De gados e homens

De gados e homens Ana Paula Maia




Resenhas - De Gados e Homens


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c a r o l 06/03/2024

"São todos homens de sangue, os que matam e os que comem."
Ana Paula Maia não decepciona NUNCA! Mais uma vez trouxe questões e problemas sociais pertinentes que, em sua maioria, não fazem parte do cotidiano do leitor, ou nem passa pela cabeça dele.

A cada livro saio mais consciente dos meus privilégios (mesmo sendo pobre), mais agradecida e empática. Na mesma medida saio revoltada com o descaso dos nossos governantes e autoridades e dos empregadores por sua insensibilidade e por não darem o básico para os seus empregados. Revoltada com a nossa sociedade como um todo, não dá para sairmos ilesos dessa.

Percebo que é a partir desse livro que a autora se aprofunda mais no sobrenatural e na religião em sua próximas histórias. Também percebi que o título do seu último livro lançado, "De cada quinhentos uma alma", foi retirado daqui!

Um suspense de qualidade, regado a estranhezas, sanguinolência e críticas tanto nas questões sociais quanto na animal. O que faz a gente levar uns bons socos no estômago para que a gente reflita e cair na real da nossa própria hipocrisia.

É sempre um deleite reencontrar o meu caro Edgar Wilson, entre outros personagens que já aparecem em outras obras (mesmo nunca sendo em circunstâncias agradáveis). Gosto muito de acompanhá-los na crueza cruel de sua narrativas, para ver a evolução de cada um e saber como estão seguindo a vida. As atualizações que a Ana Paula Maia traz de personagens anteriores dá a sensação de que eles são reais. Acho isso muito massa!

Assim como Edgar Wilson não saiu indiferente após viver no meio de tanta crueldade e violência naquele matadouro, nós também não sairemos mais os mesmo dessa leitura (ainda bem!).

?Se a civilização não tornou o homem mais sanguinário, decerto o fez mais perversamente, mais covardemente sanguinário que antes... hoje, embora considerando o derramamento de sangue uma coisa abominável, entregamo-nos a essa abominação ainda mais frequentemente que antes.? ? Fiodor Dostoievski,
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Gabyh 07/02/2024

Não acredito que eu favoritei um livro desse kkkkkkk
Como uma história tão simples pode me pegar tanto!

Comecei esse livro por conta de uma cadeira da faculdade, e meu trabalho final é escrever uma resenha crítica, seguindo os critérios acadêmicos, sobre o que eu achei dessa obra. E meus deuses, eu estou completamente estarrecida com essa leitura.

Ana Paula Mais tem uma escrita direta, crua, sem floreios e rodeios. Sua ambientação é muito bem descrita, e de uma forma bem esquisita até familiar. O matadouro em meio ao nada, em meio a quilômetros de gramados, árvores, rios e um céu com um sol de rachar. A autora não coloca datas, não coloca horários, mas ela me fez sentir que nem na novela "O Rei do Gado".

