Marvel Comics: A História Secreta

Marvel Comics: A História Secreta Sean Howe




Resenhas - Marvel Comics


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Biblioteca Álvaro Guerra 07/02/2024

O universo de super-heróis da Marvel Comics começou nos quadrinhos , mais hoje se espalha por filmes, desenhos animados , seriados de tv , games , bonecos ,camisetas , mochilas e imaginações em todo o planeta .Renovando gerações de fãs desde a década de 1930 , a Marvel criou a narrativa ficcional mais extensa da história e é uma das maiores potências da cultura pop global

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788580448801
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oramauricio 23/01/2023

BOM, PORÉM...
Livro extremamente obrigatório para os fãs da MARVEL! Riquíssimo em informações importantes que revelam a construção de um dos maiores impérios do entretenimento. Achei cansativo em alguns momentos, principalmente pela quantidade de nomes, endereços, termos judiciários etc.
Vale a pena ter na estante.
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Xandy 25/02/2022

Todo fã de quadrinho precisa ler esse livro, para entender a história de como a Marvel foi construída e que ela não é toda essa maravilha que pintam. O que me deixa mais triste nisso tudo é saber que Stan Lee leva crédito por coisas que não foi apenas ele quem criou e em como a empresa foi bem escrota com Jack Kirby.
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Tuninho 29/12/2021

A história por trás da história
Impressionante a história da maior editora de quadrinhos do mundo. O livro conta tudo e mais um pouco dos bastidores da Marvel. Seus personagens, seus egos, seus erros e acertos. Vale muito a pena a leitura.
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Nanda 17/09/2020

É treta atrás de treta kkkk
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Ana Prazeres 04/08/2020

Vale a leitura
O livro é bem interessante. Para aqueles fãs de HQ's e que conhecem os criadores (todos, não só Stan Lee) deve ser bem divertido saber sobre tudo o que o livro relata. Mas para aqueles que não são, ou que estão tendo um primeiro contato mais profundo com esse mundo, o livro não seria bem uma entrada. Porque trata as histórias como se todos já conhecem as personagens. Sem fotos, quem não conhece para o tempo todo para procurar pela internet, sem contar algumas datas e acontecimentos pelos EUA que acredito só que vivenciou sabe ou quem estudou sobre isso (tem por exemplo um protesto que iria morrer sem saber que isso aconteceu).
Também achei o final muito corrido. Como se não tivesse muito o que contar ou como se não houvesse material.
Mas acho que para aqueles que querem ter um embassamento melhor sobre a história do mundo das HQ's vale a leitura.
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Matheus Alves Carmo 07/05/2020

Um pouco arrastado, mas ótimo para fãs
Como um grande fã da Marvel, sempre quis ler esse livro.
Ao longo das páginas, a imagem da empresa bonitinha é desfeita, e nos mostra a realidade burocrática e com inúmeras intrigas.
Alguns momentos são muito arrastados o que torna a leitura mais lenta, mas no geral o conteúdo é ótimo e certamente agrada os fãs mais curiosos.
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Aninha.Laureano 15/02/2020

...
Muito grande e cansativo, li por estar usando o unlimited mas não pagaria pra ter esse livro. Tem partes bem interessantes mas uma versão mais resumida me chamaria mais atenção.
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Flaubert.Echnaton 30/01/2020

Interessante
A obra mostra os bastidores da empresa ao longo das décadas! Disputas pelo poder e pelos créditos das personagens da Marvel!
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r.morel 09/10/2018

Marvel Comics — A História Secreta|No comando, enfim, os super-heróis!
(I)
Quando pensei em escrever sobre o livro “Marvel Comics — A História Secreta” (2012), de Sean Howe, das ideias pensadas nenhuma vingou porque nenhuma definitivamente prestava. Atolado em não-palavras, refuguei na Breve Análise Literária. Como iniciar o texto era enigma doutro mundo à John Carpenter. Ao passar os olhos indecisos nas minhas anotações nas margens das páginas e ler um dos trechos sublinhados com marca-texto verde fluorescente a reflexão de Chris Claremont, roteirista dos X-Men em uma das fases principais do grupo de heróis, época de ouro que transformou os mutantes em queridinhos do público, iluminou os meus pensamentos. Sim. Sim. Talvez por isso, a princípio, devoramos quadrinhos e nos arremessamos na ficção mais além da imaginação possível e crível… bem, foi essa daqui a fala de Claremont: “Raramente você encontrará entre os fãs, seja de gibis ou de scifi, um espécime humano magnífico. O caso é que, se você tem cabeça ou físico bem formados, não precisa de fantasia — a realidade já basta. Só se joga na fantasia quem precisa dela, e quem precisa de fantasia geralmente está carente de alguma coisa”.

