Jean 20/03/2024
Sob o meu olhar:
Somos importantes na exata medida em que servimos ao mundo e às pessoas, quando você deixa de produzir, deixa de prover ou mesmo de cuidar, você perde seu valor e se torna um fardo, essa foi a conclusão que obtive lendo essa história.
No início, estava um pouco perdido na leitura me prendendo ao meu objetivismo costumeiro, tentando compreender qual a lógica de toda a história, e quase abandonando o livro, mas no decorrer da leitura fui percebendo outras nuances acrescidas aos personagens, e foi só então que eu percebi, que provavelmente a metamorfose fosse uma metáfora, e que, portanto, compreender o que estava lendo dependia de ter uma visão subjetiva, que me mostraria melhor qual era o objetivo do autor com essa obra, e mostrou, quase que instantaneamente.
Gregor Samsa, como tantos de nós, renunciou a si mesmo e aos seus sonhos, para servir a uma família aparentemente amorosa, mas que talvez condicionasse esse amor, ao conforto que nosso protagonista os proporcionava sem nunca pedir nada em troca, conforto esse que não lhe foi nem minimamente conferido após sua transformação em um “inseto monstruoso”, transformação essa, que o tornou incapaz de continuar mantendo seu penoso emprego, e com isso o luxo a que seus familiares estavam acostumados. Tornou-se um fardo, pouco quisto, pouco amado, pouco cuidado, escancarando assim o quanto somos substituíveis, e nossas ações até então apreciadas, facilmente esquecíveis, e quando enfim encontrou seu derradeiro final, causou pouca ou nenhuma comoção, ao contrário, causou alívio e até certa satisfação.
Em A Metamorfose, fica claro que estar sempre disponível, se colocar em situações desconfortáveis para garantir ao outro conforto, e renunciar aos seus sonhos em função da sua família, do seu trabalho, ou do que quer que seja, é um erro gigantesco.
Termino a leitura avaliando sobre nossa importância na vida do outro, me questionando se vale mesmo a pena abdicarmos do que queremos para nossas vidas, com o intuito de tornar melhor a vida de familiares, amigos, e até mesmo de pessoas do nosso trabalho, será que representamos para o outro algo que o faria fazer o mesmo por nós?