Ao contrário do que eu li em algumas resenhas da obra, eu acho Edgar Wilson um personagem brilhante. Um cara quase que sem passado, não aparenta ter tanta personalidade ou gostos pessoais, mas que me é tão marcante em muitos outros aspectos. Sua forma de falar, como se sempre soubesse o que está acontecendo, como de sempre soubesse exatamente o que falar; o reconhecimento de seu trabalho, de seu papel nessa indústria de carnificina animal. Ele me passa um ar daquelas pessoas que falam pouco, mas que conseguem ter muita atitude em poucos suspiros.
É compreensível alguns não conseguirem exatamente se conectar ou pelo menos se deixar cativar por ele, visto que, para uma visão mais leiga, ele possa aparentar ser uma casca vazia de ser humano, mas eu acho que isso combina exatamente com o contexto da história. Eu não sei vocês, mas eu tenho certeza que se eu precisasse abater animais todo o santo dia, olhando no fundo dos olhos deles, sempre rezando pela suas almas e marretando suas cabeças eu também perderia um pouco da minha.
É notório o elemento do "homens machões trabalhando em trabalho de macho e agindo como macho", mas nem o der humano mais forte do mundo conseguiria não perder um pouco de si em um trabalho tão violento como esse. Na minha cabeça, Edgar é um ser que vive em eterna apatia de tudo. Se Seu Milo mandar ele abater um boi ele abate, se mandar ele abater uma vaca ele abate, se mandar abater um humano ele abate. Não importa a carne, ele vai abater, porque chegou um ponto em que isso é o cerne dele, e mesmo assim ele não se perde totalmente. Ele não enlouquece, sai da linha, age como superior; ele só age como ele mesmo, e mesmo com a apatia ele consegue equilibrar muito bem sua personalidade.
A questão animal aqui é MUITO interessante, também se ligando ao Edgar e em como a sua mente trabalha. Ele se reconhece como assassino, ele considera o que faz um crime, mas ele não tem uma completa noção do alcance das consequências dos seus atos, pelo menos não até o acontecimento final envolvendo as vacas do local. O que me surpreende é um homem supostamente ignorante (visto que se supõe que a história se passe do século XIX para o século XX, onde educação não era lá o maior foco de um brasileiro pobre) ter muito mais consciência do que algumas pessoas em pleno século XXI. O cara literalmente se incomodava de deixar outro funcionário abater as vacas porque o cara se divertia assassinando brutalmente uma vaca, apenas para vê-la agonizar no chão, tendo uma morte completamente descabida e dolorosa.
Sem contar aquela cena com a aluna em meio ao passeio escolar e o quão escancarado ele deixou a hipocrisia dela, para que todos pudessem presenciar. O cara abate animais e tem mais consciência do que muita gente, pelo amor de Deus!

É claro que eu tenho algumas questões, em "especial" duas: a primeira dão os nomes dos personagens. Adoro o Edgar, mas pelo amor dos deuses, quem que dá um nome tão estrangeiro para um ser humano pobre que trabalha provav em algum interior brasileiro?
Focando na minha dúvida maior, eu preciso expressar o quão duvidoso eu acho o Bronco Gil. O cara é indígena, sabe sobre sua cultura, até faz curado e afins utilizando aprendizados passados, é de um povo que cultua a ligação dos povos com a natureza, e o cara simplesmente não entende por que os animais estão morrendo KKKKKKKK. Parece a Dora, a aventureira se afogando e perguntando para o telespectador onde que tá o mar.

"De gados e homens" é um livro cruel que fala sobre a indústria da carne e de toda a carnificina que rola por trás até chegar no seu prato, mostrando um bando de homens completamente apáticos (e perdendo um pouquinho da própria sanidade mental), alguns afundados em sua própria hipocrisia (beijo Seu Milo) precisando lidar, pasmem, com as consequências dos seus atos.
Eu vi algumas pessoas reclamando que a autora não explicou o elemento "sobrenatural" e "fantasioso" que rolou com os animais, mas desde que eu li a sinopse e compreendi o contexto do lugar eu entendi perfeitamente que os acontecimentos estavam LONGE de serem algo místico. Queriam os seres humanos que fosse algo místico, culpa dos ETs, sei lá.

Simplesmente descobri que esse livro faz parte de uma trilogia, e agora eu estou me coçando para largar tudo que eu preciso fazer e ir ler tudo.
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Vitoria.Bueno 18/01/2024

Impossível não ler a capa como de ana gados e paula homens maia KKKKK tudo o que essa mulher escreve é bom como pode. Depois que vc lê esse e assiste desalma parece que o livro toma forma
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Sarah Duarte 13/01/2024

Um bom livro, mas apenas mais do mesmo
De gados e homens não tem o mesmo impacto de Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, que é um horror mais visceral (não só da morte de animais, mas dos sentimentos mais crus dos homens); assim como também não apresenta o clima de sombrio e taciturno de Carvão animal.
A vida de Edgar Wilson não possui tanto destaque nessa obra. Na verdade, poucas coisas são aprofundadas no livros, tendo o destaque maior apenas pro abate de gado e comparação com os homens. Mesmo com as ótimas palavras de Ana Paula Maia, ao final, é só mais um livro bom, nada de novo.
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Ana 08/01/2024

