Sargento Getúlio

Sargento Getúlio João Ubaldo Ribeiro




Resenhas - Sargento Getúlio


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Vilamarc 24/06/2021

Caricatura policial
Getúlio é um sargento da PM, jagunço de coronel, que recebeu a missão de transportar um preso político desafeto em Paulo Afonso na BA para Aracaju.
Na viagem tendo como companheiro o amigo motorista Amaro, as mudanças políticas acabam por abortar a missão, mas Getúlio não se convence e contra todas as evidências prossegue a viagem, atordoado pelas explosões de lembranças de sua vida violenta.
Escrito pelo jovem João Ubaldo em 1971, ano da radicalização militar no Brasil, Sargento Getúlio apresenta no melhor estilo herdado de Guimarães Rosa, uma prosa constituida de regionalismos e neologismos, que mergulham o leitor numa narrativa de fluxos de consciência ininterruptos.
O militar chegando ao seu destino, já sem missão oficial, depois de torturar cruelmente o preso indefeso, perder o amigo e a esposa em conflitos armados, percebe que faz parte de um bando fardado cumprindo ordens nem sabe mais de quem.
Mas se engana que não sabe que tudo isso é apresentado com o humor mordaz próprio de um grande escritor. As cenas de tortura são tragicômicas. Apresentando uma triste caricatura das forças policiais de ontem e de hoje.
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Bia Torrezam 11/02/2021

Muito confuso
O livro é inovador, mas é extremamente difícil compreender a história e o que acontece com os personagens.
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Aline 11/09/2020

Livro com um linguajar muito peculiar do seu contexto e que pode gerar desconforto pra quem lê e não está acostumado com a linguagem nordestina.
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Ana Seerig 18/07/2020

Outro sotaque brasileiro
"Como é que eu posso sumir, se primeiro eu sou eu e fico aí me vendo sempre, não posso sumir de mim e eu estando aí sempre estou, nunca que eu posso sumir." (p. 84)

São passagens como essa que fazem a gente se aproximar de Getúlio Santos Bezerra, um sargento que nada mais quer que cumprir a missão que lhe foi dada. Alheio à política, o que lhe importa é manter sua palavra, nada além. Ele prometeu levar o prisioneiro até Aracaju e é isso que pretende cumprir, mesmo quando lhe dizem que a missão foi cancelada.

É um livro curto, mas a leitura não é fácil. Toda a narrativa é em primeira pessoa, com a inconstância de um monólogo e o sotaque sergipano da época (Ubaldo cresceu em Sergipe). O próprio autor traduziu pro inglês - o que serviu de referência para edições em outros idiomas -, mas eu imagino que metade da história se perdeu no caminho. Como se traduz a fala regional?

A escrita difere tanto de "O sorriso do lagarto" que é inevitável constatar que João Ubaldo Ribeiro foi um grande escritor. Me pergunto como foi possível passar tanto tempo consumindo literatura nacional (não-obrigatória) sem ouvir menção a seus livros.

"Sargento Getúlio" é uma história brasileira demais, com um personagem que encanta pela inocência de quem acreditou que o destino da vida é "ser macho", sem pensar em política ou almejar bens materiais. Em meio à poeira do Nordeste, passar fome é detalhe, o importante é cumprir com a palavra, sem medo. Adianta viver bastante e acomodado? Por isso que Getúlio retrata bem o Brasil. Diferentes gerações de brasileiros, de norte a sul, foram movidos pela teima, estivessem certos ou não.

É o tipo de livro que volta e meia vai ressurgir na cabeça, do nada, e a gente tenta lembrar quem contou tal história - provavelmente vou demorar pra lembrar que foi Getúlio.

site: https://www.instagram.com/anaseerig/
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Patresio.Camilo 08/07/2020

Um que de saudosismo
Resenhar João Ubaldo, me traz um que de nostalgia. Lembro que tive contato com parte da obra dele logo no início do colegial, porque tinha um médico na minha cidade que doava jornais para biblioteca da minha escola, e dentre eles tinha O Globo, que sempre tinha uma crônica dele.
Achava o máximo. Depois vi uma entrevista dele, e não teve como não gostar daquele senhor engraçado, e sempre tão cirúrgico nos comentários.
Mas nunca tinha lido nenhum livro dele. Tinha essa dívida com o João Ubaldo.
Sinceramente, quem sou eu para resenhar o João Ubaldo.
O livro é muito bem escrito, traz toda a riqueza que o Nordeste brasileiro tem. Linguagem impecável.
Mas os personagens não empolgam.
O Sargento Getúlio, não se sente, nem antipatia ou simpatia.
Preciso ler outro livro do João Ubaldo, devo isso a ele. E que o próximo seja mais empolgante...
Sinceramente espero que alguém discorde de mim.
Rafael 17/02/2022minha estante
Posso ter deixado alguma referência passar ou não ter lido o livro da maneira correta, mas concordo contigo. Me incomodou bastante não conseguir ter empatia alguma pelo personagem principal. O cara simplesmente arrancou a cabeça de um desafeto e matou a esposa grávida.


Patresio.Camilo 17/02/2022minha estante
Rafael, tb penso isso... e ainda em dívida por não ler outro livro do João Ubaldo...


Rafael 17/02/2022minha estante
Patrésio, recomendo largar o que estiver fazendo e ler "Viva o Povo Brasileiro". Li esse livro já há alguns anos e lembro da sensação de algo mt diferente e acima da média. Achei mt
Mais acessível do que o "Sargento Getúlio". Esse que mencionou me lembrou bastante de "Cem anos de solidão" em alguns trechos.


Rafael 17/02/2022minha estante
* que mencionei


Patresio.Camilo 18/02/2022minha estante
Rafael, obrigado pela dica, mas vou ver e adquirir ele, até pq na minha cidade não tem biblioteca (pasme)




otxjunior 28/06/2020

Sargento Getúlio, João Ubaldo Ribeiro
Regionalismo à Guimarães Rosa, foi o que pensei desde a primeira página, que pode ser a mais difícil de virar, mas o bravo leitor será recompensado se decidir dar seguimento a jornada. Não é fácil mesmo acompanhar o fluxo de pensamentos, muitas vezes desordenados, do sargento do título no cumprimento da missão de transportar um preso político de Paulo Afonso a Aracaju. O vocabulário é diabolicamente próprio: neologismos, localismos e ubaldianismos num exercício de estilo visceral.
O conteúdo também impressiona, à medida que a missão atribuída ganha contornos subjetivos e transformadores. O leitor também muda no que tange seu enfrentamento com a obra, que tendo sua gramática única estabelecida, não mais oferece obstáculos a fluidez da leitura: a ausência de pontuação e períodos diretos parecem definir um ritmo impossível de parar até o final arrebatador.
Ainda com as passagens mais criativas de técnicas de tortura que já li, o livro consegue extrair humor (negro) dos momentos mais trágicos e coloca o autor entre os meus favoritos da literatura nacional. Dessa maneira, contrariando a opinião do protagonista sobre os baianos, João Ubaldo Ribeiro não desaponta.
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Andre 19/05/2020

Incomum, com seus parágrafos longuíssimos, exige concentração e atenção, mas a maneira que é escrito e a linguagem usada tornam essa tarefa relativamente fácil depois que você se acostuma. É uma história de violência, onde tudo é violento, a política, a terra, o clima e as pessoas.
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Paulo Santos 02/05/2020

Mundo em desordem
Obra genial! Sargento Getúlio é um homem acostumado ao mundo da ordem. Porém, o destino lhe coloca diante de uma realidade na qual todas as suas crenças são soterradas. Essa história é sobre toda a agonia do personagem diante do deslocamento que é viver num mundo no qual a verdade não é mais estática.
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Catarine Heiter 30/04/2020

Um romance regionalista, que narra os caminhos (e os percalços) percorridos por um sargento durante o transporte de um prisioneiro político. Uma rica aventura se desenrola em cada momento desta breve jornada, mas não é logo de cara que o leitor consegue compreender (e se afeiçoar) o que está acontecendo. A narrativa é bastante peculiar na sua forma de se apresentar e na forma como explora um vocabulário agreste/sertanejo. Foi fabuloso adentrar este ‘causo’ e me sentir sendo o interlocutor do protagonista. Adoro obras que exploram esta experiência do vocabulário regional e peculiar, o que para muitos leitores pode ser justamente a fonte de muito martírio. Eu recomendo!
Esta leitura foi motivada pelo desafio DLL 2020, na categoria Clássico da Literatura
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Biblioteca Álvaro Guerra 20/12/2018

