Conheci a série quando a vi nos lançamentos da Seguinte e tive a oportunidade de ver ela se tornar uma das maiores surpresas do ano passado. Morgan Rhodes apresenta uma fantasia que está longe de ser juvenil e as expectativas para esta continuação eram altas. Dando sequência a sua trama sangrenta a autora acompanha as drásticas mudanças que os reinos e seus protagonistas passam após a conquista. Mordaz, a trama surpreende o leitor.
Com quatro frentes narrativas a trama traz Cleo, Magnus, Lucia e Jonas após a conquista do rei Gaius dos reinos de Paelsia e Auranos. Cleo, agora uma princesa despojada de seu reino e prisioneira em seu próprio castelo, tenta se manter forte para enfrentar as crueldades do novo rei enquanto se apega ao anel que seu pai lhe deu antes de morrer. Sem saber o que fazer para proteger seu reino e seus amigos, Cleo passa por tempos difíceis, forçada a um noivado com Magnus filho do rei sanguinário, ela acabará mais próximas dos rebeldes do que imaginava. Jonas, agora líder de um grupo rebeldes luta para tomar as decisões corretas, mas não sabe como agir. O povo de Paelsia está sendo escravizado e assassinado na construção da nova estrada do rei. Planejando usar a princesa de Auranos em favor do grupo ele não imagina as consequências de suas ações. Magnus tenta dia após dia ser tão frio quanto seu pai, e consegue passar para muitos a impressão de que é realmente como ele, mas no fundo Magnus luta contra sua verdadeira natureza. Um assassinato pegará o príncipe de surpresa e seu iminente casamento só o deixa mais confuso de quem ele é e de quem quer ser. E fechando o ciclo Lucia dorme, atormentada pela magia que fez para ajudar seu pai e preocupada com o que pode se tornar caso não controle sua magia. O rei quer encontrar a Tétrade, instrumento de enorme magia que ele acredita ser a chave de sua imortalidade, mas Cleo também está atrás dela e Magnus começa a questionar sua descrença. A Tétrade existe? E quem é a nova conselheira de seu pai? Por que ele precisa que tanto sangue seja derramado?
É a partir destas quatro frente que a trama se desenvolve e se entrelaça conduzindo o leitor através das intrigas, mentiras e traições que correm todo o novo reino unificado de Mítica. Rhodes mais uma vez surpreende o leitor com o tom de sua prosa, forte que não poupa o leitor, e com o ritmo fluido, que é algo complicado com mais de um ponto de vista. Ao aliar seus quatro protagonistas a autora alterna o tom da história, ora com a força ferida de Cleo, ora com a luta interior de Magnus, passando ainda pela liderança sem preparou de Jonas e o receio do desconhecido de Lucia, deixando a história mais crível e vivida, marcada pela ambiguidade que todo ser humano carrega consigo.
Longe de ser preto no branco os personagens foram construídos com cuidado, sempre deixando claro ao leitor que a linha entre o certo e o errado, o bem e o mal fica intensamente borrada quando tudo o que você ama está na balança. Rhodes consegue transportar o leitor para o clima de um reino conquistado espada e sangue, passando uma atmosfera sufocante e sombria de insegurança, medo e dúvida. E nos pequenos detalhes ela mostra a força de seus personagens. A relação entre Cleo e Magnus foi um dos pontos altos da trama. Ambíguo e carregado de mágoa, dúvida e farpas os diálogos entre os dois personagens soaram sempre como uma dança na corda bamba sob um lago de tubarões. E é essa química corrosiva entre os dois que instigou e cativou o leitor desde o princípio por isso torço sinceramente para que se for ter um romance que seja entre os dois.
A autora foi perspicaz ao deixar tanto sentimento e dúvida nas entrelinhas, movendo Cleo para uma situação única entre as outras três peças desse tabuleiro que é a trama da série. Em uma posição forte tanto com Jonas, como com Lucia e Magnus, a personagem tem chance de virar o jogo contra o rei Sanguinário. E se o fim mostra o crescimento de Magnus e a inteligência de Cleo, as perguntas que ficam no ar são imensas. O que os Vigilantes realmente querem? E o herdeiro do Império gigantesco do outro lado do mar de Mítica?
Leitura rápida, instigante e que surpreende o leitor a cada novo capítulo. Morgan Rhodes insere novas pontas na sua trama e novos elementos que a deixam mais complexa, menos previsível e que joga muito bem entre seus quatro protagonistas. Expandindo o mundo e a trama, Rhodes mostra que sua série é mais do que mortes e sangue, é personagens fortes, complexos, é uma dança à beira da morte para virar o jogo. A edição da (...)
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