Seu reflexo nos olhos deles
A síntese do livro é sobre o julgamento daqueles que preferem ignorar o sangue envolvido na carne de seus pratos. A autora mais uma vez, destaca-se por abordar problemas sociais de forma genuína e simples, sem demagogia, revelando injustiças negligenciadas e pontos normalmente invisíveis e esquecidos por todos. Vacas realmente pastam para o Norte, e é isso que elogio na escrita de Ana Paula Maia, ela sempre traz um realismo detalhado que te faz perguntar porque e como ela descobriu tais coisas. A história de De gados e homens conta novamente com Edgar Wilson, e novamente sob outro ponto de vista, pois nessa é demonstrado haver empatia no personagem. Além de contar com a escrita fluída, esse livro prende a atenção pelo mistério diferente que envolve a narrativa. Outra vez, ela insere os acontecimentos de uma maneira muito natural, sem explicar explicitamente porque as vacas estão agindo assim, fica o mistério da morte do rio e da placa da fazenda sempre torta.
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Janeide4 23/07/2023

Se você ama os animais, então você
não deveria usar nenhum produto de origem animal. Você não quer ser responsável pelo sofrimento dessas criaturas inocentes, não é?
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Douglas.Bonin 04/07/2023

Uma literatura contra a exploração animal?
Lembro de que quando a ganhadora do Nobel, Olga (sobrenome ao qual não tenho capacidade de escrever), foi laureada, falavam que sua escrita era em combatente à exploração animal.

Aqui, Ana Paula Maia, nos trás uma nova perspectiva acerca da exploração animal ao descrever um ambiente onde o mais combatente gaúcho se sentirá constrangido ao degustar uma boa costela na brasa. Afinal, quais foram as consequências para aquele churrasco de fim de semana?
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Alessandra 13/05/2023

Ana Paula Maia você é maravilhosa!!!!

Esse é o segundo livro que leio da autora e eu já tô totalmente entregue as palavras nuas e cruas desta mulher (que pelo que eu já entendi, adora escrever sobre a dureza dos papeis sociais que os homens têm de exercer em nossa sociedade).

A ficção deste livro nos faz questionar a sobriedade do cotidiano, como o dia após dia, todo dia fazendo a mesma coisa, um dia se misturando com o outro, nos colocam num corpo que só aceita o trabalho que tem que fazer, a comida que tem que botar pra dentro correndo pra ir fazer outra coisa e o cafezin de todo dia que nos deixa acordados o suficiente pra fazer tudo isso de novo e de novo...
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@tigloko 22/02/2023

"São todos homens de sangue, os que matam e os que comem. Ninguém está impune."
Gostei do suspense presente nesse livro, daquele tipo sobrenatural que você quebra a cabeça para entender. Ainda que tenha o mesmo estilo de narrativa dos outros da série, em focar no cotidiano e nos “homens-bestas”, essa mudança de tom deixou a leitura mais movimentada.

Novamente acompanhamos Edgar Wilson, dois anos depois de Carvão Animal e alguns antes de Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Agora ele é um abatedor de gado( para quem tem estômago fraco, não recomendo. Não são poupados detalhes). Muito interessante acompanhar o antes e depois desse personagem justamente na metade da sua trajetória. As mudanças que ocorreram e ainda vão ocorrer nele.

Um pequeno detalhe que me chamou atenção e gostei da forma como a autora trabalhou foi mostrar a realidade das pessoas que passam fome as margens desses abatedouros, dando graças a Deus pelo mínimo pedaço de carne para alimentar os seus. E ainda mais esse detalhe ser importante para o desenrolar da história, deixou tudo melhor.

Não tem muito o que dizer mais, já virei fã da Ana Paula Maia!
Núbia Cortinhas 22/02/2023minha estante
Parabéns pela resenha, gostei! ??????


@tigloko 23/02/2023minha estante
Obrigado Núbia ???




