@admiravel_leitura 08/03/2024“O pior não era ser pobre: o pior era não ter ideia das coisas que se pode fazer com o dinheiro.”Com um humor ácido e criticas pertinentes à sociedade mexicana dos anos 80, essa é uma leitura interessante que nos surpreende em alguns instantes por apresentar uma história peculiar e que diverge da normalidade, afinal o autor, Juan Pablo Villalobos, opta por entregar uma narrativa com um pé no Realismo Mágico.
E embora esse seja o volume 2 de uma trilogia seu entendimento não é prejudicado, pois as histórias não são sequenciais e podem ser lidas separadamente.
Funcionando como uma espécie de denúncia social, a obra evidencia através de uma escrita ácida e um humor mordaz a discrepância entre os pobres e ricos apresentando críticas pertinentes capazes de expor a desigualdade social vivida no México durante os anos 80.
As críticas são muito bem alocadas no enredo e nos fazem refletir sobre um país minado pelos seus próprios governantes, que ao invés de proverem o ideal pro povo optaram por prover o necessário inflacionado para os pobres e o vantajoso para os ricos.
Para além, um ponto que chama a atenção na narrativa é a linguagem do narrador Orestes, um adolescente sem papas na língua e capaz de refletir de forma violenta, crua e intimista sobre a situação do país, sua família e ele próprio. Ou seja, aqui não temos um narrador heroico.
E a cultura mexicana é descrita de uma forma exemplar pelo autor, responsável por expor com eloquência o México dos anos 80, exibindo a cultura do país e seus pratos típicos. Tudo exprimido pelo olhar julgador do protagonista.
Essa é uma interessante jornada ao México dos anos 80. Um livro repleto de uma crítica ácida e mordaz a sociedade e política da época e que nos brinda com uma narrativa intimista repleta de humor e sarcasmo.
Se você deseja conhecer um pouco mais desse país da América Central, sem dúvida essa é a leitura perfeita pra você!