histórico, etc.

Quando esse material aparece após os escritos penso que acrescentam, mas não costumam ser indispensáveis para o entendimento do texto. No entanto, quando o autor começa com essa longa explicação, já se adivinha um conto de difícil leitura, onde os elementos estão mais escondidos que acessíveis aos leitores.

Lerei outras coisas do autor um dia...
comentários(0)comente



129 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR