Ju Oliveira 27/05/2014Já falei várias vezes aqui no blog, como eu gosto de me surpreender positivamente com um livro. Diga aos lobos que estou em casa, superou todas as minhas expectativas. Uma história linda e emocionante…
A referência de vida de June Elbus, de 14 anos, sempre foi seu tio Finn, o irmão de sua mãe. Menina tímida e ingênua, sofre com o desprezo da irmã mais velha, Greta, e com a constante ausência de seus pais, que trabalham muito o dia todo. Só quem conhece seus sonhos, seus medos e desejos é o tio Finn, que também é seu padrinho. Mas agora, o mundo de June está prestes a ruir, pois seu tio está muito doente, à beira da morte. Definhando visivelmente, dia após dia, inevitavelmente o tio Finn morre, para tristeza de June. Ele contraiu HIV o que naquela época, era uma doença desconhecida e muito temida. A palavra AIDS era proibida de ser citada.
O que June jamais imaginou, era que com a morte de seu tio, ela teria uma grande surpresa. No funeral do tio, ela avistou um homem estranho, aparentando muita tristeza, e que não tirava os olhos dela. Alguns dias depois, ela recebe pelo correio, um bule de chá russo, que pertencia ao tio Finn. Juntamente com um bilhete de Tobby, se dizendo amigo de Finn, que estava no funeral e pedindo para encontrá-la. No começo June fica muito assustada, mas ao lembrar-se da tristeza no olhar daquele estranho, ela decide encontrar-se com ele.
Conforme June e Tobby vão se aproximando, ela percebe que não é a única a sentir saudades de Finn. Ela descobre que durante muito tempo Tobby e Finn tiveram um relacionamento, sem que ela soubesse, sem que ela sequer suspeitasse. Tobby sabe tudo sobre ela, todos os seus segredos que somente o tio Finn sabia. No começo June sente raiva, mágoa, mas conforme a amizade entre os dois vai crescendo, ela não consegue mais ficar longe de Tobby, sempre querendo ouvir mais e mais sobre o tio Finn que ela não conhecia.
Realmente me perguntava por que as pessoas sempre estavam fazendo alguma coisa de que não gostavam. Parecia que a vida era um tipo de túnel cada vez mais estreito. Logo que você nascia, o túnel era enorme. Você poderia ser qualquer coisa. Depois, mais ou menos no exato segundo depois de você nascer, o túnel reduzia para cerca da metade daquele tamanho. Você era menino e estava certo que não seria mãe e provavelmente não se tornaria manicure nem professora de jardim da infância. Depois, você começava a crescer e tudo o que fazia fechava o túnel mais um pouco. Você quebrava o braço subindo em uma árvore e descartava ser arremessador de beisebol. Era reprovado em todas as provas de matemática que fazia e cancelava qualquer esperança de ser cientista. Assim. De novo e de novo, ao longo dos anos, até você ficar preso. Você se tornaria banqueiro ou bibliotecário ou barman. Ou contador. E aí estava. Eu pensava que, no dia de sua morte, o túnel estaria tão estreito, você teria se apertado com tantas escolhas, que simplesmente seria esmagado.
Diga aos lobos que estou em casa é um livro que todos deveriam ler. Ele fala sobre amizade, perda, amadurecimento de uma forma tão tocante e singela. A história é narrada em primeira pessoa pela June e no final, nos sentimos tão íntima da personagem, querendo consolá-la, cuidar dela. Confesso que no começo estranhei um pouco, a ingenuidade da menina de 14 anos. Mas conforme vamos ouvindo sua história, percebemos que é pela pureza em seu coração, que não vê maldade e malícia em nada. Uma personagem extremamente cativante, assim como Tobby. Já a irmã Greta, dava vontade de bater nela, tão insuportável…
Já imaginei este livro nas telas do cinema. Seria um daqueles filmes tocantes, de fazer o expectador derrubar muitas lágrimas. O livro é relativamente grande, 464 páginas, mas a autora nos envolve tanto com sua escrita doce e macia, que literalmente somos abduzidos para dentro da história. Uma leitura que realmente vale a pena, daquelas que carregamos os personagens na cabeça por vários dias após o fim da história. Eu recomendo muito! Leiam!
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