MiCandeloro 28/09/2013
Uma lição de amor!
Oi meus amigos, saudades. Vocês não imaginam a minha felicidade de finalmente colocar as coisas do blog em dia! Não só consegui responder a todos os comentários, como tive tempo de visitar os blogs que gosto, comentar e voltei a escrever novos posts. O que me salvou foram os milhares de posts já escritos que tinha no rascunho, que acabaram abastecendo meu cantinho enquanto estive "ausente". Mas espero que essa fase tenha acabado. Minha vida continua uma bagunça, mas uma bagunça gostosa. E em breve trarei muitas novidades para vocês.
Bora resenhar esse magnífico lançamento da Arqueiro?
Em Dançando Sobre Cacos de Vidro conhecemos o casal Lucy e Mickey, pessoas profundamente marcadas por traumas e sofrimentos vividos anteriormente, mas que viram um no outro a possibilidade de seguir em frente. Lucy trazia em seu gene uma terrível doença: o câncer, que foi responsável por matar diversos integrantes de sua família e continuava rondando e ameaçando a sua vida, bem como a de suas irmãs, Priss e Lilly.
Já Mickey era um homem mentalmente doente, ironicamente presenteado pela genética com o transtorno da bipolaridade, uma doença que se não tratada, poderia levar a severa psicose e ao suicídio. Mickey desde pequeno percebeu ser diferente e muito cedo abriu mão de sonhos, pois tinha certeza de jamais ser capaz de vivê-los. O que ele não podia imaginar é que Lucy entraria em sua vida.
No aniversário de 21 anos da menina, ambos se conheceram no bar em que Mickey trabalhava e uma fagulha se acendeu entre os dois. Apesar dos esforços de Lucy, Mickey tentou de tudo para afastá-la. Ele não se julgava capaz de ter uma relação "normal" e não acreditava que Lucy pudesse amar o seu verdadeiro "eu", com todos os seus defeitos.
Lucy, ao contrário, teve certeza desde o início de que amava Mickey profundamente e que sem ele não poderia viver. Aprendeu tudo o que pôde sobre a doença, aceitou as limitações do seu amado, e casou-se com ele. Apesar das inúmeras dificuldades e desafios, por 11 anos o casal foi extremamente feliz. Até que um dia, o inesperado aconteceu. Lucy engravidou como que por um milagre, afinal, anos antes ela tinha feito ligadura de trompas, quando ela e Mickey haviam decidido nunca ter filhos para não transmitirem a eles suas doenças genéticas. Mas com Deus não se discute, e quando Lucy soube da notícia vibrou de felicidade.
Mas como seria para um bipolar, que nem sempre é capaz de cuidar de si mesmo, enfrentar as responsabilidades da paternidade? E como seria para uma mulher, ex-vítima de câncer, perpetuamente apavorada com a possibilidade de lidar com uma recorrência, colocar em risco a vida do seu bebê, ou de transmitir a doença geneticamente a ele, ou então pior, de adoecer e não vê-lo crescer?
Este casal, extremamente corajoso, mas ao mesmo tempo temeroso com o futuro, dançará eternamente sobre cacos de vidro. Porque se viver já não é fácil, conviver com essas doenças, limitações e desafios, é menos ainda. Querem saber o que o destino lhes reserva? Leiam e descubram!
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Essa semana não resisti e dei um jeito de ler um livro, estava precisando disso, e escolhi Dançando Sobre Cacos de Vidro, da autora Ka Hancock. Desde que o livro foi lançado, simplesmente fiquei muito curiosa ao ler a sinopse. Que ousadia e originalidade escrever uma história de amor tempestuosa sobre uma vítima de câncer e um bipolar. Só fui ingênua demais ao achar que tudo fosse acabar bem, coisa que não aconteceu, já alerto!
Jurava que o livro fosse "apenas" relatar a dificuldade diária de pessoas doentes tendo que lidar com uma gravidez inesperada. Seus desafios e temores em relação a maternidade/paternidade e expectativas futuras. Mas não. O livro vai muito além. A história tomou um rumo inesperado para mim, talvez por ingenuidade, talvez por não ter observado muito bem a capa. Mas não matei a charada de cara, e quando a ficha caiu, eu simplesmente quis chorar.
Enquanto lia o livro, fui invadida por diversas emoções. O texto é tão delicado que chega a arrepiar. Em muitos trechos há pitadas de humor e em outros o desenrolar é extremamente triste, mas o mais importante, é muito realista. O tempo todo me lembrava de Como eu era antes de você.
É tão absurdo dividir o cotidiano de Mickey, um personagem tão cheio de vida e de amor, mas ao mesmo tempo com tantos temores e tão perdido. É triste demais ver o quanto ele não acredita em sua capacidade e como muitas vezes ele se entrega para a doença. Mas ao mesmo tempo, é estimulante vibrar com as suas vitórias e com o quão forte ele consegue ser, ao não se deixar definir pela bipolaridade. E ele tem Lucy como um eterno estímulo.
Quanto a Lucy, que personagem apaixonante. Tão cheia de garra, nunca se deixando abater, não importando a adversidade. Sempre colocando os outros na frente de tudo, abnegada, resiliente e otimista. É arrepiante compartilhar o amor que ela sente por Mic, por seu bebê e por sua família. São amores tão intensos que chegam a transbordar dentro da gente, e ao final, ela não podia dar prova de amor maior a todos eles.
Da mesma forma, os personagens secundários são uns queridos. Impossível não se apaixonar por Ron, Jan e Harry, ou se irritar com Priss, mas ao mesmo tempo reconhecer sua força, ou se compadecer de Lilly, mas admirá-la por sua doçura. Adorei o clima de "interior" em que a história se passa. Aquela coisa de que todos se conhecem, todos se ajudam e de que existem diversos rituais e festas na cidade em que todos participam. Adoro essa sensação de família unida, de conforto, aconchego e segurança.
Quanto ao livro, a grande maioria dos capítulos é narrada em primeira pessoa por Lucy, porém, em todo início de capítulo há fragmentos de um diário escrito por Mickey, onde ele fala sobre seus sentimentos e demônios. Isso nos oportuniza conhecer o seu lado da história, que é tão significativo quanto o de Lucy.
Apesar dos temas abordados serem fortes e sofridos, a autora os escreve de maneira tranquila, envolvente e muito emocionante. Chorei diversas vezes no decorrer da história, obviamente morri chorando ao final. Só achei que o livro não precisava ser tão extenso. Em algumas partes o considerei repetitivo e levemente cansativo, porém, talvez a intenção da Ka tenha sido justamente nos apresentar as minúcias do cotidiano de Mickey, Lucy e sua família, sem pressa e de maneira tão detalhada a ponto de fazerem parte da nossa própria vida.
Impossível não terminar de ler Dançando Sobre Cacos de Vidro e não ficar horas, dias, pensando no livro. Ou então não ficar matutando sobre o que faríamos se "isso" ou "aquilo" tivesse acontecido conosco. Por fim, o livro nos mostra que é possível encontrar o amor nos lugares mais impróprios, e que não há maneira certa de amar. Além de que o essencial é termos ao nosso lado as pessoas que realmente importam, porque sem elas, nossa vida não teria sentido.
Só posso dizer: LEIAM! Dançando Sobre Cacos de Vidro é uma grande lição de vida.
Resenha originalmente postada em: http://www.recantodami.com/2013/09/resenha-dancando-sobre-cacos-de-vidro.html