Felicidade conjugal

Felicidade conjugal Tahar Ben Jelloun




Resenhas - Felicidade Conjugal


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Julia 10/12/2023

Ninguém é unidimensional
Este livro me lembrou muito "É Assim que Você a Perde", de Junot Díaz, "O Quarto de Giovanni", de James Baldwin, e "A Cidade do Sol", de Khaled Hosseini, no sentido de humanizar um personagem babaca machista de forma muito boa tanto artística quanto humanisticamente.

Foi mais brutal do que imaginei. Pensei que seria sobre o acúmulo da falta de comunicação e das pequenas misérias cotidianas. Não consigo entender quem ficou com dó do marido na primeira parte do livro. Não acho que seja necessária a versão da esposa para entender o que realmente se passa. No entanto, é muito legal ver um personagem desses de forma multidimensional: como alguém que também tem qualidades e também sofre, e que cujas ações, por mais imorais, também são reação. E também gostei de ver a esposa não só como vítima, mas também como algoz, também como perversa.

Quando eu tinha 13 ou 14 anos. li "A Cidade do Sol" e o indiquei para minha mãe. Esse livro começa narrando a infância de Mariam, filha de um homem casado e sua empregada. Mariam idolatrava o pai, e sua mãe era um pouco abusiva. Naquela idade, fiquei muito surpresa quando descobri que o pai era o vilão, enquanto minha mãe não se enganou. Nunca me esqueci do que ela disse: "Eu sabia porque nessas situações normalmente é a mulher que está com a razão." O que a idade ensina, infelizmente, ser verdade.

Um livro muito bom mas, sinceramente, não sei se essa visão horrível sobre o casamento foi boa ou ruim de se ler nesse momento da minha vida. Também me fez pensar na famosa frase de Tolstói: "Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira." Fiquei pensando se história feliz não dá história, que se todo mundo estivesse com a terapia em dia não existiria literatura. Mas será mesmo? Me parece às vezes que toda família infeliz é infeliz da mesma forma, parece que o problema é sempre o medo e suas consequências: arrogância, controle, vazio interior. O que dá trabalho e requer criatividade, para mim, é justamente ser feliz. E só dá pra ser feliz à sua maneira.
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Edy 26/08/2023

Uma leitura fluída e prazerosa. Conta a vida conjugal através das duas perspectivas, externando todo lado amargo do convívio a dois em uma relação mal administrada.
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Nana 08/05/2023

Livro nr 05 do projeto "A volta ao mundo através dos livros"
País sorteado : "Marrocos"

Gostei muito do livro! Escrito de uma forma original, nos apresenta a visão de cada um dos personagens sobre os problemas de relacionamento deles.

É dividido em duas partes: Inicia com a narração do "pintor" (não é informado o nome do personagem) falando sobre a esposa e ele me fez sentir pena dele e muita raiva daquela mulher.

Quando cheguei na segunda parte, onde quem narra é a esposa (Amina), ela conta a versão dela totalmente diferente do que ele nos apresentou e passei a sentir raiva dele e me solidarizei com ela.

Em resumo, não sei em quem acreditar, mas posso dizer que o livro é ótimo e me prendeu do início ao fim!
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anacasagrande 19/05/2021

Ô livrionho ruim da porra...
Odiei.

O cara é um escroto, a mulher é taxada como louca, talvez seja mesmo, mas a culpa é dele.
Eu só vou perdoar porque o contexto é bem fora da minha realidade, dos meus pensamentos e de como EU vivo, mesmo assim, não gostei.
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Micha 08/11/2020

Infelicidade conjugal
Um pintor - Fulaine, como a esposa se refere a ele - sofre um AVC e narra sua vida atual, onde é cuidado pelos gêmeos( que ele depende até para ir ao banheiro) e por uma fisioterapeuta que tem muito apreço. Ele relembra seu passado, com muitas mulheres, amantes e o ciúme doentio de sua esposa, cujas brigas acredita que o levou a ficar nesse estado. ⁣

Depois têm a 2a parte, onde conhecemos o ponto de vista da esposa, que não nega que é má, ciumenta e que fazia de tudo para infernizar a vida do marido. Ela se sentia sozinha, pois ele viajava muito e a deixava com os 2 filhos do casal, e ela sabia das amantes dele, sem falar que a famílIa dele não gostava dela e ela se sentia revoltada com isso. ⁣