Difícil não concordar. Somos nós os necessitados. Cá estamos juntos no balançar das teias do Homem-Aranha pelos arranha-céus da Manhattan nunca visitada… ali vamos na fúria descontrolada de um Hulk selvagem Hulk esmaga no deserto gama solitário… tentamos nos proteger das pedradas contra os mutunas e, desesperançados, nos refugiamos escondidos nos esgotos com os Morlocks… acho que isso basta… o prazer interno valia o desprezo alheio…

(II)
Não duvido que hoje (e também amanhã) mais pessoas assistirão aos filmes da Marvel no seu lucrativo expandido Universo Cinematográfico do que lerão suas histórias em quadrinhos. A porta de acesso aos super-heróis, e a de permanência, está nas salas de exibição com baldes de pipoca no colo e coca gelada. As HQs foram a origem, mas restam agora léguas atrás na preferência do público. E no business o público é Deus. Onipotente ser que manda e desmanda com a manopla incrustada por Joias do Infinito na maneira do vilãozão Thanos e as grandes empresas, sobretudo elas, porém os microempreendedores surfam onda igual, todos correm atrás desse desejo do cliente-consumidor pois dele vem o dinheiro pesado.

Se um livro deve ter apenas uma qualidade, “Marvel Comics — A História Secreta” prima por narrar uma daquelas transformações mitológicas de promissores negócios pequenos, quase de fundo de quintal, em players dominantes no seu mercado com tentáculos multinacionais que sugam toda a energia vital ao redor para sufocar os concorrentes, que vimos, por exemplo, nas biografias do McDonald’s ou da Apple. Sei que exagero nas tintas ao teclar frenético no teclado considerações econômicas, no entanto, a imagem vai por aí. Pergunto: quem disputa com a Marvel?! Sugiro: a DC?! Respondo: nããã. Os clássicos supers da DC não são tão blockbusters quanto os carismáticos defensores da Marvel. E não tenho preferência por “A” ou “B”. Gosto de enredos, personagens e roteiros elaborados com MacGuffin e the end com final feliz e uma e outra morte trágica de personagens secundários para sacudir o ambiente rotineiro. Só que a Marvel+Disney não deixam espaço para ninguém. A DC tem a sorte de possuir no catálogo de produtos a Mulher-Maravilha e o Super-Homem e o Batman e depois o resto da turma — Flash, Aquaman e… e… e… eu sei que existem outros, infindáveis outros de capas e força tremenda e poder de voo, no entanto, eles causam diminuta repercussão e as vendas se fazem nos holofotes com os suspeitos de sempre Clark e Bruce e Diana. A Image Comics sobrevive, ela que chegou a emparelhar no topo do ranking nos anos 90. E quem mais?! (excluo do questionamento os quadrinhos rotulados para adultos + independentes/underground) E os super-heróis de cada país?! (aqui excluo o Japão, um caso para outro ensaio). São tão nobodys quanto desconhecidos. Dois bons, quatro cinco desnecessários. Pecam pela mesmice patriótica. Fracas simulações dos produtos Marvel/DC. Artigos de colecionador, objetos para fãs obsessivos, ou mera curiosidade em duas clicadas no Google. E só. A Marvel derrotou os adversários e levou o prêmio máximo (enorme fatia do amor do público que eles convertem em muitos dólares recheando as planilhas Excel do setor de contabilidade). A Marvel consolidou-se. É uma interessante inspiradora trajetória vencedora no mundo dos negócios a que Sean Howe conta em 496 páginas.

(III)
Os fatos históricos sobre a Marvel e o nascimento da indústria dos quadrinhos nos EUA (e por consequência como o fenômeno reverberou pelo mundo) aprendemos que eles caminham lado a lado, casal Manto & Adaga. E, se o mercado de gibis prosperou e se mantém saudável — e com notório encorpamento devido às táticas transmídia e à virtude influenciadora de Hollywood e das suas queridas stars — , agradecimentos devemos às iniciativas criativas dos profissionais liderados por Stan “The Man” Lee em escritórios minúsculos em Nova Iorque nos primórdios do Tocha Humana androide e do temperamental Namor, O Príncipe Submarino, dentre outros pioneiros, dezenas centenas milhares de personagens icônicos inventados pelo grupo. Não que os quadrinhos tenham começado com os super-heróis, porque não começaram, e não que a Marvel tenha sido a desbravadora no ramo que hoje é best-seller, porque não foi já que a DC veio antes em 1933, porém, os uniformes collants coloridos e os poderes inimagináveis reforçaram o entusiasmo em ler gibis, convencendo crianças e jovens e jovens adultos a gastarem seus níqueis com a diversão ilustrada. E foi isso que Sean Howe registrou “Lee e o pequeno grupo de artistas freelancers, todos de idade avançada, insistiram numa mídia ignorada ou ridicularizada por grande parte da sociedade. A seu modo, também estavam deslocados. O que faziam, porém, começou a atrair e fomentar uma comunidade de admiradores”.

Devemos reparar na situação que se repete: o prazer interno valia o desprezo alheio e ao prosseguir no trabalho a Marvel amenizou a desconfiança do público em geral contagiando-os de forma viral. É o carisma. Por mais que sejam elaboradas complicadas teses acadêmicas-científicas para explicar a atração de pessoas por certas pessoas e por determinadas coisas tais dissertações de mestrado elas simplesmente não dizem tudo. Trata-se do inefável. A repugnância anterior não é mais válida. As pessoas gostam de super-heróis. As pessoas gostam da Marvel. E as pessoas gostam de quadrinhos. É um fato. Mais saudável ser nerd atualmente do que há décadas quando era capaz do ato banal de carregar a tiracolo um maço de gibis ser o pretexto aceitável para ser transformado em objeto de zoação e quiçá posterior alvo de pancadas a torto e a direito no estômago e na cara. A depender do local de realização era um passatempo insalubre perder-se nos devaneios de uma revistinha.

(IV)
Reflexões sobre os personagens Marvel transitando em várias histórias: a policial Betty Dean , uma coadjuvante, foi o primeiro elo entre personagens. Ela era amiga de Jim Hammond (alter ego do Tocha Humana original) e em determinada história perdida no tempo ela diz para Namor que o Tocha está atrás dele. Assim, de maneira simples em uma breve fala, a senhorita Betty Dean foi a intermediária entre dois ambientes de super-heróis inserindo-os em um mesmo universo. Afirma-se que essa foi a primeira ocorrência de uma interação ficcional nos quadrinhos, e proponho acreditar no fato descrito por Sean Howe, porém, na Literatura, o artifício de colocar personagens noutros enredos em cenários diversos foi amplamente usado pelo escritor francês Honoré de Balzac, que tornou a tática famosa na sua épica obra-prima “A Comédia Humana” (95 obras concluídas, 2.500 personagens), sendo ele considerado o inventor da técnica do retorno de protagonistas como coadjuvantes ou figurantes ou apenas citados en passant pelas cenas e diálogos (se é que a Mitologia Grega não o precedeu…).

Com a Marvel, fomos acostumados a ver capas chamativas com manchetes em caixa alta histriônica promover duelos entre os super-heróis. Homem-Aranha x Wolverine. Hulk x Thor. Mais desavenças entre mocinhos do que lutas contra vilões. As alternativas são infinitas e os roteiristas/editores provavelmente esgotaram quase todas elas na ânsia de atrair vendas no mar confuso das bancas de jornais e lojas especializadas abarrotadas com produtos nas vitrines e prateleiras. Fora a ótima solução para ampliar o Universo Marvel, e torná-lo coeso, autorizar o encontro de protagonistas é marketing útil para se destacar na multidão. Quantos não compraram no impulso uma revistinha porque o desenho da capa era muito mais muito maneiro e prometia uma briga encardida entre Howard, o Pato e o Visão pelo amor da Feiticeira Escarlate?!

(V)
O Método Marvel de produzir HQs é algo que podemos destrinchar um pouco nesse livro. Finalmente descobri de forma objetiva e passo para frente: os desenhistas não trabalhavam com um roteiro, mas com o argumento, raso, incompleto, quase como se fosse a sinopse da história. Depois os desenhos voltavam para Stan Lee rabiscar os diálogos e finalizar a parte escrita. Os desenhistas tinham a incumbência de criar quadros que funcionassem por conta própria, sem palavras, e possuíam também a liberdade para inventar personagens e subtramas. Os desenhistas, ao compararmos com o Cinema, não eram somente meros diretores de fotografia. Demandavam que fossem muito além do enquadramento perfeito e da iluminação chiaroscuro correta. Eles operavam também como editores, pois as ilustrações careciam de ritmo, porém, no Método Marvel, os desenhistas, na verdade, exerciam o papel de diretores do filme, os cineastas das HQs, apesar de alguns não ficarem satisfeitos com tanta responsabilidade criativa (e um deles disse “Era como enfiar a mão nas minhas entranhas e puxar…”) provavelmente não acompanhada por remuneração equivalente. Talvez pensar que você executa dois serviços, e sobrecarrega-se na prancheta, e pelo esforço redobrado recebe por apenas um deles realmente não animasse os desenhistas com tantos espaços vazios para preencher. Bem, de qualquer forma, compreendido?! Compreendido. Ao trabalho!

(VI)
Curioso é descobrir que a Marvel, menosprezada, até que bem rápido inspiraria artistas como Roy Lichtenstein (pegou um close dos olhos do Magneto desenhado por Jack Kirby para seu quadro de 1963 “Image Duplicator”) e Paul Morrissey (amigo de Andy Warhol; esse pegou trechos de um gibi para ser lido em um filme curta-metragem experimental de título “A Origem do Capitão América”). Sem mencionar as artes das histórias (bem, já mencionei…), ilustrações de altíssimo nível técnico e com baita inventividade, que não se restringiam ao básico. Marvel era mais do que as cenas de ação, por mais que a maioria dos leitores pouco percebesse ou se interessasse — todos arrebatados estavam pela porrada entre super-heróis. Porém, os artistas tinham suas convicções, inspirações, obsessões, e, se possuíam a liberdade para trabalhar, ora, trabalhariam, como Jim Steranko em “Nick Fury, Agente da S.H.I.E.L.D”, série muito elogiada por Sean Howe, tanto que atiçou a gana em varrer sebos atrás desses números históricos, e as palavras e frases do autor do livro são as ideais para descrever o deslumbre do Fury de Steranko:

“Círculos concêntricos, diagramas em perspectiva e outras sacadas geométricas conspiravam para fazer de Nick Fury o gibi mais psicodélico desde o Doutor Estranho de Ditko. Steranko recorria ao Spirit de Will Eisner e aos títulos de terror da EC por Johnny Craig em busca de inspiração, e a tendência futurista da série lhe garantia brinquedinhos hightech, em todas as páginas, desenhados à elaborada moda kirbyana. Mas, enquanto Kirby tinha páginas inteiras, Steranko fazia páginas duplas — até quádruplas, obrigando o leitor a comprar dois exemplares e botar lado a lado se quisesse observar o panorama completo. Havia acenos a Salvador Dali, Eadweard Muybridge, Richard Avedon e aos filmes de Robert Siodmak e Michael Curtiz, além de artistas comerciais contemporâneos como Richard M. Powers e Bob Peak. Era o Pós-Modernismo na Merry Marvel. A combinação de referências e de arte deslumbrante, quase matematicamente perfeita, traía certo distanciamento emocional. Mas a obra de Steranko nunca caiu no humor afetado; tampouco vendeu absurdamente. Para um público fiel composto de tecnófilos, maconheiros e estudantes de arte, “Nick Fury, Agente da S.H.I.E.L.D.” era o ápice da arte dos quadrinhos.”

(VII)
No filme “A Primeira Noite de um Homem” (1967), de Mike Nichols, o personagem de Dustin Hoffman, o jovem e perdido Ben, escuta o conselho profissional de um amigo do seu provável sogro e o tal amigo, experimentado em ocasiões da vida, ele só diz “plástico”. A fala enigmática embaralhou o raciocínio de Ben e o meu idem. Como assim “plástico”?! O diálogo completo foi o seguinte:

Sr. McGuire (o tal amigo): Eu só quero dizer uma palavra para você. Só uma palavra.
Ben: Sim, senhor.
Sr. McGuire: Você está escutando?
Ben: Sim, estou.
Sr. McGuire: Plástico.
Ben: O que exatamente o senhor quis dizer?
Sr. McGuire: Existe um grande futuro no plástico. Pense sobre isso. Você vai pensar sobre isso?