Loba Literária 04/01/2023

O primeiro livro da trilogia que se segue com Enterre seus mortos e De cada quinhentos uma alma, De gados e homens é uma narrativa interessante sobre o cotidiano de homens rústicos em um abatedouro de gado. A escrita é perfeita, como sempre, e gostei de ver um pouco mais do meu Edgar Wilson. Não acho que seja tão bom como outros dela, mas ainda é um livro que super vale a pena
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Leio, logo existo 30/12/2022

Impressões de leitura
Em “De gados e homens” encontramos o início dos fenômenos sobrenaturais que envolvem os personagens dos livros posteriores: “Enterre seus mortos” e “De cada quinhentos uma alma”. Nessa história, Edgar Wilson também é o personagem principal e como não poderia deixar de ser - a morte o cerca, seu ofício agora é de desossador em um matadouro. Edgar Wilson sempre resignado, nunca desejando outra vida, nunca alimentando ambições, segue sua rotina sanguinária. Ele trata suas “vítimas” com respeito, de acordo com seu código de conduta. Sempre olha o animal nos olhos e com cinzas desenha uma cruz em sua fronte antes de desferir o golpe fatal.

O elemento mágico aqui continua relacionado aos animais. O gado que é levado ao matadouro, onde Edgar trabalha, misteriosamente começa a sumir. A princípio, todos desconfiam de ladrões especializados em roubo de animais, porém, no decorrer da narrativa somos surpreendidos com o verdadeiro motivo dos desaparecimentos. Os animais fogem do curral onde ficam antes de serem abatidos e se jogam de um precipício próximo do local, ou seja, cometem suicídio.

Outro elemento interessante nesse livro fica por conta de entendermos um pouco mais sobre a personalidade de Edgar Wilson. Confesso que nos livros posteriores (os quais li primeiro) não estava tão explícito o fato do protagonista ser um assassino. Antes de nos envolvermos com o sumiço dos bois, acompanhamos o dia a dia no matadouro e somos apresentados, de repente, a frieza do protagonista ao assassinar um colega de trabalho.

Todo o clima narrativo criado pela escritora é sombrio, triste e bruto. Há uma sensação de “ terra de ninguém”. O efeito causado em mim durante a leitura foi próximo aos sentimentos despertados nas outras leituras: incômodo, curiosidade e uma sensação de que algo está fora do lugar.

Finalizando, gostei do livro e vou com certeza buscar outros títulos da autora. Para quem gosta de um texto objetivo, estranho e lúgubre, eu indico essa leitura.
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Pedro 02/12/2022

Simples e direto. Simples até demais
De Gados e Homens, de Ana Paula Maia, é um livro contemporâneo brasileiro que tenta tematizar as relações entre seres humanos, animais e ambiente através de uma leitura direta e brutal, inspirada claramente pela corrente literária naturalista.

Infelizmente, a autora não consegue trazer para o leitor as melhores qualidades do Naturalismo. A carnificina e a brutalidade típica desses livros do final do século XIX e começo do século XX estão ambas presentes (afinal, o protagonista é responsável por, a marteladas, atordoar o gado que será morto para consumo humano), mas é aí que as similaridades acabam.

A leitura é fluida, o livro é curto e a mancha de texto é pequena. Em uma viagem de ônibus de uma hora, é possível ler metade do livro e ainda assim ter tempo para ouvir algumas músicas. Essas características que muitos podem ver como vantagens, no entanto, são talvez aquilo que impede que o livro seja verdadeiramente bom em minha opinião.

Ao contrário dos mestres naturalistas, Ana Paula Maia não descreve à exaustão. O livro se passa em um lugar indeterminado e seus personagens parecem brasileiros mas com nomes que impedem a precisão da sua nacionalidade, como Edgar Wilson, Bronco Gil e Helmuth. Ações e procedimentos, personagens e lugares, cujas descrições tomariam páginas em um A Besta Humana, ocorrem rapidamente, sem dar tempo para que o leitor entenda as complexidades e dificuldades do trabalho retratado ou do lugar onde se passa a obra.

A imprecisão que dá asas à imaginação é benéfica a um livro, mas não a um livro que tira suas principais inspirações de Dostoiévski (citado no fim do livro), John Steinbeck (provavelmente homenageado no título) e outros autores de características similares.

Isso significa que De Gados e Homens representa brutalidade abstraída, deslocada de um contexto histórico e econômico concreto. Seus personagens são exatamente isso, personagens, e o livro é exatamente isso, um livro. Nunca chega ao nível de denúncia social incisiva e precisa de Zola nem ao espiritualismo de Dostoiévski. Sobra a carnifica, que nem chega a ser brutal a ponto de satisfazer os desejos primordiais do ser humano por violência.
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