Carous 20/07/2020Gostei mais do primeiro livro.Pode ser precipitado fazer uma afirmação dessas tendo lido apenas 2 livros de uma série de 5, mas jamais irei enaltecer O protetorado da sombrinha pelo enredo sólido. A bem da verdade é que a história só funciona porque se apoia em personagens irreverentes, diálogos espirituosos e poucas páginas.
Infelizmente nem isso serviu para que eu curtisse Metamorfose? quanto curti Alma?. Não consegui ler com a mesma rapidez que o livro anterior porque não estava gostando de como as coisas se desenrolavam tampouco dos personagens e alguns diálogos.
Alexia e Conall são personagens que gostei bastante no primeiro livro. Enquanto aqui ele mal apareceu - e nas raras aparições estava sempre sendo desagradável com alguém ou querendo transar com a esposa ao invés de conversar com ela. - Alexia, como protagonista, teve bastante espaço. Mas a achei menos avançada, convicta de suas opiniões, independente.
Na verdade, ao redor da antiga alcateia do marido a achei bastante esnobe. Em sua passagem pela Escócia, a achei vergonhosamente xenofóbica com os habitantes de lá. A autora dar um ar cômico ao choque de costume entre ingleses e escoceses, mas preconceito não é engraçado. Infelizmente não se limitou apenas aos escoceses, os personagens britânicos também tinham pensamentos pouco agradáveis sobre a França.
E, olha, eu entendo que todos os europeus se odeiam e têm uma complicada história uns com os outros. Percebi que era isso que Gail Carriger queria mostrar, mas existe uma linha tênue entre respeito e grosseria e ela a ultrapassou.
Além do esnobismo, Alexia se mostrou uma péssima amiga.
Algo que reparei em livros de ficção histórico é como as protagonistas se dizem defensoras dos direitos das mulheres e de avanços femininos, mas parece que só desejam isso para si e nunca para as demais mulheres ao seu redor. Ivy se viu numa situação romântica muito parecida de Alexia - o partido era um bom rapaz, mas socialmente o casamento é condenável - e a opinião de Lady Maccon me surpreendeu por ser tão conservadora. Totalmente incoerente com tudo que a personagem mostrou até então.
Eu curti o plot romântico da senhorita Hisselpenny e até shippei o casal. Essas foram as poucas vezes em que dava para suportar a personagem. Eu gostava bastante da amiga de Alexia. No primeiro livro, ela trazia leveza com sua ingenuidade. Neste livro ela se mostra burra e inconveniente.
Me preocupa tremendamente o tipo de amizades femininas que as autoras de livros de ficção histórica têm. Suas personagens não conseguem ser uma mistura verdadeira como encontramos na realidade. Ou temos Alexias e Madame Lefoux da vida que rejeitam a vestimenta feminina, a feminilidade, querem independência, se interessam pela ciência, etc ou temos senhoritas Hisselpenny e Loontwill da vida que não se importam com nada disso, aceitam o papel da mulher na sociedade, só pensam em chás, tecidos e bons partidos e são extremamente fúteis.
Fico me perguntando se inserir personagens são unidimensionais é reflexo das amizades que essas autoras têm ao seu redor porque >eu< tenho muitas amigas que amam saias, compras, almejam a maternidade e não são bobas, burras nem fúteis.
Gostei da inserção de novos personagens, mas senti que a qualidade do livro caiu do primeiro livro pro outro e simplesmente perdi o tesão de acompanhar a série. O grande problema deste livro seria resolvido se Alexia e Conall tivessem conversado. A relação entre eles não estava legal aqui e piorou no último capítulo.