Sim, senhor McGuire. Há séculos, desde que assisti ao filme famoso pela clássica cena de sedução do pobre Ben pela terrível femme fatale Mrs. Robinson (em inglês soa melhor; botar um “senhora” antes do sobrenome coloca junto uns 80 anos em Anne Bancroft, que tinha 36 na época, 6 a mais do que Hoffman), desde então eu penso sobre isso: “plástico”. Que diabos seria esse futuro brilhante chamado “plástico”?! E como fui cego por anos e anos até a exposição da cronologia do sucesso Marvel esclarecer a minha estupidez. “Plástico” é sinônimo para licenciamento de produtos. Touché, senhor McGuire! Enfim, rá, rá, captei a #FicaADica do senhor, um cara maneiro, para o indolente e preguiçoso Ben Braddock que até hoje flutua na piscina à tarde sem absolutamente nada para fazer. Pois, “plástico” = Ele deveria procurar um emprego no ramo das quinquilharias e foi nessa área soberba em inutilidades propícias ao fomento de obcecados acumuladores que a Marvel presumiu um ágio formidável e na mosca os empresários espertos acertaram. O imaginado e o inimaginável estampariam a marca Marvel Comics. Com o desenvolvimento do negócio os quadrinhos eram um dos setores da empresa, não mais o único, e muito menos o de maior fecundidade em dólares. O “plástico” valioso que atraía dinheiro em demasia, dobrando, triplicando os dividendos. A produção custava centavos. Paraíso. As coisas vendidas dez ou cem vezes mais caras. “Plástico”.

(VIII)
Entre os Vingadores e os Guardiões da Galáxia e os X-Men, super-grupos atualmente nos holofotes (de novo muito devido ao Cinema, pois, sejamos sinceros, quase ninguém dava a mínima para o Senhor das Estrelas e seus parceiros de lida), pensar no Quarteto Fantástico é saudosismo que irrita o próximo aficcionado em “I am Groot!”. Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e, last but not least, Benjamin Grimm. Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana, Coisa. Quatro como os Beatles, uma turma enxuta, funções distribuídas, poderes se complementando, cada um tem a sua hora de brilhar, companheirismo sem estrelismo egocêntrico, “Tá na hora do pau!”, sim, fluía consideravelmente bem as aventuras do Quarteto, um dos primeiros auges da Marvel e da azeitada dupla Lee/Kirby na vibe Lennon/McCartney, Pelé/Garrincha, Cebolinha/Cascão.

Ontem, eles eram reis. Hoje, Reed, Sue, Johnny e Ben lutam para escapar da geladeira burocrática dos direitos autorais relacionados à Sony para reviver os bons tempos de popularidade em alta. E como eram queridos… somos íntimos deles e a prova está na completa insignificância dos codinomes… basta chamar de Reed, Sue, Johnny e Ben, tocar na portaria do Four Freedoms Plaza e entrar sem pedir licença como a velha visita que sempre retorna. Humanidade. Esse o diferencial do Quarteto. Os alienígenas kryptonianos da DC, isolados na sua fria fortaleza siberiana, custaram a compreender o detalhe dos quatro fantásticos que avizinhava eles da gente.

(IX)
As plataformas criativas, os variados meios de se expressar, invariavelmente primam pela ambiguidade. O que é uma história em quadrinhos?! Em qual setor alocamos a dita-cuja?! Ela está mais para Cinema ou Literatura ou Pintura?! Qual é o seu diferencial?! É mesmo a Nona Arte como críticos ventilaram pela primeira vez na década de 60?! Jack Kirby, artista verdadeiro, vejam só, ele afirmou “Se vocês têm sua opinião sobre drogas, se vocês têm sua opinião sobre a guerra, se vocês têm sua opinião sobre economia, acho que podem falar disso de forma mais eficiente em quadrinhos. Acho que ninguém faz isso. Os quadrinhos são jornalismo. Mas agora estão restritos à novela”.