Quando tava lendo o ponto de vista dele, me simpatizei pelo pintor e até tive pena. Quando li a parte dela, achei ele sacana e ela sociopata. Fiquei impressionada com os pensamentos dela e do que ela é capaz.⁣

Para viver um casamento tóxico desse, é melhor divorciar logo. Mostra um lado bem louco do ser humano, que fica ali sofrendo, mas não liberando outro para ser feliz. ⁣

O escritor é marroquino, por isso coloquei como leitura do projeto #198livros, mas se achar algum outro que fale mais do país, vou ler também.

site: https://www.instagram.com/estantedamicha/
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Jacqueline 06/04/2014

Intenso, íntimo, original
Sempre buscando me aventurar na literatura de outros países, me deparei com Felicidade Conjugal de Tahar Ben. Marroquino nascido em Fez, o autor decidiu trilhar o caminho como romancista escrevendo em Francês. Recebeu mais de 15 prêmios, entre eles o Goucourt, um dos mais prestigiados da Europa. Pela Bertrand também lançou Partir e O último amigo.
A obra me surpreendeu de várias maneiras.

" Ele guardava bem lá no fundo a esperança de um dia ver sua mulher não propriamente dócil e submissa, nada disso, mas pelo menos conciliadora e amorosa, calma e racional, em suma, uma esposa compartilhando e construindo com ele uma vida em família"

Dividido em duas partes - a primeira intitulada como: O homem que amava demais as mulheres - o livro narra em terceira pessoa a história de um pintor que acometido por um AVC, remói as reminiscências do fracasso de seu casamento. Na segunda parte - narrada em primeira pessoa - conhecemos o outro lado da história através de sua esposa.

"Existem vários graus de loucura; o de sua mulher não era muito alto, apenas o suficiente para tornar sua vida infernal"

Se eu pudesse resumir o livro em uma frase, certamente escolheria: toda moeda tem dois lados. Clichê, eu sei, mas o clichê passa longe dessa trágica história sobre felicidade (ou seria infelicidade) conjugal.
Aos poucos Tahar expõe todos os motivos que levaram o marido a perder o amor por sua esposa. Também pudera, ela é apresentada como uma cobra venenosa, ciumenta, louca, e aparentemente uma aproveitadora da fama e fortuna do pintor. Ela também é apontada como o suposto pivô de sua doença.
O pintor pode ser descrito como um Don Juan galante do Marrocos. Sempre visto com mulheres esplêndidas, e generoso ao extremo. Pintado praticamente como a vítima da história. Seria realmente tudo verdade?
Quando pensamos que já conhecemos todos os aspectos do fracasso de seu casamento, a segunda parte surge e suscita muitas dúvidas.

Por mais que o pintor enumerasse todos os defeitos da esposa, eu não pude me simpatizar com ele. O tempo todo ele a culpava pela sua infelicidade, mas parecia se esquecer que o sucesso do casamento depende das ambas partes. O famoso: quando um não quer, dois não brigam.
Em muitos momentos me questionei porque os dois não se separavam logo de uma vez, já que o respeito - que é a base para um casamento perfeito - já tinha sido destruído há muito tempo.

" Meu erro foi imaginar que é possível mudar as pessoas. Ninguém muda, muito menos um homem que já fez sua vida. (...) Nós não tínhamos sido feitos para nos encontrar. Foi esse o meu erro, o nosso erro"

É genial o modo como o autor desconstrói tudo o que criou na primeira parte. A narrativa bilateral acrescentou uma originalidade imprevista ao enredo, pegando o leitor de surpresa. No fim cabe ao leitor decidir em quem acreditar.
Eu estava curiosíssima para saber como a esposa viraria o jogo, e refutaria todas as afirmações do pintor. Seu discurso é inflamado, recheado de amor e ódio.
Jelloun escreve de maneira quase íntima sobre a ruptura de um casamento. É triste, original, praticamente autobiográfico e muito tocante.
Tahar não se atém somente as brigas, divergências e traições. Ele cava mais fundo nas questões de diversidade cultural, intromissão da família e amigos, e a diferença de idade e experiência. O ponto de vista cultural acerca do divórcio é abordado, já que na época em que o romance é ambientado (2003) o divórcio não era uma realidade pelos marroquinos, e apenas os homens tinham o direito de pedir.

Felicidade Conjugal explora a complicada dinâmica existente na vida de um casal, e os conflitos que surgem quando duas mentes tão diferentes não encontram um ponto em comum para tentar viver em harmonia.

site: www.mybooklit.com
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