Rodrigo Picon 12/07/2011
A Carta Roubada
A Carta Roubada é uma coletânea com vários contos do mestre Edgar Allan Poe, com histórias superboladas e interessantes, como já era de se esperar de Allan Poe, do qual sou fã confesso. Entretanto, ao contrário de outros livros que li do mestre, este eu não fiquei com aquele desejo vívido de lê-lo, de devorar suas páginas o mais apressadamente possível, por não conseguir parar de ler, e sim para terminar mais rápido. Por que disso? Não tenho nada contra a história dos contos, muito pelo contrário, todos são ótimos, mas o que me desanimou é a narrativa, tanto que parei de lê-lo faltando apenas o conto "William Wilson" e agora retornei, para terminá-lo de vez.
A narrativa, não por ser do início do século XIX e ser mais pesada, como as de Machado de Assis são, mas pelo começo de quase todos os contos que compõem aquela obra. Um início de obra que meramente retrata o psicológico do narrador, ou melhor dizendo, do próprio Allan Poe, se pode assim dizer, pois é isso que transparece para mim ao ler aqueles textos. O mestre narra a vida passada do personagem - ou a que bolou para si e acabou colocando no conto - praticamente todo antes de começar, e tais coisas são - ou soam ser - desnecessárias para o contexto geral. Em suma, não há necessidade de existir, e isso torna o texto cansativo, ampliado por ter uma narrativa já por si só cansativa (afinal, é uma narrativa de 1800 e poucos) e você acaba desanimando de ler um texto que é bom.
Mas, não desanime, há ainda textos excelentes, que não se englobam ao dito acima, como os famosíssimos "O Barril de Amontillado" e "O poço e o pêndulo" e o conto "A carta roubada", que dá título a esta obra. E, por fim, devo ressaltar novamente que, por trás da narrativa cansativa de alguns contos de Edgar Allan Poe, ainda há a maestria de seu talento.