Neilly 11/07/2016
Lua Vermelha
Lua Vermelha foi um livro bem surpreendente para mim. No começo eu não havia gostado muito, dei uma pausa de dois ou três meses na leitura e só então decidi continuar, mas apenas porquê me sentia na obrigação de terminar. Acabou que fui me envolvendo na estória, até que cheguei ao ponto de gostar e, no final, estar amando.
“Eles vivem entre nós.
São os seus vizinhos, a sua mãe, o seu namorado.
Eles mudam do dia para a noite”
Bom, o livro narra a nossa sociedade e o conflito que ocorre com a população licana. (Licanos é o termo utilizado no livro para lobisomens.) Sua existência é conhecida há milênios, com eles espalhados pelo mundo, até que foi criada a República Licana, um país que na teoria seria apenas para os lobos, mas que sofre com a ocupação do exército norte-americano, devido as grandes minas de urânio que existem no local.
Temos uma visão bem diferente dos mitos aos quais estamos acostumados sobre lobisomens. Aqui, o “lobos” é uma espécie de vírus, um príon, que depois que contamina o cérebro humano leva a pessoa a condição de licano. Ele pode ser transmitido da mesma forma que a AIDS, através do sangue, de relações sexuais ou da mordida. E eles podem se transformar a qualquer momento, não precisando especificamente da lua cheia.
Dentro da população licana, existe um grupo extremista chamado Resistência. Através de atos terroristas, eles procuram uma sociedade não igualitária, mas com a primazia licana. O que acontece é que os lobos perderam muitos de seus direitos, além de sofrerem uma discriminação muito grande por parte dos humanos. A grande questão é que quanto mais a Resistência promove ataques, mais os lobos perdem suas condições em meio a sociedade. (Precisamos deixar bem claro que nem todos os licanos são a favor dos ataques, muitos apenas querem viver em paz e de forma plena, o que acaba sendo prejudicado pela Resistência, pois se cria uma generalização de que todos são maus).
Nós temos três personagens principais e a partir deles, somos apresentados aos secundários, que tem um papel tem importante na trama quanto.
Patrick, também conhecido como “Menino-Milagre”, foi o único sobrevivente ao primeiro de uma onda de ataques dos licanos, e desde então, passou a ser conhecido pelo país inteiro.
Claire é uma adolescente licana, que está prestes a ir para a faculdade. Mas, após seus pais serem mortos por agentes do governo, vê-se em uma fuga pelo país, à procura de algo que nem ela mesma sabe o que é.
Chase Williams é governador e candidato à presidência, com seu jeito bruto e direto acaba atraindo a atenção da Resistência, pois sua principal meta é eliminar os licanos da sociedade, segregando-os de vez. Acaba que durante um ataque ele próprio é mordido e transformado em um licano.
Cada personagem tem uma motivação diferente no livro, mas acabam chegando a um momento em comum. Adorei a forma como todos evoluíram e amadureceram durante a narrativa. Claire deixou de ser uma menina alienada, que não se importava com o rumo que as revoluções estavam tomando. Patrick passou a ser mais corajoso e confiante e Chase perdeu muito do seu lado irresponsável e fanfarrão.
O ponto principal do livro é na verdade uma questão social. O autor trouxe elementos históricos para a narrativa e anexou a presença dos licanos. Mas ainda dá para notar a pequena crítica ao fundo, no caso estamos falando de seres irreais, mas se trouxermos isso para o nosso momento atual, ele poderia estar narrando sobre qualquer grupo que está à margem. Para quem gosta de História, esse livro é cheio de referências e eu ficava encantada a cada vez que reconhecia uma. A presença dos lobos tornou, o que seria uma divagação sobre políticas e segregação, algo muito mais emocionante e repleto de ação.
Já aviso que não é uma leitura fácil. O autor priorizou a descrição, muitas vezes eliminando os diálogos, e isso tornou a estória um pouco pesada. Ele também utiliza de muitos termos científicos, que embora ele explique, acaba tornando tudo muito extenso. Talvez tenha sido isso que tenha feito com que, no começo, eu não gostasse muito do livro. Até a página 100 e alguma coisa, eu o estava considerando muito lento, que ia arrastando as palavras. Não sei se foi porque comecei a me acostumar com a leitura ou se foi porque as estórias começaram a se conectar, pude começar a fazer os links entre as situações e as coisas ficaram mais ativas, só aí consegui dar uma arrancada com a leitura até o final.
Entre 0 e 5, dou uma nota 4, porque realmente gostei muito do tema, o desenrolar foi brilhante, o fato do autor ter misturados mitos com a realidade foi algo que considerei genial, já que são duas coisas que adoro. Mas a forma como foi narrado, em alguns momentos considerei maçante e isso fez com que perdesse um pouco do brilho para mim.
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