Uma tragédia grega transposta para o sertão nordestino.
Sargento Getúlio, de 1971, é inspirado num episódio real: um homem conhecido como sargento Cavalcanti, gravemente ferido a tiros num atentado em Paulo Afonso, foi resgatado pelo pai de João Ubaldo, que então chefiava a polícia de Sergipe, e trazido com vida para Aracaju. Não podemos esquecer que estava no auge a ditadura militar, contra a qual João Ubaldo exprimia seu protesto, empregando uma inovadora forma literária.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/
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Gustavo.Romero 12/12/2018

Uma fábula sobre sobre ser brasileiro
Sargento Getúlio não é un livro que se apresenta simpático ao leitor: até seu terceiro capítulo, João Ubaldo exagera na tonalidade do regionalismo e transforma o texto, paradoxalmente, em prolixo. Porém, a partir dessa altura (quando o protagonista se dá conta que sua "missão" fora abortada por ordens superiores) a força do livro finalmente se impõe. João Ubaldo suprime qualquer distinção formal entre o ambiente externo e a mente do protagonista, e desse emaranhamento entre ação e pensamento forja o caráter de um tipo ideal sertanejo, que reflete a nossa própria formação como brasileiros, aquele tipo que Sérgio Buarque chamaria de "homem cordial ": o indivíduo de moral ambígua, insensível à constante banalização do mal, crente apenas em seu próprio discernimento, capaz igualmente de amar e odiar no mesmo ato, vilão e vítima do processo de endogeinizaçao da violência estrutural e da corrupção do "governo" e da "legalidade". Getúlio é o brasileiro típico, marginal por definição, que ao final do dia tem que se virar sempre por conta própria.
O brilhante desfecho do livro descreve a falta de perspectiva de nossa realização individual enquanto cidadão e nossa covardia e medo sufocados sob os rótulos da (pseudo) valentia - quanto mais próximo de sua morte, mais Getúlio se envolve na ilusão do "cabra macho". Observe-se que o fluxo narrativo entre a descrição e ilusão se torna definitivamente indistinto logo após Getúlio se recordar do farto almoço servido na casa de um "udenista" - supostamente adversário da "nação", mas amigo pessoal do "chefe" de Getúlio. Essa é a imagem mais impactante do livro: a suposta "oposição política" nacional nada mais faz do que se empanturrar com a fome de intelecto do populacho, cuja capacidade cognitiva fragmentada pelo processo permanente de violação apresenta como resposta à opressão apenas o esconderijo da ilusão e negação. Em suma, Getúlio é a síntese de nossa complexidade enquanto indivíduos negativos, nunca capazes de ações verdadeiramente afrimativas.
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Paulo Sousa 28/07/2018

