Queria Estar Lendo 18/01/2021
Resenha: O Conde Enfeitiçado
O Conde Enfeitiçado é o sexto volume da série Os Bridgertons, publicado pela editora Arqueiro e um dos maiores sucessos da autora Julia Quinn. Sua adaptação para a Netflix, sob produção de Shonda Rhimes, estreou no dia 25 de dezembro com previsão de se tornar a quarta série original mais assistida da plataforma, superando O Gambito da Rainha.
Dando sequência a história da família e seus encontros com o verdadeiro amor, chegamos finalmente a Francesca. A irmã menos comentada e mais distantes dos irmãos, aquela que descobrimos que se casou e enviuvou no hiato de tempo que existe entre a história de Benedict e de Colin. Então ainda que o desenrolar do livro se passe durante o mesmo período que o de Colin e subsequentemente de Eloise, essa história começa anos antes.
Michael Stirling é conhecido por toda Londres como o Devasso Alegre, mas mal sabem as pessoas que seu coração tem dona cativa: pertence a Francesca Stirling, condessa de Kilmartin e esposa de seu primo John. Para manter esse segredo a sete chaves, ele se envolve com diversas mulheres, espalha seu charme pelo mundo e deixa que sua fama cresça mesmo quando infundada. Porque tudo é melhor do que a verdade e o grande pecado que a acompanha.
Francesca por sua vez vive uma vida feliz ao lado do marido, os dois se completam e ela se considera muito sortuda pelo casamento que teve. Além do marido a quem ama de paixão, tem em Michael um cúmplice e melhor amigo. Ela, John e Michael são como uma combinação perfeita, uma família unida e feliz. E embora queira usar as táticas de casamenteira da mãe e encontrar um amor para Michael, Frannie também se diverte com as infames histórias da fama do conquistador.
A vida na Casa Kilmartin não poderia ser melhor, até que a tragédia se abate sobre eles. Em uma noite, pouco antes do aniversário de dois anos de casamento de Francesca e John, o conde de Kilmartin deita-se para dormir e nunca mais acorda. Deixando assim uma viúva e passando o título de nobreza para o primo.
A sucessão de tragédias que se segue a esse momento deixa tanto Francesca quanto Michael devastados, sem saber como seguirem com suas vidas ou como funcionarem sem a presença de John. Perdido e desolado, Michael foge para a Índia em busca de uma vida longe de Francesca e da dor e culpa que ama-la o traz.
Quatros anos se passam entre a ida de Michael e seu retorno para Londres, tempo o suficiente para que Francesca perceba algumas verdades e tome certas decisões. Tendo ficado viúva tão jovem, com os genes e renome da família Bridgerton lhe dando suporte ela decide deixar de vez o luto e aproveitar a temporada londrina para procurar um novo marido. Seu objetivo é um único: Francesca quer ser mãe.
É para este cenário que Michael, agora conde de Kilmartin, retorna. A mulher a quem amou durante dois anos enquanto era esposa de seu primo, e a quem ele continuou a amar mesmo após quatro anos e um continente de distância, está procurando por um novo casamento. Para piorar a situação, por ser a atual Lady Kilmartin e pertencer à sua família, Michael se vê como responsável por Francesca.
A história contada em O Conde Enfeitiçado é diferente de todas as outras vistas até aqui, assim como Colin e Penélope os personagens já se conhecem e possuem um passado juntos. Mas aqui temos Michael apaixonado desde o primeiro momento, lutando contra seus sentimentos e a culpa que eles o trazem e, depois, abraçando o amor e lutando por ele.
É Francesca, a mais tímida e diferente dos Bridgertons, quem precisa ser conquistada e convencida. Seu amor por John era genuíno e quando seu carinho por Michael começa a se confundir e misturar com desejo, culpa e confusão tomam conta. Afinal, como Michael pôde despertar sensações que nem mesmo John foi capaz? Se ela amava o marido, e ela sabia que amava, o que era aquilo que estava sentido pelo atual conde de Kilmartin?
O romance entre Francesca e Michael é para mim um dos mais maduros até então, sendo um bálsamo depois de livros como o de Eloise e Colin. Michael é um personagem encantador e um dos meus protagonistas masculinos preferidos, mesmo com alguns percalços no caminho. Aliás, eis aqui um ponto em comum entre todos os protagonistas dessa série (com exceção do Gregory), eles sempre vão ter aquele momento de escrotidão desnecessário. E nem é culpa dos personagens, mas sim da autora que provavelmente nunca viu as atitudes em questão como erradas.
Algo a ser dito sobre as cenas de romance é que pela primeira vez temos uma protagonista mais ativa e dona de si. Ainda que ela se reduza a frases desconexas nas mãos de Michael, é preciso reconhecer a mudança em algumas posições. Como vários livros do gênero, as cenas eróticas são recorrentes e, depois da primeira, o livro se prende a isso por um bom tempo. Confesso ter achado um pouco exagerado, preferia mais as demais cenas de diálogos e trocas entre ambos. Mas são detalhes, pequenos e perdoáveis diante de tantos acertos.
Julia Quinn finalmente entrega uma história sobre a Bridgerton misteriosa, e me percebi perdidamente envolvida por Francesca. É neste livro que começa uma nova guinada na série, que passará pelo livro fantástico de Hyacinth e culminará no ápice com a história de Gregory.
O Conde Enfeitiçado gira em torno de assuntos como o desejo pela maternidade, a dor de amar e desejar alguém que você não pode ter e, principalmente, a beleza e confusão que é descobrir que se pode amar mais de uma vez na vida.
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