Cadeiras Proibidas

Cadeiras Proibidas Ignácio de Loyola Brandão




Resenhas - Cadeiras Proibidas


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Evy 24/11/2011

Desafio Literário 2011 / Releitura - Grupo "Entre Nós" 2021
Cadeiras Proibidas é o segundo livro que leio de Ignácio de Loyola Brandão e é uma das boas descobertas que o Desafio Literário de 2011 me proporcionou e que tive a oportunidade ímpar de reler com o Grupo de Leitura "Entre Nós". A narrativa deste autor é vigorosa, humorada e irônica. Tenho a impressão de que Loyola vai escrevendo o que lhe vêm à cabeça e nos presenteia com os contos profundos que compõem essa obra que, na minha opnião, assim como "Não Verás País Nenhum", deveria ser lida por todos.

Mais uma vez, a obra de Loyola me lembrou muito 1984. George Orwell, certa vez explicou-se dizendo "escrevo porque existe uma mentira que pretendo expor, um fato para o qual pretendo chamar a atenção, e minha preocupação inicial é atingir um público". E acredito que, assim se dá também com Loyola. Sinto em sua narrativa a vontade da denúncia, da exposição, da intenção de chamar a atenção para este ou aquele fato que passa desapercebido para a sociedade.

E é essa narrativa que tanto me cativou e me fez admirar o trabalho deste autor, até então desconhecido para mim. Em seus contos loucos e cheio de cinismo, Loyola retrata pessoas nada normais que se transformam em barbantes, contam portas pra sobreviver, atravessam vidro e até querem eliminar a memória. Um mundo absurdo e fantasioso que através da metáfora nos faz refletir.

Na época em que foram escritos, eram vistos como surrealistas e fantásticos pelas pessoas que os liam no jornal, onde originalmente foram publicados. Porém, se colocados no contexto em que foram criados, se tornam mais claros aos nossos olhos. Loyola os escreveu na época da ditadura onde a realidade não podia ser relatada abertamente, era preciso dissolvê-la no mundo da fantasia. E assim nasceram os contos deste livro, dos quais destaco entre os meus favoritos: "Os homens que descobriam cadeiras proibidas", "O homem do furo na mão", "O homem que viu o lagarto comer seu filho", "O homem que espalhou o deserto", "Os homens e as pedras que gritavam" e "O homem que precisava nascer".

"O homem se adapta às piores condições, conformando-se com os acontecimentos. Naquela cidade, tudo é frágil, a vida humana tem a espessura de um fio. Ou é delgada como um vidro. Mas isto vai se constituindo na normalidade".

Leitura recomendada!
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Diego / @blogdiscolivro 30/05/2021

Distópico, irônico e impactante
Nascido em 1936, na cidade de Araraquara, São Paulo, Ignácio de Loyola Brandão é um dos mais célebres e prolíficos escritores da nossa literatura. Vencedor dos prêmios Jabuti (2008) e Machado de Assis (2016), Loyola é membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa atualmente a cadeira de número onze. Mais recentemente, em maio de 2021, foi eleito Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti. Em 1965, publicou o seu primeiro livro, "Depois do Sol". Desde então, manteve sua pena sempre ativa e compôs uma vasta obra literária. Uma de suas principais obras, "Zero", foi publicada primeiramente na Itália, por conta da censura imposta pela Ditadura Militar, e só posteriormente veio a ganhar uma edição nacional, o que acabou colaborando para que autor fosse traduzido para diversas outras línguas e tivesse sua obra propagada em outros países.

Publicada pela primeira vez em 1976, "Cadeiras Proibidas" é segunda coletânea de contos de Ignácio Loyola e reúne 38 histórias, distribuídas em oito partes ou temas: "Cotidiano", "Corpo", "Clima", "Mundo", "Indagação", "Descoberta", "Ação" e "Vida". A maioria dos contos são curtos, de duas a três páginas, porém, isso é tudo que o autor precisa para apresentar as suas armas. Dono de uma ironia sem igual, Loyola faz o uso de metáforas e coloca seus personagens nas situações mais absurdas para tecer suas críticas. Homens cujas orelhas não param de crescer, homens que se transformam em barbantes e mulheres que contam portas, esses são apenas alguns exemplos das maluquices que vamos encontrar dentro dessas páginas. Uma sociedade com a cara do povo brasileiro, dada ao comodismo e a alienação, também marca o livro.

