Aline164 01/11/2016Para sempre nosso, Caio F.Eu quis muito ler esse livro depois de ver o documentário homônimo, dirigido por Candé Salles, em um Festival de Cinema em Paraty.
No livro, a figura do "Caio-escritor-melancólico-voz-de-uma geração" é desmistificada e sua face humana é descrita, creio eu, muito próxima da realidade, em depoimentos de amigos e colegas de trabalho. Ele não era santo nem demônimo, embora tivesse essas duas facetas (como todos temos), e tinha um lado muito bem humorado, um humor meio cáustico às vezes.
É inegável a devoção que Caio tinha pela escrita, embora não pudesse viver dela. Pelos depoimentos e cartas, trabalhar com jornalismo, entre outras coisas, eram apenas "biscates" que Caio fazia para pagar as contas, porque, na verdade, o negócio dele era mesmo a literatura.
Achei o livro muito longo, tem umas passagens (para mim, um pouco enfadonhas) em que a autora comenta sobre sua vida pessoal, que não têm relação com o Caio, que bem poderiam ser suprimidas (afinal de contas, o livro é sobre o Caio). Li faz um tempo que a autora está preparando uma nova edição, mais enxuta, desse livro, o que julguei bem pertinente.
Algo que me chamou a atenção no documentário e também no livro foi o fato de que, segundo depoimentos, Caio trabalhava muito, juntava um dinheiro, e depois passava um tempo sem trabalho fixo, se dedicando apenas à sua escrita. Depois disso fiquei achando que todo mundo deveria fazer isso pelo menos uma vez na vida: juntar dinheiro para poder passar um tempo, seis meses, um ano, o tempo necessário, fazendo apenas o que gosta, porque a vida passa muito mais rápido do que imaginamos.