Natália 09/09/2014"A Submissão, ao terror?! ao preconceito?! ao poder?!"A história é narrada em terceira pessoa, e se passa 2 anos após os atentados de 2001.
A narrativa muda constantemente de ponto de vista (isso às vezes atrapalha, pois não é uma mudança acentuada, pontuada. É ‘brusca’, muda a toda hora e em qualquer momento). Não há um protagonista, e nem antagonistas específicos. Aqui cabe dizer que tem muitos personagens envolvidos, como Claire Burwell, viúva envolvida na escolha no memorial. Paul Rubin, líder da comissão do memorial. Asma, também viúva, porém clandestina nos Estados Unidos, vinda de Bangladesh, muçulmana, que perdeu o marido muçulmano, num ataque muçulmano. A jornalista Alyssa, a causadora de muitos dos problemas da história. E, temos o autor do projeto vencedor, Mo (Mohammad Khan). Americano. Muçulmano. Arquiteto. Ambicioso. Orgulhoso.
Colocaria da seguinte forma, o protagonista seria o memorial. E o antagonista, o preconceito, o medo e a desconfiança que se manifestou de diferentes formas, a intolerância étnica e religiosa.
É difícil saber o que esperar desse livro, mesmo quando ele acaba. O título “a submissão” já pode se referir a muitas coisas diferentes. Submissão ao terror?! Submissão ao preconceito?! Submissão ao poder?!
O ’11 de setembro’ estará marcado para sempre na história, principalmente de quem a viveu. Lá ou aqui. Novo ou velho. E o livro traz esse sentimento de apreensão e indignação que todo o mundo vivenciou naquele dia, naquela época de terror. Mostra também o que há por trás, do ponto de vista político, das famílias envolvidas, dos muçulmanos. Outra coisa muito abordada é o fato das pessoas que julgam que TODO muçulmano é terrorista, ‘do mal’, e antiamericano. A história que Amy nos traz, evidencia isso, esse preconceito velado ou exposto que todos sofreram e sofrem até hoje. E esses preconceito e pensamentos cruéis, passados de geração em geração, estão presentes das primeiras às últimas páginas do livro.
O final nos deixa a mensagem de que as coisas mudam, e mexer em feridas abertas ou em processo de cicatrização deixa a situação ainda mais caótica. Os fatos só podem ser avaliados realmente depois que viram história. E mesmo assim é bem complicado.
As reflexões finais ficam a encargo do leitor de uma forma criativa. E, é uma história que tem que ser lida, e refletida. Discutida. E não só pelo livro ou pelo fato dos atentados em si, o terror de toda aquela época, mas por tudo que isso engloba, por tudo que os atentados evidenciaram, por tudo que se gerou após isso. Pela história do mundo, a história ‘pós 11 de setembro’ e a história de antes, o porque de tudo isso.
Resenha publicada no blog "livros com bolinhos"
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http://livroscombolinhos.blogspot.com.br/2014/09/resenha-submissao.html