Paralelos com obras clássicas da distopia, como "1984" (George Orwell), "Fahrenheit 451" (Ray Bradbury) e Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), podem ser traçados facilmente. Alguns contos ainda trazem uma pegada meio kafkiana e um deles parece até preceder a treva branca de "Ensaio Sobre a Cegueira", do português José Saramago. Assim como toda obra distópica, embora suas críticas sejam direcionadas a um período específico da história, no caso a Ditadura Militar, "Cadeiras Proibidas" não se limita a isso e suas críticas, infelizmente, ainda ecoam em nossa sociedade atual.

Essa foi minha primeira experiência com Loyola e isso me fez perceber o quanto, atualmente, eu ando em falta com a literatura nacional (e quanta coisa boa eu estou perdendo por isso!). Mas antes tarde do que nunca, não é? Graças ao grupo de leitura "Entre Nós", eu fui obrigado a sair da zona de conforto e acabei sendo presenteado. Já estou ansioso para conhecer outras obras do autor, bem como a de outros gigantes nacionais.

site: https://discolivro.blogspot.com/
Reh Rad 31/05/2021minha estante
A descoberta!
Por mais Loyola.


Diego / @blogdiscolivro 31/05/2021minha estante
Não vejo a hora de conhecer os romances do autor!




Ludmill4.books 05/06/2021

diferente de tudo que imaginei
Cadeiras Proibidas é uma coletânea de contos que foi publicada incialmente em 1976, período marcado pela ditadura militar aqui no Brasil. Se observamos o contexto histórico é possível compreender o por que de os contos não trazerem de forma crua e explícita sua mensagem, sendo necessário dar uma pausa ao finalizá-los, e em casos mais extremos, até fazer uma releitura.

Enquanto avançava as páginas, pude refletir sobre muitas coisas, desde as críticas ao desmatamento desenfreado até o egoísmo e alienação presentes nos cidadãos, não só naquela época, mas hoje em dia também.

Dentre os 38 contos que compõe o livro, O homem que precisava nascer foi o que mais me marcou e por isso vou falar um pouquinho sobre ele:

Nessa história iremos acompanhar um garotinho que até a fase adulta passa por inúmeros conflitos internos, principalmente por não conseguir se comunicar verbalmente - fato que o faz se fechar e se distanciar de todos -, trazendo à tona assuntos como solidão, a pressão da sociedade em cima daquilo que não consideram ?normal? e a importância de respeitar e validar os sentimentos das crianças, tendo em vista que elas, assim como os adultos, também possuem seus medos e inseguranças.

Enfim, se trata de um livro que oscila entre o fantástico, genial e perturbador, e é por conta desses e de muitos outros motivos que recomendo bastante a leitura!
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Léia Viana 25/03/2013

Sinistro
Não consigo pensar em outra palavra para identificar a leitura deste livro, ‘sinistro’, é o que lhe caí melhor tamanho espanto que ele me trouxe. É complicado ao lê-lo e não associar: “1984” de George Orwell e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, ambos os livros deveriam ser leitura obrigatória, tamanha clareza e despertar de mundo e de consciência de conformismo que vivemos e nem nos damos conta, afinal, o ser humano de fato se adapta a quase toda situação.

"O homem se adapta às piores condições, conformando-se com os acontecimentos. Naquela cidade, tudo é frágil, a vida humana tem a espessura de um fio. Ou é delgada como um vidro. Mas isto vai se constituindo na normalidade".

Fiquei impressionada com vários contos, em particular: “Os homes cegos no hall de mármore”, lembrei-me do livro de José Saramago, “Ensaio sobre a Cegueira”, que mostra em suas entrelinhas a vulnerabilidade do homem. Outro conto que me perturbou e muito: “A mulher que contava portas”, fiquei sensibilizada e imaginando o quanto deve ser difícil conviver com a síndrome do T.O.C. Em nenhum momento o autor diz isso, mas este conto me fez pensar bastante a respeito. Outros contos também mexeram muito comigo e me deixaram bastante reflexiva.

É o primeiro livro que leio deste escritor e estou muito interessada em conhecer outros escritos dele, gostei da lucidez e da visão que ele tem do mundo e das pessoas, de uma maneira geral. Os contos são curtos e nem por isso deixam de ser profundos e loucos, ironicamente loucos.

