spoiler visualizarEli 29/06/2020
AQUELA RESENHA PERFEITA!
Michael Stirling se apaixonara por Francesca Bridgerton no instante em que pousou os olhos nela pela primeira vez, momento esse em que a jovem dama se encontrava no ensaio do próprio casamento. Em 36 horas, Francesca se tornou esposa de outro homem. De John, seu primo John, que era mais seu irmão do que qualquer outra coisa, desde quando o pai de Michael falecera. Os pais dos dois meninos eram gêmeos e apenas sete minutos de diferença, tornara o pai de John o herdeiro do condado. E agora, John era o Conde de Kilmartin, mesmo que Michael fosse mais velho que ele. Mas Michael não cobiçava o título, nem a propriedade, nem o dinheiro e, ainda assim, sem querer, passara a cobiçar a esposa do primo.
Michael tinha a reputação de um libertino inveterado, que passara muitos anos para construir. Para alguns, chegava a ser conhecido como o Devasso Alegre. E fazia uso dessa imagem, de sedutor inabalável, escondendo-se atrás do charme e dos flertes para ocultar a sua grande paixão pela Condessa de Kilmartin. O casal, John e Francesca, que agora soava aos seus ouvidos como uma unidade, lhe tinham em mais alta estima e afeto. E dois anos se passaram sem que Michael parasse de se corroer por nutrir tal sentimento inconveniente, por estremecer sempre que Francesca o tocava no braço e sorria para ele. E a procurar, cada vez mais, mulheres para amenizar o desejo que sentia pela charmosa condessa.
Então, um dia, John foi se deitar com uma grande dor de cabeça e nunca mais acordou. O primo falecera. Michael não podia negar o sentimento de culpa que lhe dominou, ele desejara tanto Francesca que sentia como se tivesse pedido pela morte de John. Mas Michael não queria a vida dele, nunca desejara a Casa Kilmartin, nem o título e a administração do contato. Mesmo assim, tudo passou a ser dele, herdeiro mais próximo, depois que Francesca perdeu o bebê que esperava de John. Michael sentia-se horrível, pela morte de John, pela dor de Francesca, pela posição que lhe era imposta. Não conseguia nem mesmo encarar a viúva, não conseguia lhe oferecer o apoio necessário. Nem mesmo conseguia evitar o ataque de fúria quando lhe chamavam de Lorde Kilmartin. Quando ele ouvia e ainda sentia que chamavam John. Então, ele saiu do país.
Francesca Bridgerton ficara viúva muito jovem. A sexta filha da viscondessa, Violet, sabia exatamente como a mãe se sentira quando perdera o marido, o seu pai Edmund. Os dois eram jovens também, mas a mãe ao menos tinha sete filhos para amar e esperava mais um na barriga. Enquanto Francesca não tinha nenhum bebê. Ela se sentia tão sozinha, pois o filho seria a sua mais perfeita lembrança de John. O homem que ela tinha amado tanto. Quatro anos já haviam se passado desde a morte dele. Ela administrava a propriedade que Michael havia deixado em sua responsabilidade e estava feliz por ter algo em que pensar e se ocupar todos os dias. Mas não imaginava que, com a morte de John, perderia Michael também. Ele era o seu melhor amigo. E a única pessoa que conhecia John tão bem quanto ela. Contudo, havia lhe negado todo o apoio e fugira para a Índia. Na época, a pessoa que ela mais precisava era de Michael, que deveria estar sofrendo tanto quanto ela, que deveria ser a figura paterna que o bebê teria precisado, mas se mostrou completamente indiferente. Além disso, nos últimos dias e cada vez mais, Francesca se dava conta do quanto queria ser mãe. Ela precisava de filhos e a única forma seria se casando novamente. A jovem viúva teria de abandonar o luto, para que suas intenções ficassem evidentes e pudesse ser cortejada, mesmo sabendo que jamais amaria alguém como amava John. Então saiu da Escócia e foi para Londres mais cedo naquele ano, com a intenção de se preparar para a temporada.
Depois de quatro anos, Michael decidiu que já estava na hora de enfrentar Francesca. Ele já havia adiado isso o bastante. Além disso, a Índia não o fazia feliz, então voltou para a casa. Esperava ter algum tempo para se preparar antes de revê Francesca, mas ela já estava na Casa Kilmartin de Londres quando ele chegou. Ela estava tão diferente e não havia mais aquela intimidade tranquila entre os dois. Francesca lhe contou que pretendia se casar. E ele também tinha essa intenção naquela temporada, afinal, era o que todos esperavam dele, teria que procurar por uma esposa, havia um título que precisaria de um herdeiro.
Logo que chegou, o atual Lorde Kilmartin teve uma crise de malária, o que aproximou os dois novamente. Mas Francesca se sentia incomodada, não enxergava Michael da mesma forma que antes. Agora ela olhava para ele e via um homem. E quando ele a beijou, ela foi capaz de fugir para a casa da mãe. E no dia seguinte, fugiu para a Escócia. Ela não podia desejar ninguém. Não podia desejar alguém mais do que John. E ainda mais, dentre todos os homens, Michael.
Michael sabia que não deveria ter beijado Francesca. Mas agora que havia experimentado um pouco dela, não conseguia mais esconder o seu amor e desejo. E desde que Colin Bridgerton lhe sugerira que a pedisse simplesmente em casamento, a ideia não lhe parecia mais tão absurda. Na verdade, cada vez que refletia mais sobre o assunto, a ideia parecia fazer mais sentido. Afinal, ela já era a Condessa de Kilmartin. E eles eram grandes amigos, que se conheciam há muitos anos e confiavam um no outro. Ele estava bastante determinado. Foi para a Escócia atrás da jovem viúva. Iria convencê-la a ser sua. E se ela não o quisesse a princípio, teria que apelar para a paixão. Teria que usar de todas as artimanhas que a vida de libertino lhe proporcionara.
E esperava, que John aprovasse essa união.