Queria Estar Lendo 10/02/2015
Resenha: Sonhos com Deuses e Monstros
Estou encontrando dificuldades físicas e emocionais para redigir a resenha a respeito desta perfeição literária que foi Sonhos com Deuses e Monstros. Quando eu fechei o livro, quando finalmente percebi que "acabou, não tem mais, adeus Karou e companhia" não sabia se chorava ou se chorava. Por isso eu chorei. Esta resenha vai estar cheia de quotes do livro porque eu acabei com os meus post it marcando trocentos deles, e cheia de surtos. Os spoilers estão controlados, mas é bom você ter lido os dois primeiros volumes para entender.
A trama do livro é muito complexa. Tipo, muito complexa mesmo. A gente não só segue as quimeras como os serafins rebeldes, uma nova personagem que tem um papel crucial nesse fechamento da história, Zuze e Mik, os humanos que acompanham Karou nessa jornada perigosa, Akiva, Liraz, Ziri, agora no corpo do Lobo Branco, liderando as quimeras sem que elas saibam que seu verdadeiro líder está morto. TOO MUCH, sério! Sem falar nos capítulos enigmas, que a Laini intrinca com o decorrer da história pra te dar as respostas lá no fim. Essa mulher é um gênio!
"Quantos segundos são necessários para se perder tudo que importa?"
Os anjos vieram a Terra e toda a humanidade vai ser abalada pelo descobrimento de sua existência - tal como a certeza de que onde existem anjos, existem feras, e eles estão em guerra.
"O anjo respirou fundo e fez uma pausa antes de concluir, dramaticamente:- As feras... estão vindo atrás de vocês.E, com isso, os tumultos começaram."
Nas 560 páginas de Sonhos com Deuses e Monstros, acompanhamos a tensão desse pré-conflito. Vemos Karou e os quimeras recebendo auxílio dos serafins rebeldes, os Ilegítimos, que seguem Akiva em sua luta contra o general serafim Jael. Conhecemos Eliza e sabemos pouco dela, com exceção de seus pesadelos envolvendo monstros e cataclismas. Acompanhamos a querida Zuzana e seu namorado Mik, dois humanos "comuns" em meio a guerra de monstros e anjos, e deus do céu, Akiva e Karou. MEU SHIP, MEU SHIP TÃO QUERIDO TÃO SOFREDOR TÃO DOLOROSO!
"Fogo vivo. Assim eram os olhos de Akiva ao encontrar os de Karou: um estopim que acendia o ar entre eles. Ele estava olhando para ela. E, por maior que fosse a distância a separá-los, por mais que as coisas se colocassem entre eles - quimeras, serafins, todos os vivos, todos os mortos -, aquele olhar parecia um toque. Como raios de sol."
Não há pontos a serem reclamados a respeito deste livro. A Laini construiu, desde o primeiro volume, uma trama bastante detalhada e complexa, mas que foi se estendendo e se explicando e se entrelaçando a novas tramas de tal maneira que tudo ali fez sentido. Tudo. Nenhuma ponta solta, nenhum trecho que foi usado sem ter importância; Laini Taylor começou e finalizou a sua trilogia como uma mestra. E deuses da luz, ela soube bem como terminar!
"Como era possível saber se os instintos eram só esperança disfarçada, e se a esperança era na verdade desespero travestido de possibilidade?"
Tudo se desenrolou de maneira equilibrada. O romance de Karou e Akiva, delineado por momentos fofos, momentos de dor e momentos de pura perfeição. I mean, a mulher consegue me descrever uma cena simples de tal maneira que eu me vi estendida no chão chorando igual um bebê! Como COMO ela consegue? Qual o seu segredo, Laini? Pra quem você vendeu a sua alma?! EU QUERO SER IGUAL VOCÊ QUANDO CRESCER!
Eu não consigo falar sobre Karou e Akiva, aliás. Tentei e tentei aqui, mas tudo que saiu foi ASJKBGUOAGBAUOSGAUO porque é o que eu sinto em relação a eles. Toda a dor, todo o passado de Madrigal que seguiu para a Karou, toda a aproximação depois de tanto distanciamento e de tanta agonia, eles são lindos. O amor deles é lindo. E eu quero chorar.
"Surgido da traição e do desespero, em meio a feras hostis, anjos invasores e uma farsa que parecia uma explosão iminente, ali estava, de alguma forma, o começo."
Zuzana e Mik foram um show a parte. Tal como Karou e Akiva eram dor e amor, o casal humano era humor e momentos adoráveis. A interação entre eles e a interação deles com as quimeras, com os serafins e com a guerra ao seu redor, foi tudo muito coerente e agradável, porque os dois são uns queridos! Too precious for this world.
E então temos a Liraz. AGORA EU VOU FALAR DA LIRAZ, LICENÇA. Minha rainha serafim mal humorada poderosa e mortífera que don't give a fuck pra ninguém mas que se importa e quer proteger todo mundo e que perdeu o irmão e está toda corroída por essa dor, enquanto tem que lidar com a guerra que se aproxima e o fato de serafins e quimeras não se darem bem, mas ela estar começando a gostar deles (especialmente de um, mas eu não posso citar porque spoiler). LIRAZ DONA DA BADASSIDADE MAIS BADASS QUE EU QUERIA PODER ABRAÇAR E DIZER QUE AMO FORTE, mas não posso porque se alguém abraça a Liraz ela faz em picadinhos. Mozão da minha vida!
"O pouco que ela sabia sobre sentimentos era mais do que suficiente, obrigada, mas... Bem, ela não ia sair por aí falando sobre isto, mas havia alguma coisa na porta boa daquela dor em seu coração que a fazia querer envolvê-la com as asas e protegê-la do frio."
Ziri, meu querido Ziri, Ziri sortudo e tão quebradinho e tão sozinho e perturbado. No corpo de outra quimera, lutando para que ninguém descubra a farsa. O último dos Kirim cujo corpo se encontra enterrado, mas a consciência não, a sua alma nunca. Ziri meu amorzinho, dentro do corpo do terrível Lobo Branco, guiando um batalhão para a guerra. Eu não consigo explicar o quanto esse menino me machucou, porque ele é todo amor e delicado e querido e pobrezinho e eu precisava abraçar ele e a Liraz e a Issa e a Karou e o Akiva e a Zuze e o Mik e TODO. MUNDO. Esse livro pisa nos seus sentimentos, na moral.
"Segundo as lendas, quimeras nascem de lágrimas, e serafins, de sangue, mas neste momento eles são, todos eles, filhos do pesar."
Sonhos com Deuses e Monstros foi o fim de uma trilogia repleta de amor, de todos os tipos dele, e coragem e alegrias e tristezas. Laini Taylor conquistou um lugar no meu coração desde "era uma vez um anjo e um demônio que se apaixonaram, e isso não acabou bem" e continuará ganhando com o passar das páginas e dos livros. Porque o "era uma vez" dessa história não tem final feliz, mas tem o começo de um final feliz.
"Duas vezes minha filha, minha alegria. Seu sonho é o meu sonho, e seu nome é verdadeiro. Você é toda a nossa esperança."
Link original da resenha: http://migre.me/oBs5T