Sargento Getúlio
Lista #1001livrosparalerantesdemorrer
Livro lido 3°/Jul//36°/2018
Título: Sargento Getúlio
Autor: João Ubaldo Ribeiro (BRA)
Editora: @edifora_alfaguara
Ano de lançamento: 1971
Ano desta edição: 2015
Páginas: 163
Classificação: ??????
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"Eu ia ser o maior cangaceiro do Brasil, o maior piloto de jagunço do Brasil e ia ter a maior tropa. E não me chamasse de sargento, me chamasse de capitão. Ou me chamasse de major" (Pág. 126).
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A tarefa era simples: levar um cruel e influente prisioneiro político udenista de Paulo Afonso até Barra dos Coqueiros, município conurbado com Aracaju. Mas, no meio do caminho, uma reconfiguração nas alianças de poder leva o mandante da prisão a ordenar ao sargento Getúlio Santos Bezerra abandonar a empreitada e liberar o prisioneiro.
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Homem bruto do sertão, talhado nas mortes e experiente em tirar sangue, Getúlio se recusa a obedecer as ordens -- carregadas por terceiros -- e, desconfiando dos mensageiros armados, reitera que levará o prisioneiro até o Coronel Acrísio. "[...] vou levar esse traste arrastado ou espetado, naquele hudso até Aracaju, e chegando lá apresento ele". Seus únicos companheiros de viagem são o motorista Amaro e um velho Hudson.
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É claro que a empáfia do sargento não sai barato: à medida em que avança em direção à capital e a vegetação seca dá lugar aos mangezais, mais se envolve em brigas e conflitos armados. Com uma noção de honra própria de um vassalo e a valentia de um guerreiro, não aceita desaforo nem afrouxa seu sistema de valores particular. A preparação psicológica e a experiência em combate, por outro lado, fazem do sargento um homem que vale por vinte!
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João Ubaldo Ribeiro se inspirou nas histórias reais narradas por seu pai, Manoel Ribeiro, que fora chefe da Polícia Militar de Sergipe, para escrever Sargento Getúlio, publicado em 1971. A narrativa se passa em torno da segunda metade do século 20, quando metralhadoras eram uma raridade no arsenal da Polícia Militar -- principalmente no interior nordestino. A primeira ideia que vem à mente quando o leitor se depara com o título e a capa da nova edição -- um muro velho crivado de balas -- é violência. Mas o autor trata de mostrar a humanidade que existe debaixo de toda a camada de brutalidade e revela sentimentos ainda menos compreensíveis: rancor e medo.
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O livro é narrado em primeira pessoa -- na verdade é um monólogo -- e o discurso é sempre indireto, embora entrecortado com alguns poucos diálogos. O domínio do tempo na narrativa é extremamente complexo -- não é à toa que rendeu um Prêmio Jabuti ao autor na categoria "Revelação. Em alguns momentos, o personagem descreve eventos que se passaram muitos anos antes que tiveram muito ou pouco impacto em seu caráter. Em outros, narra um tiroteio no qual se envolveu há poucos dias com riqueza e precisão de detalhes.
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O monólogo é calcado no linguajar típico do interior nordestino, coloquial, quase um dialeto. Ubaldo resgata e ressignifica termos que jamais seriam ouvidos em uma conversa de esquina atualmente. Tudo na linguagem remete à cultura popular que, como o leitor haverá de descobrir, é riquíssima e complexa. Esse aspecto mostra um lado do coronelismo que ninguém se importa muito de conhecer: o dos matadores, jagunços, dos cabras simples e ignorantes que, a mando do político ou coronel, agem sem piedade. Numa tremenda inversão, o autor traz o desumano violento para a ribalta e coloca os graúdos mandatários na periferia, criando uma denúncia contundente contra uma estrutura de poder que desafia leis e estabelece seu próprio comando. De repente os bandidos não são tão simplórios, eles têm uma história, têm desejos, cultura, alegrias e gostam de viver. Alguém tirou isso deles.
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A trajetória é concluída quando Getúlio se vê diante da 'força', um destacamento de soldados. "Aquele homem que o senhor mandou nessa condição, no hudso preto com Amaro, que nem estava lá na hora e estava dormindo na Chefatura ou olhando os crentes na Rua Duque de Caxia, que ele apreciava os cantos dos crentes, eu acho, pois então, aquele homem que o senhor mandou não é mais aquele. Eu era ele, agora eu sou eu". A viagem transforma o sargento, muda seu pensamento, dá uma nova perspectiva. Vale, e muito!
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Adriana 30/07/2017

Desafio literário
A declaração do autor em uma entrevista, descreve bem sua obra "Sargento Getúlio é um romance engajado — persegui esta espécie de autobiografia fantasmagórica, mas com maior distância. É, de certa forma, um retorno à minha infância, ao universo de Sergipe, com sua brutalidade, seu primitivismo ao qual dei uma dimensão mais ampla — ética e política". O personagem é cruel, rude, falastrão, machista e matador profissional, a narrativa começa com monólogo e com poucos diálogos, a narrativa com vocabulário próprio e o linguajar sem sentido e cheio de raiva, me deixaram bastante confusa, ainda não sei se gostei da obra. O ambiente molda o homem e suas experiências finalizam a obra. O livro ganhou Prêmio Jabuti de 1972 como autor-revelação.
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João Luiz 12/05/2017

Sargento Getúlio é um policial que recebe uma última missão antes de sua aposentadoria. Deve levar um preso político de Paulo Afonso até Aracaju, durante a viagem ao lado de seu colega e motorista Amaro, irão passar por várias dificuldades e reviver velhas lembranças. Um livro muito interessante, com uma linguagem bem regional que poder ser uma dificuldade para algumas pessoas, mas nada tão difícil. Uma excelente história que enaltece nossa cultura!
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