E a opinião do senhor Kirby relacionava-se com o argumento, capaz de transmitir a mensagem clara ao receptor. É possível, inclusive por alguns desejado, ir além de pows! e pofts! e clunks! onomatopeicos. Na época da fala do senhor Kirby (uma epifania?!), os quadrinhos, fora uma experiência underground esporádica (e, exatamente por ser underground, restrita), focavam nas aventuras de super-heróis e nelas permaneciam. Lemos, hoje, quadrinhos que são verdadeiros documentários, e, ao mesmo tempo, sem chatear didaticamente, abordagens com todas as boas características das revistinhas que aprendemos adorar. O que o senhor Kirby dizia sobre as possibilidades temáticas nesse futuro estamos.

(X)
Na história secreta da Marvel jovens empreendedores da Indústria Criativa podem captar boas lições de negócios. Se a intenção primeira do autor dessa biografia não foi discorrer sobre táticas de mercado, ora, no meio do caminho Sean Howe deve ter percebido que, sim, as lições de negócios naturalmente se intrometeram entre a gênese dos super-heróis fama intergaláctica. Para a melhor fruição dos ensinamentos econômicos iremos por breves partes em vezes de aforismos à Warren Buffett (e recordo: já sabemos sobre o imprescindível licenciamento de produtos… “plástico” é o pote d’ouro no fim do túnel):

1_Acostumar o público a determinada mercadoria é um drama recorrente. É preciso adestrar o consumidor. Incutir pouco a pouco a novidade, os novos valores.
[A tese está nesse trecho… “O objetivo da DC, disse ele, deve ser aumentar os preços um pouco mais, tentando construir o mercado para séries de 50 cents. A Marvel acha que pode entupir o mercado de séries a 20 cents e assim conquistar tudo. É até capaz que esteja certa. São duas empresas grandes, e essa competição é muito sadia.”]

2_Apesar de vender pouco recomenda-se entupir as prateleiras para ganhar em volume (assim a Marvel fez para desbancar a DC).
[A tese está nesse trecho… “A Marvel mantinha sua posição de número um por meio de uma guerra de desgaste, expandindo sua linha de títulos sem parar.”]

3_É simples: capitalizar aproveitando as tendências do agorajá.
[A tese está nesse trecho… “Quando quer que se aviste uma tendência”, dizia um plano de objetivos de marketing, “onde quer que se vejam leituras a se suprir para os leitores da ‘geração de agora’, a Marvel vai empreender esforços para dominar essas tendências e atender essa demanda”. Monstros de domínio público foram repensados como supervilões e anti-heróis prontos para registro de marca ( A tumba de Drácula, Lobisomem ); até o Fera, ex-integrante dos X-Men, foi repensado como um personagem peludo, meio monstro.”]

4_Ter produtos com margem de lucro maior é uma boa saída. Investir mais para arrecadar mais (a Marvel pretendia combater a queda nas vendas dos gibis oferecendo revistas caprichadas de formato maior e impressão colorida). É a regra: dinheiro traz dinheiro.
[A tese está nesse trecho… “A ideia de produzir uma linha de produtos de maior qualidade para o mercado de fãs vinha circulando havia algum tempo. “Com uma nova abordagem da distribuição”, Archie Goodwin devaneara três anos antes, “poderíamos pensar em termos de novos formatos para os quadrinhos e começar a adequá-los a públicos bem particulares, em vez de produzir para a venda em massa. Seria possível até fazer quadrinhos com perfil de livraria.””]

5_Pesquisas de mercado funcionam. O título da primeira saga Marvel (“Guerras Secretas”) foi imposto por um estudo mercadológico: as palavras “secret” e “war” deixavam as crianças loucas e a Mattel, fabricante de brinquedos, do inebriante “plástico”, parceira, licenciadora, precisava desses ingredientes no mesmo caldeirão da poção mágica.
[A tese está nesse trecho… “A Mattel só queria da Marvel uma grande saga que seria lançada coincidentemente com a linha de brinquedos e que o gibi levasse o título Guerras Secretas.”]

