Quando vi o livro entre os lançamentos da Novo Conceito fiquei na dúvida sobre solicitar com receio de que fosse uma história forte demais, mas por outro lado eu gosto de histórias desse tipo e a autora apesar de ser novo por aqui já havia sido muito recomendada. Por isso quando recebi o livro sabia que seria uma história boa, porém o único problema é que o que era uma história ótima foi brutalmente interrompida. A sensação é de estar assistindo a um filme ótimo quando de repente você descobre que não tem fim, que o rolo estragou e só tinha uma cópia dele. Conheçam e entendam.
A sinopse fala bastante da história por isso não vou me prolongar. Madona vive no meio do deserto desde que foi "resgatada" por Willis. Isolada do mundo tudo o que Willis diz é lei. Ela lava, passa, cozinha, arruma a casa e "cuida" de Willis. Na cabeça de Madora, Willis é um homem forte, mas que começa a sofrer com a dureza do mundo e a obrigação dela como mulher é mantê-lo forte sendo compreensiva, dócil e companheira. Ela acredita em tudo o que ele diz. Que seu pai se suicidou porque a mãe dela não era uma boa mulher, compreensiva e tudo o mais. Na cabeça de Madora ele só quer juntar dinheiro para fazer faculdade de Medicina porque é um ótimo homem e só foi mandado embora dos fuzileiros porque armaram contra ele. Mas desde que Linda chegou e é a nova resgatada de Willis as preocupações de Madora aumentaram. Porque Willis não a libera logo? O que está esperando? E quando ela conhece Django, um garoto de doze anos, que acaba de ficar órfão de pai e mãe, e sair de sua luxuosa vida como filho de celebridade para viver com a tia no meio do deserto, é que Madora a temer, sem saber pelo o que, Madora teme e receia. Começa a enxergar as brechas na fachada de bom homem de Willis. E Django no seu luto acaba ajudando Madora irremediavelmente...
É a partir dessa premissa que a história se desenvolve e até muito bem. Campbell possui uma narrativa num tom pessoal que aumenta o lado psicológico da trama, com situações e descrições que ajudam a construir o lado duro da história. O cenário também é bastante marcante na história, funcionando junto com a história para criar um ambiente mais vivo e sombrio. O calor escaldante, os animais predadores do deserto e a vastidão foram elementos complementares muito bons. O ritmo da trama e a mudança sutil dos pontos de vista narrativos ficaram bem colocados, e foi bom ter pequenos flashes de Willis como narrador.
Os personagens também são bons, a autora desenvolveu a personalidade de seus protagonistas muito bem, com nuances que pouco a pouco começam crescer. É uma ótima evolução que mostrava como uma pequena peça pode desencadear qualquer situação quando se vive uma mentira, mas quando estávamos chegando no ápice, que seria a mudança, Madora enxergando o monstro que Willis era simplesmente tudo se amarra e um epílogo. O fim foi muito corrido. Foi injusto com tudo o que a autora apresentou encerrar a história de forma tão abrupta. Sim, temos as respostas, mas Drusilla Campbell desenvolveu tão bem o crescimento dos personagens, o lado psicológico, as tramas e a mudança das intenções, porque jogar tudo para o ar e encerrar de forma rápida a história? Não entendi. O fim de Madora e Django foram bons, mas podia ter sido espetacular, poderia ter sido de tirar o fôlego.
Leitura rápida, com uma premissa instigante e personagens que prendem o leitor desde o começo. Drusilla Campbell tinha uma trama e tanto nas mãos e fez o melhor que pode no espaço que se propôs. Ao se limitar em um número de palavras a autora perdeu a chance de fazer uma história estrondosa que marcaria mais, muito mais. A edição da (...)
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