quemuelassis 24/02/2019
Maiêutica da Nona Arte /01
SUPERMAN - ORIGEM SECRETA
Maiêutica da Nona Arte /01
A abordagem filosófica de Nietzsche sobre o seu super-homem revela que o fim das experiências humanas seria o aperfeiçoamento do individuo. No super-homem de Krypton, porém, o fim do "perfeito" é buscar as experiências humanas para se tornar mais humano. Com fortes paralelos messiânicos típicos, o primeiro dos super-heróis no sentido moderno tem sua "superioridade" muito mais em suas ações e modo de interpretar o mundo, não através de seus poderes, mas, sim, apesar de seus poderes.
Os primeiros passos da origem definitiva do Superman escrita pela grande mente-fã de Geoff Johns giram em torno desta concepção, destacando a inicial hesitação que permeia a primeira metade da obra, na medida do desejo de Kal-El em ser mais homem, Clark, filho de Jonathan e Martha Kent, do que "Super". As duas partes são, no entanto, indissociáveis: fosse apenas Super sem sua humanidade ou apenas homem sem seus incontáveis poderes, Kal-El não seria o Superman.
Lex Luthor, cuja origem também é apresentada na HQ, mostra a busca incessante de Lex (e do homem) por conhecimento, poder e, eventualmente, riqueza, ambicionando tornar as pessoas continuamente dependentes de seu poder. Um problema que alcança também concepções de supremacia humana, licença poética de uma espécie de neonazismo anti-alienígena. Possui forte crítica social quando Superman é chamado de monstro por ser "alien" enquanto os quadros nas páginas mostravam Lex manipulando uma vida humana, não com o fim de salvá-la, mas para servir aos seus interesses, criando seu próprio Frankenstein. Mas tudo gira muito além disto. A presença de um ser superior que faz tudo sem requerer nada coloca em risco a crença de superioridade de Lex. Por que razão alguém super poderoso optaria por limitar a si mesmo, sem obter qualquer vantagem em troca?
Os desenhos de Gary Frank homenageiam o Superman definitivo, interpretado por Christopher Reeve nos filmes clássicos, e a atmosfera é recheada de referências às fases mais clássicas do herói nos quadrinhos. Agora, "todos em Metrópolis olham para o céu. Às vezes, nós o vemos. Às vezes, não. Mas sempre sabemos que está por perto".
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