Maravilhas do Conto Moderno Brasileiro

Maravilhas do Conto Moderno Brasileiro Erico Verissimo...



Resenhas - Maravilhas do Conto Moderno Brasileiro


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Henrique Fendrich 26/01/2019

É um livro interessante que abrange os escritores brasileiros vivos no ano de 1959. Curioso como alguns contos escolhidos possuem “parentes”, ou seja, outros contos que de alguma forma se assemelham no que diz respeito ao tema.

Assim é com aqueles que considerei os dois melhores do livro: “As pérolas”, de Lygia Fagundes Telles, e “Penélope”, do Dalton Trevisan, ambos explorando os meandros do ciúme em face a um adultério imaginado.

O último conto do livro, “A hospedeira”, de um bastante desconhecido Edilberto Coutinho, foi um dos que mais gostei e ele faz dobradinha com o conto de José Condé, “A velha senhora Magdala”, ambos tratando de uma mulher idosa que busca reviver anos de esplendor ao receber hóspedes.

Há mais um par formado por “Elegíada”, de Osman Lins, e “O chapéu de meu pai”, do Aurélio Buarque de Holanda, ambos contos em primeira pessoa que se passam no velório de uma pessoa muito querida (entre esses dois, preferi o do Osman Lins, já que o do Aurélio, a certa altura, muda de ambiente e vira conto regionalista).

Entre outros que apreciei, cito Gastão Cruls, com “O abcesso de fixação”, conto psicológico em que um médico conta um crime cometido de fato para “expurgar” a culpa sentida depois da morte de um paciente, Aníbal Machado com o surrealismo cômico de “O piano”, Marques Rebelo com o existencialismo de “Labirinto”, Dinah Silveira de Queiroz com o místico “Tarcísio”, Afonso Schmidt com o lírico “Olhos alheios”, Ribeiro Couto com o sociológico “O conto da madrugada”, Luís Lopes Coelho, com o trágico “Crime mais que perfeito”, Helena Silveira com o belo “Ainda Arouche Magnocavallo” e, surpreendentemente, um conto do Erico Verissimo, rei no romance, o sensível “As mãos de meu filho”.

Preferi, largamente, os contos “não regionalistas”. Tenho, sim, muita dificuldade com o conteúdo regionalista da literatura brasileira, à exceção do José Lins do Rego, que eu acho uma lindeza só, e talvez o Graciliano (nomes que não estão no livro). Entretanto, entre os contos de conteúdo regional em que eu reconheci méritos, apesar das dificuldades de leitura, estão o “Paisagem perdida”, de Luís Jardim, e o “Sarapalha”, do Guimarães Rosa.

Quatro contos regionalistas se tornaram extremamente difíceis para mim e eu os li arrastado: os de Peregrino Júnior, Darcy Azambula, Guido Wilmar Sassi e Ricardo Ramos (filho do Graciliano). Um regionalismo como o de Joel Silveira, em “O homem na torre”, sim, esse eu aprecio, e provavelmente pela bagagem jornalística na linguagem.

Há mais alguns contos no livro, mas esses foram os que mais me motivaram a comentar alguma coisa.
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