As cartas que não chegaram

As cartas que não chegaram Mauricio Rosencof




Resenhas - As cartas que não chegaram


4 encontrados | exibindo 1 a 4


Paula 14/10/2013

Encontrei esse livro na livraria ontem, traduzido pela Letícia Wierzchowski e com um comentário bonito dela, sobre como se emocionou lendo esse livro em uma viagem de trem pela Alemanha. Só de pensar no título, já dá pra sentir aquele aperto no coração, porque coisa triste é carta que não chega ao seu destino. E foi triste imaginar quantas cartas mais podem não ter chegado às mãos de quem as esperava, nessa época tão triste de guerra e de barbárie. É, a Alemanha aparece aqui não apenas como cenário para a leitura do livro pela tradutora, mas como cenário de uma parte importante da história. Os pais de Mauricio eram poloneses e fugiram de seu país para escapar dos nazistas. Eram judeus. Primeiro foi o pai quem partiu para o Uruguai, e com muito trabalho conseguiu trazer a mulher e o filho mais velho. Esperou muitas cartas de suas irmãs e do restante da família, cartas que não chegaram e causaram muito sofrimento. Mauricio, o filho mais novo, cresceu nesse outro país, não compartilhando do idioma dos pais e do irmão. Sem o iídiche, Mauricio fica um pouco distante desse sofrimento que os pais carregaram em silêncio durante a vida.

Imaginar a dificuldade do exílio, de aprender uma nova língua, em uma situação financeira muito difícil, de sofrer pela família que ficou na Polônia e que foi morta nos campos de concentração alemães é sempre algo que dói. Os relatos em trechos de cartas que teriam sido enviadas pelas tias contando como era a vida lá, ou o que os judeus ingenuamente pensavam que seria a vida lá a princípio, é de partir qualquer coração. Porque sabemos que foi assim que aconteceu e, por mais difícil que seja, são histórias que não podem ser esquecidas. Para quem já leu outros livros com relatos bem mais fortes de sobreviventes, sabe do que eu estou falando.

Mais adiante no livro, é Mauricio quem está preso e, para não enlouquecer, escreve cartas em seu coração, porque não havia papel, para o pai e para a mãe que estão lá fora lhe esperando. Não ficou muito claro o motivo da prisão de Mauricio durante a leitura, mas na contra-capa ficamos sabendo que ele foi Dirigente do Movimento de Libertação Nacional (Tupamaros) e, refém da ditadura uruguaia, ficou preso desde 1972 e mantido incomunicável em uma cela durante onze anos, seis meses e alguns dias. Essa informação é fundamental para entendermos a natureza do texto, um desabafo, uma catarse, um registro de uma vida que a muito custo tentava manter o mínimo de razão possível em tais circunstâncias. E lemos as cartas de Mauricio para o pai, o Velho, como ele chama no livro, como uma forma de não perder a conexão com o seu passado, com sua memória.

Um livro muito triste, sem dúvida, mas eu senti falta de uma introdução sobre a vida do autor, para nos ajudar a compreender um pouco mais dessas cartas, que falam sobre vários assuntos, desde o sofrimento dos familiares na Polônia, da saudade que ele sente da comida feita pela mãe sempre feita com muito amor, de como se sentia isolado por não partilhar com os pais do idioma materno e tantos outros pensamentos que povoaram seu sofrimento durante os anos em que esteve na prisão.

Mauricio Rosencof. As cartas que não chegaram. São Paulo: Record, 2013. Tradução: Letícia Wierzchowski.

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/10/as-cartas-que-nao-chegaram.html
comentários(0)comente



18/01/2021

Através de cartas, o livro narra a história da vida do próprio autor durante sua infância e após, durante o período que ficou preso por longos 11 anos pela ditadura uruguaia.

Livro de imensa sensibilidade, que fala sobre família, valores e saudade.
comentários(0)comente



Fernando 07/05/2021

Razoável
Uma narrativa lenta, figurativa...acaba por não prendendo tanto nossa atenção. Expectativa era bem maior antes da leitura, não foi um excelente leitura.
comentários(0)comente



Libera 15/05/2020

Comecei a ler esse livro por acaso, estava procurando ebooks na Amazon e acabei escolhendo ele.
Finalizei a leitura em algumas horas por não conseguir me desligar da história até que chegasse ao fim.
Só consegui começar essa resenha depois de saber mais sobre o autor; assisti uma entrevista incrível que o jornalista Juca Kfouri fez com ele, onde ele fala um pouco sobre o filme "Uma noite de 12 anos" inspirado em outro livro do autor, que mostra os anos em que ele passou preso durante a ditadura uruguaia (assistam, sei que a maioria já conhece sobre o assunto, mas aprender nunca é demais).

Mauricio é dramaturgo, poeta e jornalista, foi diretor de Cultura da capital uruguaia, Montevidéu.
O livro "As Cartas Que Não chegaram"  traz momentos puxados da memória de Mauricio, sobre sua infância, sua família, avós e tios que ele não conheceu, a não ser por fotografias.
O mais legal é que a narrativa se inicia pelos olhos de Mauricio criança, até chegar em um Mauricio mais maduro, isso foi de uma genialidade incrível.

"Meu papai escreve para a mamãe dele e para os irmãos. Também escreve aos pais da minha mamãe. Minha mamãe não sabe escrever, mas ela não gosta que a gente fale sobre isso." 

Mauricio relembra do sofrimento dos pais, que conseguiram se refugiar para o Uruguai durante a guerra, mas tiveram que deixar a família para trás. E somente através de cartas recebiam noticias, então esperar pelo carteiro era um ritual de esperança.
 O livro também trás momentos de sua infância, quando ele ainda brincava na rua com alguns momentos bem divertidos, onde podemos ver um pouco desse garoto inocente que ainda não entendia muito como tudo funcionava.

A partir de suas memórias, Mauricio consegue levar o leitor a conhecer sua vida e de seus familiares, mostrando a força que essa família teve apesar de todo sofrimento causado pela guerra, toda luta somente por querer sobreviver.
O livro fala sobre solidão, sofrimento e superação, trazendo as cartas como um ponto de esperança, pois ao esperar uma carta, mostramos que a esperança ainda vive dentro de nós.

" Quando alguém conta dos seus naufrágios é porque não se afogou. Força."

Apesar do filme citado no inicio da resenha ser baseado em outro livro, neste encontramos passagens sobre sua prisão, sobre as cartas que ele escrevia para o pai escondido, pois não podiam ter papel nem caneta, ele se abre nessas cartas imaginando se as coisas poderiam ter sido de outra maneira e deposita nessas cartas todo o amor pelos pais, que foram expulso de sua casa por serem seus pais.

"Como puderam, como pôde aquele que te disse "fora" falar isso sabendo que vocês não tinham para onde ir e que eu não estava, não existia, estava morrendo..."

É indescritível o que senti ao ler esse livro, foi uma experiência única que se completou ao ver a entrevista e ouvir a voz daquele narrador que me trouxe momentos de aprendizagem sem igual, recomendo à todos que leiam.
comentários(0)comente



4 encontrados | exibindo 1 a 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR