Os Julgamentos de Nuremberg

Os Julgamentos de Nuremberg Paul Roland




Resenhas - Os Julgamentos de Nuremberg


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Allysson Falcon 21/05/2015

Uma fraude grosseira...
Paul Roland: Um Estelionato Editorial

Antes de mais nada, preciso dizer que não tenho a menor pretensão, ou audácia, de me considerar um crítico literário, ou algo que o valha. Entretanto, como um leitor ávido e compulsivo, com o passar do tempo aprendi a identificar algumas virtudes ou, vícios, nos livros que lia.

Sempre evitei a lista dos "best-sellers", me perdoem, mas não consigo deixar de notar o elevado número de porcarias editadas, lixo mesmo, entre os títulos mais vendidos, salvo raras e honrosas exceções. Nem no mundo das letras conseguimos escapar da sociedade pasteurizada, onde a imensa maioria age como macacos de auditório. Todos consomem a mesma coisa, ouvem a mesma (péssima) música, assistem as mesmas idiotices na odiosa TV e por aí vai...

Procuro ser criterioso na aquisição de novos títulos, sempre pesquiso muito antes. Normalmente, para autores estrangeiros, conheço a obra original, vejo sua repercussão e espero que se lance uma edição em língua portuguesa. Procuro traduções diretas do idioma original, sempre que possível. Busco sempre por autores e obras respeitadas e reconhecidas. Dificilmente compro um livro "no escuro".

Infelizmente, cometo meus deslizes, e eventualmente descubro, com tristeza, que fui ludibriado por um charlatão. Esse foi o caso no livro sobre Aleister Crowley, de Johann Heyss. Acontece que, mesmo que o livro de Heyss esteja recheado de sandices, crendices estúpidas e demais bobagens, o texto é tão absurdo e "nonsense" que chega a ser divertido. Acabei dando boas risadas lendo essa verdadeira peça de comédia.

Infelizmente não dei risadas lendo "Os Julgamentos de Nuremberg", supostamente escrito por Paul Roland. Preciso assumir minha máxima culpa por ter comprado essa farsa. Estava na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, praticando um dos meus esportes favoritos: comprar livros. Tinha colocado alguns bons volumes na minha sacola quando me deparei com o livro de Roland.

Existem pelo menos uns 30 títulos sobre os julgamentos dos criminosos nazistas em Nuremberg, a maioria em inglês, quase nada foi traduzido para o português. Essa minha falha de não ser capaz de ler os originais saxônicos é imperdoável.

Li e tenho na minha estante a única obra publicada por aqui que merece respeito, o livro "As Entrevistas de Nuremberg", de Leon Goldensohn. O doutor Goldensohn era médico psiquiatra e entrevistou todos os criminosos nazistas presos e julgados em Nuremberg. São quase 600 páginas de um texto denso. Um trabalho estupendo.

Bom, com o livro de Rolando na mão, tentei pesquisar algo sobre ele e sobre o autor. Infelizmente o sinal da Vivo estava uma porcaria e não deu para abrir nada pelo smartphone. Olhei rapidamente, o livro era barato (quase sempre uma armadilha) e, como tinha muitos pontos para resgatar no plano de fidelidade da Cultura, ele me saiu praticamente de graça. Arrisquei.

O livro ficou uns 2 ou 3 anos em minha biblioteca, na fila de leitura. Semana passada peguei o danado para ler. Fui lendo e ficando indignado com aquilo que lia. Depois das primeiras 50 páginas eu já praguejava em altos brados, como pude comprar esse lixo????

Larguei a M..., perdoem-me, o livro, e fui pesquisar sobre o autor. O senhor Paul Roland, que nasceu em 1959 na Inglaterra, se apresenta como músico, "estudioso" sobre ocultismo e misticismo, investigador sobre assuntos paranormais e também se diz autor de mais de 40 livros.

Dentre suas "obras" encontramos inúmeras pérolas, títulos bizarros e variados como "Profecias e Previsões", "Explicando o Inexplicável", "Explore Suas Vidas Passadas", "Contate Seu Anjo da Guarda", dentre outras coisas fantasiosas e ridículas. E, claro, "Os Julgamentos de Nuremberg".

O cara é um charlatão clássico. E eu, fui enganado, de forma estúpida. Vai demorar para me perdoar de tão grave delito.

O lixo, digo, livro, de Roland sobre Nuremberg tem 200 páginas, espaço duplo e a letra é bem grandinha. Isso já demonstra a má fé na tentativa canalha de inflar o texto e dar a ele um tamanho ou a mínima aparência de um trabalho científico. O texto parece ter sido coletado de uma breve pesquisa pela wikipedia, parágrafos truncados, parecem ter sido "escritos", ou reunidos, apressadamente. O copia e cola trabalhou muito.

Roland faz inúmeras afirmações absurdas, supostas citações, sem nunca afirmar de onde vieram suas fontes, não existe nenhuma única nota de rodapé. A bibliografia do livro, desse trabalho mal feito de um escolar medíocre, é ínfima, ridícula. Ele cita 3 obras, 2 insignificantes e desconhecidas, sendo a única que merece crédito "Nuremberg Diary" de G.M. Gilbert, que era um dos médicos psiquiatras em Nuremberg.