Leitura recomendada!
DIÓGENES ARAÚJO 19/09/2013minha estante
Perfeito seu comentário.
O livro realmente faz a gente parar pra pensar.


Giovanni 04/02/2018minha estante
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rayumix 05/01/2022

o homem e as alegorias malucas
cadeiras proibidas foi lançado em meio às censuras da ditadura militar; então talvez não coincidentemente, observamos o uso de situações anormais, ironias e metáforas para fazer críticas à nossa realidade através dos contos; que aliás são bem divertidos quando se tratam apenas da ficção, mas um tanto quanto lúgubres e ácidos quando percebemos que podem dialogar também com a nossa sociedade.
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camerighi 30/05/2021

Ignacio é um super autor. Merece o lugar que ocupa na Academia Brasileira de Letras. Os contos são muito atuais. Alguns são malucos e nos deixam bem curiosos.
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Serena 07/01/2011

OS HOMENS QUE DESCOBRIAM CADEIRAS PROIBIDAS
"Os homens não bateram, porque há muito naquela cidade ou país, a polícia não precisava bater para entrar. Não traziam mandados judiciais, há muito os mandados tinham perdido a razão de ser. Não havia um estado de direito. Havia o estado, não o direito.

Os homens entraram, atravessaram a sala onde a família jantava, até então tranqüilamente.
- Inspeção de rotina, comunicou o chefe dos homens que tinham entrado.
- Fiquem á vontade, disse o dono da casa, voltando para terminar a sopa, indiferente à súbita invasão. A indiferença significava apenas impotência.

Os homens vasculharam a sala, os quartos, o banheiro, o quarto das crianças, a cozinha, a área de serviço e o quarto da empregada. Quarto? Aqueles cubículos, senzalas que as imobiliárias fazem.

Voltaram da cozinha com uma cadeira branca de fórmica.
- Vamos levar esta cadeira. Amanhã o senhor apareça para prestar depoimento.
- Não sei como ela apareceu aí. Tínhamos vendido.
- Não queremos saber. A cadeira estava na cozinha.

“Talvez eles mesmos tenham trazido e colocado lá”, pensou o homem. Pensou, com medo que o outro percebesse o que ele estava pensando. Os pensamentos estavam proibidos há muito, principalmente pensamentos que colocassem em dúvida, ou em choque, as ações dos homens.

- Em que distrito?
- Noventa e oito.
- Está bem. Me dê a notificação.
- Que notificação?
- De que os senhores estiveram aqui.
- Não estivemos aqui.
- Não estiveram? Ainda estão.
- Não estamos. O senhor nunca nos viu.
- Então, que motivo terei para me apresentar no distrito?
- O senhor se apresenta como voluntário. Levando a cadeira.
- E se eu não me apresentar?
- Voltaremos.
- E então?
- Ou melhor, viremos, mas não estaremos aqui. Não sei se compreende.
- Compreendo bem. É assim: estou livre, mas não estou.
- Perfeito. Se todos fossem como o senhor, a nossa atividade seria mais fácil. Não temos encontrado entendimento. Sabe o que me disse o homem do andar de baixo? Não tem lógica. Vocês não podem não estar, estando. Aí, eu disse: pois estou, e não estou.
- Vamos ver se eu entendo melhor. O senhor fez, mas não fez.
- Exatamente.
- E se eu aplicasse o mesmo critério a esta cadeira? Ela existe, mas não existe. Não existindo, não estou incorrendo nenhuma falta grave. Existe, mas não existe uma proibição para se usar cadeiras, não é?
- O senhor quer me deixar confuso, mas não me deixa! Por isso me escolheram. Sou um homem de estudos, fui escolhido a dedo, eu era um dos melhores logísticos de minha faculdade. Este não é um trabalho simples.
- Como funciona?
- A proibição de usar cadeiras existe. As cadeiras é que não podem existir. O sim é para nós, o não para vocês. Somos o positivo, o povo, o negativo.
- Quer dizer que não posso alegar que não estiveram aqui?
- Não, porque entre nós sabemos que estivemos. Isso é o que conta.
- Estou confuso.
- E é para ficar. Não queremos nada claro.
- Como podem agir assim?
- Não agimos.
- Acabaram de agir.
- Como agimos, se nem estivemos aqui?
- Estou em frente ao quê?
- A um homem que não existe.
- O senhor é louco.
- E o senhor um rebelde. Sabe que não tem o direito de fazer mais do que duas perguntas?
- Não fiz nenhuma.
- Fez, várias.
- Fiz, mas não fiz. Fiz e não obtive resposta. Uma pergunta sem resposta, não é uma pergunta, é uma simples frase sem sentido.
- Chega. Amanhã no distrito noventa e oito.
- E se não houver distrito noventa e oito?
[Ignácio de Loyola Brandão]



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Aryane 22/05/2021

Livro muito bom
Ótimo livro de contos para sair do lugar comum e estimular o raciocínio. Como foi escrito na época da ditadura carrega muita crítica social.
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Reh Rad 14/06/2021

Descoberta
???????? ????????? foi o livro lido na leitura coletiva de maio lá no @grupodeleituraentrenos e foi uma descoberta merecedora de um pódio.

O livro é um compilado contendo 38 contos que foi publicado pela primeira vez em 1976, época da ditadura militar, tempo esse que, quase tudo sofria com a censura.
Numa época em que era proibido se expressar, Loyola Brandão se utilizou da metáfora para construir suas histórias: ironias, irreverências e até um cinismo carregado de humor ácido são as armas que floreiam os contos neste livro que é considerado um dos mais adorados de Loyola Brandão.

Com contos curtos o leitor irá se encontrar com pessoas que se transformam em pedras, homem que se transmuta em barbante e até uma mulher que para ter o seu dia normal e garantir sua sanidade sai por aí contando portas.

Alguns contos acontecem em lugares fechados como salas, escritórios e repartição pública, onde o cenário é fechado e sufocante, nota-se aí um lembrete ?subentendido? do período marcado e obscuro da ditadura militar no país.

???????? ????????? é uma aula de história onde Loyola Brandão nos revela através dos contos o período da repressão, com uma escrita seca e crua no que de melhor se apresenta na Literatura Brasileira.

A descoberta do ano.

#paginasmarcadasbooks #paixãopeloslivros #compulsivosporleitura #lendo #amoler #amolivros #literaturanacional
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Rodrigo 18/03/2013

Contos nossos
Lembrou-me um pouco de Kafka, só que mais gélido e perturbador. Alguns contos me roubaram um sorriso no canto da boca, aqueles sorrisos de reconhecimento de ironia. Ignácio de Loyola Brandão é, sem dúvidas, um dos maiores escritores da Literatura Contemporânea.
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Laila.Oliveira 22/06/2015

cadeiras proibidas
Nós gostamos é muito legal conta bastante coisa assustador,que o homem tinha uma cadeira e ela era assombrada,na casa tinha fantasma e toda as vezes que ele iria sentar a cadeira iria para tras e ele ficava assustado
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valen.tilha14 26/02/2023

Os contos são muito bons. Fazem críticas à sociedade muito verdadeiras e atemporais. Machado realmente escreve muito bem ?
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DIÓGENES ARAÚJO 19/09/2013

Diferente de tudo
Poucos livros, mesmo os bons, causam tanta reflexão e analogias "malucas" com nossa vida.
Nunca havia lido nada de Ignácio de Loyola Brandão, fiquei sabendo do livro através de um livro de Rubem Alves, me apaixonei por sua narrativa e sua criatividade. Sem dúvidas vou buscar outros livros do autor.
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Cardoso 23/09/2015

Brandão é pretensioso, e pretensão, ainda mais sem justificativa, é facilmente perceptível e ainda mais simplesmente cansativa. Mesmo que alguns dos contos seja belas construções imagéticas e sua narrativa flua com bastante naturalidade, algumas de suas críticas sociais são lugares-comum e outras de suas alegorias são quase a de um teatro escolar.

Os contos tem uma melhora considerável depois da metade do livro; o do cinema é muito bonito.
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marciofleury 17/03/2017

Contos que mesclam o mundo real com fantasia criando ambientes suprareais mas que nos fazem pensar no questionamento do óbvio e dos padrões sociais. É uma leitura leve, rápida e clara, mas pode ser tão profunda quanto a interpretação do leitor. Recomendo.
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