Gabi 25/08/2021
Essencial para Arquitetos e Urbanistas
O livro foi escrito pelo arquiteto e urbanista Jan Gehl e segundo ele este é um “livro protesto” que vai contra alguns paradigmas urbanísticos muito dominantes, mais especificamente o urbanismo modernista. Jan Gehl não é pioneiro no pensamento que traz em seu livro, sendo parte de uma linhagem de teóricos, pensadores e profissionais críticos que já vinham questionando a maneira de se projetar a cidade moderna, sendo possível notar em sua escrita, claras influências de Jane Jacobs, por exemplo. Isso não tira seu mérito e toda a sua contribuição enquanto pesquisador para a discussão de parâmetros para o urbanismo contemporâneo.
É possível afirmar que o próprio título do livro é capaz de traduzir muito bem os ideias do autor, já que ele contempla como se fosse uma síntese de sua trajetória urbanística, trazendo parte do seu trabalho de pesquisa e produção e reflexões sobre o que ele acredita que é o urbanismo contemporâneo e para onde estão se encaminhando nossas cidades. O texto é recheado de exemplos tanto positivos quanto negativos, fala sobre as cidades onde o arquiteto atuou e o que deu certo ou não.
Em suma, durante todo o livro o autor apresenta um conteúdo sobre planejamento urbano que leva em consideração e prioriza o pedestre, a escala humana, as pessoas. Faz críticas ao urbanismo modernista e sugere um replanejamento urbano, com uma percepção mais humana, no qual o centro dos projetos de planejamento seja a vida das pessoas nas cidades. Segundo ele, antes não se sabia muito a respeito da influência das estruturas físicas no comportamento humano e por isso grandes cidades se desenvolveram e as consequências de não considerar a escala humana como prioridade no planejamento urbano só foram percebidas muito tempo depois, como por exemplo o fim do espaço urbano e depreciação da qualidade de vida dos pedestres.
Por fim, na visão do autor, o planejamento urbano não é apenas sobre Arquitetura, mas também diz respeito a Psicologia e Sociologia, já que o planejamento da cidade afeta o indivíduo diretamente, bem como a toda população. A cidade deve estar no nível dos olhos, devem ser priorizadas as pessoas ante a forma, deve-se projetar para a escala humana, agregando assim qualidade de vida para os grupos sociais. Para concluir o livro, Gehl traz uma “caixa de ferramentas” onde coloca os princípios do planejamento urbano nos quais acredita. Em uma entrevista ao FecomercioSP, em 2017, o autor relata que após se posicionar de forma crítica e incisiva sobre os problemas nas cidades, foi muito criticado por gestores e planejadores urbanos, que diziam que ele apenas criticava e não oferecia ajuda em troca, não colocava em prática, isso o levou a abrir um escritório e começar a propor intervenções no espaço urbano. Sem dúvidas, este arquiteto e escritor tem muito a ensinar e o livro “Cidade para pessoas” é um bom começo para se refletir a respeito das cidades contemporâneas.
site: https://www.youtube.com/watch?v=fgcNxIlycic&ab_channel=FecomercioSP