Literatura, violência e melancolia

Literatura, violência e melancolia Jaime Ginzburg




Resenhas - Literatura, violência e melancolia


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Kivia Raquel 08/07/2022

"Pode a literatura fazer alguma coisa contra a violência?"
Literatura, violência e melancolia 

Esse é o questionamento levantado pelo autor. De modo geral, a obra apresenta diferentes lugares de violência, desde aspectos instituídos pelo patriarcado e os altos índices de violência doméstica sofrida por crianças e causada por quem deveria protegê-las, até o modo como alguns setores da indústria do entretenimento e do esporte se sustentam pautadas pela legitimação da violência gratuita, premiando filmes e lotando clubes de ringue. Também discorre sobre exemplos de violência presentes na literatura e a contribuição destes, em razão de os textos serem obras abertas e terem as possibilidades de interpretação constantemente renovadas.

Recomendo.
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Aguinaldo 18/10/2015

literatura, violência e melancolia
Nesse pequeno livro Jaime Ginzburg convida à reflexão sobre as relações entre violência e cultura. A primeira ambição é estimular estudantes e professores, sobretudo de letras e ciências humanas, que atuem ou não nos vários níveis de redes de ensino, a debaterem de forma sistemática, qualificada e coerente a violência na sociedade brasileira contemporânea. Não se trata de um texto esgotador, antes é uma série de provocações, exercícios de abordagem sobre o tema. Como um paleontólogo da alma humana ele utiliza a literatura para prospectar registros de atitudes e práticas violentas da sociedade, exemplificando, através tanto de narrativas ficcionais quanto ensaios críticos, como opera a tolerância humana à violência institucionalizada. Nos curtos capítulos em que é dividido o livro ("literatura e violência"; "morte e melancolia"; "o mal-estar da literatura"; "tempos sombrios") Jaime faz uso de diferentes ferramentas de interpretação (grosso modo, associados a cada capítulo: a teoria literária; a filosofia; a psicologia; a sociologia). Entretanto, essas complexas ferramentas de análise não contaminam o livro pois o tratamento que Jaime imprime ao texto o torna muito acessível, sem jargões, fazendo-o fácil de ler. Ao citar José de Alencar e Machado de Assis, Guimarães Rosa e Caio Fernando Abreu, Hilda Hilst e Raduan Nassar, Shakespere e Borges, bem como quando contrapõe Freud, Marx e Nietzsche à Descartes, Jaime nos lembra que a realidade do mundo e a realidade das obras literárias somente encontram similitude quando entendemos muito bem tanto o mundo quanto as obras literárias. E, se é que eu entendi bem, que no caso específico da violência apesar de nossa incompreensão sobre sua realidade ainda ser grande demais, a experiência da leitura, da literatura, nos capacita a entendê-la melhor, ou seja, através das representações literárias da violência aprendemos como nos contrapor a ela, individual e coletivamente. Conheço o Jaime e sei o quanto ele é otimista da capacidade humana de entender melhor seu mundo e transformá-lo (sempre na direção de sociedades mais justas, por suposto). Mas não posso deixar de registrar que eu, quando se trata de pensar a violência, continuo um tanto mais cínico e pessimista. Sinto-me como Frederick, aquele personagem do Woody Allen interpretado por Max von Sydow no filme "Hannah e suas irmãs", que dizia "You missed a very dull TV show on Auschwitz. More gruesome film clips, and more puzzled intellectuals declaring their mystification over the systematic murder of millions. The reason they can never answer the question "How could it possibly happen?" is that it's the wrong question. Given what people are, the question is "Why doesn't it happen more often?". Bobagem minha. O mundo certamente merece que temas complexos recebam mais olhares generosos e seminais como esse de Jaime Ginzburg. Parabéns meu caro, belo livro.
[início: 10/10/2015 - fim: 12/10/2015]
"Literatura, violência e melancolia", Jaime Ginzburg, Campinas: Editora Autores Associados (Coleção Ensaios e Letras), 1a. edição (2013) brochura 14x19 cm., 116 págs., ISBN: 978-85-7496-256-6