6_Brindes são importantes. As pessoas gostam de gratuidade embutida nos produtos que elas compram. E com saquinhos plásticos para reter o brinde porque aí vende ainda mais. Tudo que está lacrado, intocado e distante, aparenta ser mais respeitável e, por conseguinte, de maior valor.
[A tese está nesse trecho… “O diretor de vendas de banca da Marvel notava que a edição mais vendida da revista Sail todos os anos era a que vinha num saco plástico com um calendário. Não era só por conta do calendário brinde; o saquinho a fazia ganhar destaque nas prateleiras. Talvez essa estratégia também pudesse ajudar Homem-Aranha nas bancas. “Os lojistas do mercado direto piraram”, disse Kurt Busiek, que trabalhava no departamento de Carol Kalish. “Nas bancas, vocês vão lançar com um saquinho, mas a gente não vai poder vender com o saquinho?” O lançamento de Homem-Aranha nº 1 havia virado um problema.”]

(XI)
Uma situação equivalente ao questionamento da turma de críticos da revista francesa Cahiers du Cinéma (Jean-Luc Godard, François Truffaut…) sobre a importância do diretor na autoria dos filmes ocorreu com a Marvel e os desenhistas/roteiristas (sobretudo aqueles que ocupavam os dois ofícios). Foi uma briga autores x personagens. O público queria ler as aventuras do Demolidor ou as aventuras do Demolidor na perspectiva de Frank Miller?! Os fãs eram devotos fiéis de quem?!

Era um risco para a Marvel, e para a DC, ficar à mercê dos artistas. Para onde as superstars fossem os seguidores iriam atrás e o negócio se complicaria com as empresas incapazes de reter seus consumidores. Também não era nada agradável aos Grandes Negócios perder sua autonomia, seu poder de barganha, reféns das propostas mais pró-artistas do que pró-Marvel. Conscientes do amor dos leitores por eles, os autores não refugariam em exigir contratos mais vantajosos do que os parcamente oferecidos quando a balança não pesava igual. Ver o dinheiro escapar para outros bolsos e contas-correntes atarantava os empresários. Uma das soluções, um mero paliativo, foi a confecção das sagas (“Guerras Secretas” a primeira). Parece que a Marvel pretendia colocar seus personagens em destaque em detrimento dos autores (roteiristas e desenhistas e talvez os esquecidos arte-finalistas), tática para agarrar o público para si, trazê-lo de volta para si. A Marvel deveria ser o objeto de culto e desejo. Os super-heróis os verdadeiros ídolos e não os empregados e freelancers que incutiam vida nos encapuzados e mascarados de capas esvoaçantes.

“O que estava na boca de todos os fãs eram os gibis de super-heróis mais aguardados de 1986: o Superman de John Byrne e o Batman de Frank Miller, personagens icônicos da DC agora na versão de duas estrelas até então leais à Marvel.”
Essa é a chave nesse mundo HQ da Marvel e DC: o personagem ser seu mesmo que não tenha sido você o inventor e mesmo que seja seu temporariamente como no exemplo supracitado. Marcar uma presença. Transcender. Vencer o sistema industrial. O bom trabalho acarreta em bons frutos. Politique des auteurs.

(XII)
Stan Lee se achava. E o julgamento não é precoce. A conclusão baseia-se na fala do próprio The Man:

“Eu tinha três secretárias só para mim, que sempre tinham serviço. Eu costumava ditar as histórias na minha sala. Pensando bem, eu era um exibido quando tinha vinte e poucos. Ditava com pressa a página de uma história para uma menina e, enquanto ela transcrevia, eu ditava a página de outra história para outra menina, às vezes uma terceira para a outra. Era uma sensação de poder, de que eu conseguia manter três secretárias ocupadas com três histórias, e eu sabia que de vez em quando tinha gente olhando — e eu todo orgulhoso… eu achava o máximo ter plateia”.
Bem, nada mais a declarar…

(Fim)
Stan Lee queria ser Walt Disney. E a Marvel nos anos 70 deixou de ser uma família feliz. Passou a se preocupar com produtos licenciados e com histórias com falas fracas explicativas e cenas de ação clichê. Porém, essa parte do negócio da Marvel, de como vender gibis, de produtos derivados aos jorros, é tão interessante quanto a gênese dos personagens. Percebemos claramente o business assumindo de vez a Marvel desde as mil capas para influenciar o público a comprar qualquer coisa que imprimissem até a contratação de um consultor de marketing que se gaba de ter apresentado o M&M vermelho e verde e ter colocado um produto banal que todos já comiam em um saco maior — esse detalhe quase ridículo foi suficiente para vender muito (parece que a aparência é tudo mesmo). A ideia sempre foi comercializar revistinhas, no entanto, antes era pela história narrada/desenhada e não com táticas geralmente cínicas de publicidade para empurrar goela abaixo o produto ao consumidor.