Para "abrilhantar" e "enriquecer" ainda mais essa respeitável "bibliografia" o cara de pau Roland acrescenta 4 endereços de websites obscuros.

Modéstia à parte, sinceramente, eu sei mais sobre o tema que esse fraudador picareta Paul Roland. Não caia nessa armadilha. Afinal, eu, velho de guerra, escolado com as falcatruas e vigarices do mercado editorial brasileiro, caí como um patinho nessa grande mentira lançada aqui pela M. Books.
Ana 04/01/2016minha estante
Allyson, agradeço muito por sua resenha. Eu seria mais uma a cair nesta armadilha.


Inês-sp 22/02/2020minha estante
Eu tb cairia. Vou procurar o título que vc sugeriu.


Deza Farias 04/07/2021minha estante
Graças a essa pequena resenha, eu desisti do livro! Obrigada!!! Mas vou procurar a Sua indicação.




Christiane 24/07/2021

Roland inicia seu livro nos falando do porque de escrever novamente sobre algo que já foi muito estudado, divulgado através de livros e filmes, mas concordo plenamente com ele, é preciso estar sempre relembrando o que foi todo este horror uma vez que ainda nos dias atuais temos pessoas que acreditam nesta ideologia e inclusive negam o holocausto como se fosse uma mentira dos aliados. E temos os neonazistas que continuam com o antissemitismo e considerando Hitler um herói. Os líderes do nazismo "assumiram um status quase mítico nas mentes daqueles que não passaram pela experiência da guerra ou os horrores dos campos de concentração. Existe um perigo real que nas próximas gerações, eles seja reduzidos a vilões bidimensionais, não mais reais do que as sinistras caricaturas da SS nos filmes de Indiana Jones" escreve Roland.

O livro reconta os julgamentos dos principais líderes que foram apanhados, seu comportamento, sua defesa, as acusações e os veredictos. Dr. Gilbert que foi o psicólogo que atendeu aos prisioneiros fala sobre suas impressões e da atitude e reação dos acusados. Há relatos de testemunhas, e uma das coisas mais chocantes que eu vi até o momento, e já vi muitas fotos e relatos sobre o assunto, mas isto eu ainda não sabia, que é o uso de uma cabeça humana de um assassinado no campo como peso de papel na mesa de Ilse Koch, mulher do primeiro comandante de Buchenwald.

Há também os relatos sobre o trabalho forçado, escravo utilizado na época da Segunda Guerra por grandes empresas, feito por prisioneiros capturados em países sob ocupação e pelos judeus. As condições destes escravos não era melhor do que a dos judeus, exceto que ao invés de ir para uma câmara de gás, morriam de exaustão, fome, doenças.

O livro ainda trás um breve relato dos outros julgamentos, como os dos médicos, juízes e colaboradores menores na hierarquia. Hitler, Goebbels e Himmler se suicidaram, mas Göring foi capturado, julgado e condenado à morte. É inacreditável o que faz uma ideologia levando-os a acreditar piamente que estavam corretos e com isto não sentir culpa ou arrependimento.

A indignação dos líderes condenados a morte foi unicamente pelo fato de ser por enforcamento, o que foi considerado desonroso. Se consideravam mártires.

É realmente preocupante, pois ali foram julgados seres humanos, que também tinham seu lado bom, era bons pais, bons maridos e amavam sua pátria, e mesmo assim, houve toda esta crueldade, bestialidade e frieza nestes mesmos seres que não se incomodavam com a dor e o sofrimento dos que consideravam não humanos, uma raça inferior, desprezíveis. Há depoimentos onde se diz que o que fizeram era necessário, precisavam fazer isto para limpar a Alemanha e a Europa ocupada.

Os julgamentos de Nuremberg começaram em 20 de novembro de 1945 e terminaram em 13 de abril de 1949.
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Clara624 05/05/2024

Bom
Peguei esse livro na biblioteca da minha cidade na esperança de que ele pudesse me fazer conhecer mais a respeito do sistema na*ista como um todo e da prática jurídica que pleiteia um dos ocorridos que mais despertam meu interesse na história. O livro é extremamente rápido de ser lido, pois possui letras grandes e imagens acompanhando os fatos narrados na maioria das páginas. Descobri quando estava quase na metade que o autor não é lá uma autoridade 100% qualificada para abordar um assunto tão sério e de teor tão técnico ? ao menos não em forma de documentário ? mas isso não impediu que eu continuasse me surpreendendo em vários momentos. Em suma, o livro traz fatos e personalidades importantes da época que eu até então desconhecia e retrata cada acontecimento de maneira simples e prática. No geral, não me arrependo nem um pouco de ter lido.
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LuGuimaro 18/10/2016

Ótimo livro
Um livro que mostra o julgamento e o veredito da cúpula nazista, detalhando os horrores cometidos por cada réu, com testemunhos assombrosos e fotos do maior e primeiro julgamento por crimes de guerra, vale muito a leitura!
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claudio.louzd 14/02/2021

Historico Nazismo 2ª Guerra Mundial Holocausto
O livro é meio mal editado, mas cumpre o objetivo de dar um panorama geral dos julgamentos (e com isso, dos crimes terríveis do regime nazista, contra militares e civis), sem aprofundar em demasia.
Leitura rápida e fácil (só não é fácil digerir, como sempre, as barbáries que nazismo e comunismo trouxeram para a humanidade).
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