georgea 31/03/2024
Uma Barata, ingratidão e negligência familiar
A Metamorfose é, se não engraçada, triste de todo modo.
Aqui, nos deparamos com Gregor Samsa, homem trabalhador que se preocupa com a família antes de si mesmo, transformado num inseto gigante ao acordar.
Acredito eu que A Metamorfose é uma metáfora. Para quê? Aí eu não sei explicar com poucas palavras. Minha amiga me disse uns dias atrás quando estávamos conversando sobre esse livro: "Ah, não sei, Gê. Quem nunca acordou se sentindo uma barata inútil algum dia de sua vida?"
Tive que concordar. Mesmo não sabendo direito com o que eu estava concordando.
Gregor se preocupa acima de tudo com seu trabalho e a falta de dinheiro que acontecerá se ele não chegar ao trabalho a tempo. Sabendo que está incapacitado de trabalhar, se torna um fardo para a família que antes dependia 100% dele.
Fiquei comovida com a ingratidão da família com Gregor. Ele que dedicou toda a sua vida para o bem-estar dela. Os pais negligenciaram Gregor quando ele mais precisava. A irmã, preocupada no começo, passou a odiá-lo assim que ele assustou os inquilinos da casa (sem intenção).
Gregor, enfraquecido por falta de comida e machucado pela violência do pai, morre no final do livro, no mesmo quarto em que acordou metamorfoseado. A reação da família é de alívio.
Eles desumanizam Gregor constantemente, o negligenciam, o tratam como lixo, e depois de sua partida, agem como se ele nunca tivesse sido necessário ou amado.
A metáfora talvez seja de uma pessoa que se encontra depressiva, cansada, incapacitada de continuar sua vida em função do pouco dinheiro que ganha mas indispensável nessa sociedade. Acredito que se a família tivesse se dado ao trabalho de ouvir Gregor, tentar se comunicar com ele de alguma forma, ou até mesmo ajudá-lo para que seu trabalho não ficasse tão maçante, talvez ele poderia ter melhorado e as coisas poderiam ter voltado ao normal. Mas eles escolheram abandoná-lo, e deu no que deu.
Sim, eu chorei por causa da Barata.