No editorial a Marvel começou. Mas não duvidemos que os magnatas envolvidos nas tomadas de decisões bilionárias avaliem os gibis apenas como bons stotyboards para futuros blockbusters hollywoodianos. É quase uma sentença: não levem a sério os quadrinhos porque não vale o investimento. É, de fato, uma fábrica quando algoritmos e análise estatística fazem parte do trabalho criativo, mas, apesar de toda tecnologia para maximizar os lucros, a encheção de linguiça é igual, ciclo vicioso de renascer e renascer — em uma dessas eles acertam… que bom…

{por r.morel}

site: popcultpulp.com
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Rittes 10/10/2017

Stan Lee X Jack Kirby
Detalhada história da mais popular editora de quadrinhos de super-heróis do mundo, com seus muitos altos e baixos. Também uma biografia do mito Stan "the man" Lee e toda a sua controversa relação com o maior artista dos super-heróis de todos os tempos: Jack Kirby. Mágoas, puxadas de tapete e muitas negociatas revelam que a vida dos heróis de papel no mundo real pode não ser nem um pouco glamourosa. Ponto mais que positivo para o exaustivo trabalho desta edição brasileira em relacionar todas as obras mencionadas no texto detalhado de Howe, apontando se tiveram ou não edições nacionais. Para os fãs da Marvel é obrigatório.
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Julio Mauro 02/08/2017

Quadrinhos, uma paixão antiga
Difícil achar por onde começar...

Pô, de uns tempos pra cá, quem viveu o universo nerd dos anos 80 tem tido leituras interessantíssimas. Marvel Comics, A História Secreta é uma delas.

O lance chave do livro inteiro é que tudo o que acontecia no mundo real tinha reflexo imediato nos quadrinhos. E não estou falando de fatos históricos como Vietnã, Guerra Fria e Discoteca. São os embates entre escritores, diretores, desenhistas. Conflitos épicos!

Muita gente nasceu profissionalmente dentro da Marvel. Criou seus filhos alí (seus personagens) e fui cuspida com uma mão na frente e outra atrás. O tratamento que deram ao Jack "The King" Kirby não foi legal (tanto do ponto de vista jurídico quanto cool) , essa parada de "work for hire", de criar coisas e o empregador se tornar o autor não é uma jogada das mais inteligentes pro trabalhador criativo. Parece simples mas foi um problema que permeou o nascimento da Marvel (começando com os personagens "alugados" Namor e Tocha Humana) até os loucos anos 90, com as grande estrelas que fugiram e se tornaram a Image Comics.

Uma das coisas que mais me impressionou, minha saga favorita dos quadrinhos, que lí quando era criança e nunca mais me esqueci: Guerras Secretas (um ser muito poderoso rapta heróis e vilões da Terra e os fazem lutar entre sí em troca de seus sonhos realizados) foi uma história criada por um editor megalomaníaco que queria mostrar aos seus funcionários como se faziam as coisas, que, já que ninguém criava nada de bom na editora, queria mostrar que ele sozinho iria ajeitar as coisas. Um cara que entrou lá como assistente do Stan Lee, super humilde, ajudando todo mundo e terminou odiado pela equipe inteira. Seu nome? Jim Shooter, o "Trouble Shooter".

X-Men? Série prestes a ser cancelada. Mais heróis como quaisquer outros, a diferença que já nasciam com super poderes. O Stan Lee ainda criou tornar a trama paralela à discussão racial em voga (com o professor Xavier agindo como o pacifista Martin Luhter King e o Magneto com atitudes mais diretas, a exemplo do Malcom X). Veio Chris Claremont, introduziu outros personagens, inclusive Wolverine. Trouxe dramas psicológicos quando antes as histórias eram meros confrontos entre super-seres. Criou Kitty Pryde com toda a rebeldia universal da adolescência. Levou a franquia X lá pra cima.

Homem Aranha? Stan Lee queria mais Aranha, Steve Ditko queria mais Peter Parker. Brigaram. Produziram algum tempo juntos, sem nem se ver pessoalmente ou se falar.

Enfim. O livro é realmente rico, uma paulada de páginas muito bem escritas. E muita história marvel das mais malucas passam a fazer sentido. GRANDE OBRA!!
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