Marcella.Martha 31/07/2015
Wibbly-woobly-timey-wimey
Sou suspeita para avaliar esse livro porque tenho uma quedinha louca por viagem no tempo (com os cumprimentos de Doctor Who). Se tivesse que definir The First Fifteen Lives of Harry August em uma expressão, seria wibbly-wobbly-timey-wimey. Outra seria O Feitiço do Tempo, aquele filme em que o Bill Murray revive o Dia da Marmota várias vezes. Só que, em vez de um dia, em Harry August é uma vida inteira.
Harry é um kalachakra, ou seja, uma pessoa que tem a habilidade, se é que se pode definir assim, de começar a vida de novo várias e várias vezes. Não importa como ou quando ele morra, ele sempre renasce no mesmo lugar, com os mesmos pais, só que com a lembrança das suas vidas anteriores.
O plot central do livro gira em torno de uma informação passada para o Harry por uma pequena kalachakra, que recebeu uma mensagem passada de velho para jovem através de gerações: o mundo está acabando cada vez mais rápido. Isso literalmente acontece na primeira página. E aí você imagina que a história vai ser cheia de ação e correria, correto? Não, errado. A história é lenta e vai explicando - às vezes de forma muito complexa, cheia de terminologias de física - o mundo dos kalachakra e, em específico, a vida do Harry - ou melhor, as vidas do Harry.
A visita da menina que informa sobre o fim do mundo acontece na 11ª vida, o que quer dizer que tem coisa a beça para acontecer antes. Muita gente pode achar essa parte chata, mas eu fiquei super interessada por conta dos debates propostos e das reflexões. Até que ponto uma pessoa com conhecimento do futuro pode influenciar os acontecimentos? O que acontece se você interferir demais? Viagem no tempo é uma coisa complexo, cheia de paradoxos, e eu achei bem importante essa "introdução" alongada para explicar quais são os dos e don'ts dos kalachakra. A forma como eles se comunicam com o passado e o futuro também é bastante espertinha.
Quando a menina das primeiras páginas finalmente aparece, aí a história muda, ganha ritmo e fica mais tensa. Confesso que fiquei viajando em algumas partes com explicações muito detalhadas de coisas que eu sinceramente não acho que precisavam ser explicadas em termos técnicos (porque, né?). Imaginava que o final seria um pouquinho diferente, mas gostei de como a autora concluiu o livro. Não tirou 10, mas ganha uma estrelinha dourada pelo esforço.
Minha única reclamação é que faltou um pouco de personalidade ao Harry. 15 vidas e o cara continua sendo super bleh. Fora isso, meus parabéns para a Claire North. Livro inteligente, cheio de conceitos legais, história, saltos no tempo muito bem trabalhados e uma escrita super bonita e envolvente.