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2015/10/literatura-violencia-e-melancolia.html
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DihMoraes 19/12/2021

Sociedade sádica.
Desde tempos antigos que o homem se constitui socialmente a base de impulsos violentos que moldam a sociedade a imagem e semelhança de seus membros. A cultura da violência está tão arraigada na estrutura social que aqueles que optam por uma filosofia pacifista terminam a margem dos processos construtivos político-social ou são vítimas daqueles que decidem usar a força para escalar os degraus do sucesso, bem como o uso da força como válvula de escape de frustações internas.
Desse modo, há exemplos de violência em várias obras da literatura, visto que se a sociedade se constituí sob elementos característicos da violência, a literatura reflete essas ações como reflexão, crítica ou alienação para com essas condutas. Sendo assim, o autor utiliza como pano de fundo várias passagens de obras literárias importantes para exemplificar a forma como a violência é usada na trama que enreda as personagens, tal como o diálogo entre Quincas Borba e Rubião acerca do campo de batatas, onde temos a frase que resume os fins a qual os membros da sociedade se destinam: Ao vencedor as batatas!. E, quanto aos perdedores? A estes devem ser dirigidos a humilhação e a desonra por não terem conseguido conquistar o "campo de batatas", [campo de batatas é uma metáfora para sobrevivência social].
Nesse sentido, a melancolia estaria inserida na perda de um ente querido para a violência ou na falta da "estima de si" em que o sujeito não conseguindo superar a perda não conclui o processo de enlutamento e, consequentemente, termina por desencadear um sentimento elevado de tristeza e a diminuição do sentido da vida. Portanto, a violência seria um mecanismo favorável a sociedade em seus processos de construção civilizatório ou desfavorável, na medida em que constrói e destrói, já que nem todos podem ser vitoriosos e conquistar o campo de batatas?
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lucaismaia 28/12/2023

Fui pesquisar na Amazon livros sobre autoritarismo, violência etc. Vejo esse livro, cujo título me chamou atenção: literatura (minha área), violência (tudo a ver com minha pesquisa) e melancolia, e custando apenas 10 reais.

Terminei a leitura e estou grato demais pela teoria interessantíssima aqui levantada. Violência, algo tão naturalizado pela indústria, a cultura e o Estado. Tantas formas que ela se apresenta, desde as mais triviais até as mais absurdas e desumanas.

E qual o poder da literatura com relação ao combate da violência cotidiana? Ginzburg defende que a literatura supre demandas em uma sociedade que banalizou a violência, sente prazer nela, e enfatiza que a literatura pode combater junto "a uma política contrária à violência (...)" trabalhando ao lado "de uma memória coletiva capaz de exteriorizar o que foi recalcado" e que, juntos, possamos resgatar nossa "história de destruição que constituiu nossa sociedade, para que a barbárie não se repita".

Relembrar o passado para que a história da violência não se repita no presente. Dar voz aos silenciados e trazê-los para o agora. Eis o poder que a literatura tem.
Vania.Cristina 02/01/2024minha estante
Gostei da sua resenha Lucas. E fiquei interessada na sua pesquisa. Parabéns!




srta.sabetudo 28/12/2022

Super curtinho e necessário. Adorei as pontuações sobre literatura e violência na história do mundo e como a melancolia se conecta a tudo isso. Muitas coisas casaram muito bem com o momento político atual e sempre perceber que a vida é cíclica, não só a nossa vida pessoal como a vida em geral, a própria história humanidade, traz o gosto amargo à boca.

É um livro bem introdutório, mas traz as informações necessárias pra saber por onde seguir qualquer pesquisa relacionada aos temas principais, além de ter uma escrita bem simples de compreender, seja um estudioso da área ou só um curioso.
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