Geeh 18/12/2013http://www.guardiadameianoite.com.br/Acho que já contei para vocês que amo livros sobre animais na resenha de "Um gato de rua chamado Bob" né? Pois é, eu amo, mas principalmente quando o animalzinho não morre no final, porque essa é a deixa para eu me debulhar em lagrimas, e esse é um fator que me deixa sempre temerosa em ler algo do genero, o final imprevisivel.
Quando foi anunciado o lançamento de Rose na Tempestade, eu não pensei duas vezes, já fui logo solicitando ele, e a leitura não poderia ser mais prazerosa.
Este é um livro super especial, pois a maioria dos autores relata historias de animais, mas pelo ponto de vista de um humano, mas Jon Katz fez diferente, grande parte do livro é narrado pela propria Rose, a cadelinha, e alterando em alguns poucos capitulos para o ponto de vista de Sam, o seu dono.
A principio a leitura pode parecer um pouco estranha, já que Rose é um animal e vê o mundo de forma diferente, e apesar de ser extremamente esperta, não destingue palavras e sentimentos, tudo é separado por ela de forma sistematica, mas com um enorme sentimento de amor e lealdade, apesar de a propria não definir com essas palavras.
O mais incrivel neste livro, é a sensibilidade do autor de captar os sentimentos dos animais e os compreender tão bem. Jon traduziu os sentimentos de um animalzinho de forma fantastica, enfatizando o amor mutuo entre animais e humanos, até mesmo entre os proprios animais, sendo eles selvagens, domesticos ou de trabalho.
A historia começa contando o cotiano de Rose, uma cadelinha da raça Border Collie, que é adotada por Sam, um fazendeiro.
Quando Sam adotou o filhote, seu primeiro pensamento foi: "Não vou ter tempo para treina-lá, vai acabar se tornando um animal de estimação." Mas assim que deixou de ser um filhote, Rose aprendeu apenas por instinto qual era a sua função na fazenda, arebanhava as ovelhas e carneiros, protegia Sam das vacas quando ele ia alimenta-las. Aos poucos Rose se tornou o braço direito de seu dono, focada sempre no trabalho e na sua obrigação de manter os outros animais a salvo.
Mas Sam acabou se casando com Katie, e aos poucos Rose também se tornou um animal docil e companheiro. Quando Katie adoeceu, Rose era a sua mais presente companhia, passava dias e noites vigiando sua humana, mas de uma hora para a outra Katie sumio de seu mapa mental, apesar de sentir o seu cheiro em todos os comodos da casa. Mas o fato de não mais ter a companhia de sua dona, não impedia Rose de continuar a seguir a rotina que estava acostumada.
"Katie costumava esperá-la ali. Sentava-se no velho tronco de carvalho e sempre tinha um pedaço de pão para Rose.Mas hoje, nada de pão e nada de Katie."
Certo dia a meteriologia anunciou que embreve uma tempestade de neve cairia sobre a cidade, e que todos os fazendeiros da area deveriam ficar em alerta, pois a neve prometia cobrir tudo e todos que estivessem desavisados. Sam e nem Rose estavam preparados para o que estava por vir, a neve que começou a cair repentinamente logo cobriu tudo, a congelar a agua dos animais e a comprometer a sobrevivencia do rebanho. Em uma tentativa desesperada de evitar que o celeiro desabasse sob o peso neve, Sam sofre um grave acidente. O que será de Rose e da fazenda agora que seu humano não pode mais ajudar. Quem liderará esses animais famintos, sedentos e desesperados? Será que Rose conseguirá abandonar as suas funções de cão pastor para salvar a sí mesmo da violenta tempestade?
"Sempre acreditava que cachorros eram cachorros, e não se devia vê-los como algo mais, agora, contudo, não sabia o que pensar. Parecia-lhe que Rose de algum modo salvara a maioria dos animais, a fazenda, e tratava-se de uma ideia que simplesmente ia além de sua compreensão."
Ao iniciar a leitura eu fiquei um pouco intrigada com a forma como o autor coloca o ponto de vista de Rose, como se ela fosse um animal independente e com pouco sentimento, tanto com os animais e com o seu dono. Cães, assim como a maioria dos animais sabe expressar sentimento melhor do que muitos humanos, e o fato de ele colocar Rose apenas como um cão de trabalho me deixou um pouco brava e com vontade de desistir da leitura.Mas o autor corrigiu isso logo em seguida, e aos poucos Rose foi se tornando um personagem mais sensivel, e apesar de autor manter a ideia de que animais são apenas animais e não pessoas da familia, aos poucos podemos notar que o que ele escreve não condiz com a sua afirmação.
Rose na Tempestade é um livro sobre amor, confiança e acima de tudo, sobre lealdade, tanto de animais para animais, dos animais para com os humanos e dos humanos com os animais. Ou seja, amor mutuo entre todas as especies.
É estranho o fato de que ao terminar a leitura você vê Rose de uma forma mais humanizada do que o proprio Sam, e durante os capitulos nos quais ponto de vista do humano é colocado, o leitor torce para que a narrativa mude logo para a Rose.
Outro ponto crucial na historia, é a procura incessante de Rose por Katie, a mulher de Sam, que não chega a ser um personagem ativo na historia, mas que tem uma grande importancia no enredo e no desenvolvimento da trama, já que o leitor sabe o que aconteceu com ela, mas Rose não.
Este é um livro lindo e emocionante, é uma leitura leve e fluida, os fatos se desenvolvem de um modo tão intenso, que você só percebe o quanto a leitura mexeu com você no momento em que lê a ultima frase. Uma leitura indispensavel para quem gosta de animais, e até mesmo para quem não gosta (existe alguem que não goste? eu acho que não.), pois Rose é incrivelmente esperta, que em certos momentos poderia se passar por um protagonista humano. hahaha.
Apesar da minha implicancia inicial com o autor, e o fato de não concordar com a "tradução" dos sentimentos de um animal que ele faz, devo admitir que ele tem um completo entendimento com animais, e é visivel o seu amor por eles.
Este livro é uma obra completa, com uma revisão bem feita, uma capa maravilhosa, e uma diagramação super fofa, com capitulos separados por cãezinhos, paginas amareladas e uma fonte bem agradavel para a leitura.
Enfim, este livro é uma otima leitura, transmite o amor incondicional de um animal, e o quanto homem e animal se completam, de diferentes formas e situações.
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