As campanhas de Alexandre 334-323 a.C.

As campanhas de Alexandre 334-323 a.C. John Warry




Resenhas - As campanhas de Alexandre 334-323 a.C.


1 encontrados | exibindo 1 a 1


z..... 24/09/2018

Livro interessante e instigante (exatamente o que buscava) com algumas das espetaculares batalhas de Alexandre Magno em sua campanha vitoriosa de expansão da Macedônia, durante 11 anos, no século III a.C.
O texto é organizado didaticamente, com detalhes das batalhas e desdobramentos, apoiado por ilustrações, mapas e gráficos.

Na parte inicial destacam-se relatos sobre Filipe (pai de Alexandre), que em sua disposição de conquistador, foi considerado pacificador e unificador na Grécia, especialmente por conta do clima de conflitos contínuos entre as cidades.
A morte teria sido planejada pela esposa Olímpia, diante das infidelidades do líder, para que Alexandre chegasse ao poder. O relato expressa que o assassino foi executado sem questionamentos de Alexandre, por suspeitar das motivações e mandante.

Batalha de Granico - A primeira vitória de Alexandre após adentrar a Ásia Menor através do Helesponto. O macedônio tinha como meta inicial libertar cidades gregas do domínio persa e o primeiro confronto aconteceu às margens do rio Granico (na atual Turquia). Em uma margem posicionaram-se os macedônios e na outra os persas. Os exércitos não permitiam serem contornados pelos flancos e, teoricamente, a vantagem era persa, com maior contingente de soldados (incluindo mercenários gregos) e terreno mais elevado do seu lado (vantagem geográfica que permitia grande visualização e posicionamento de arqueiros e lanceiros). A estratégia de Alexandre foi suicida, liderando parte da infantaria contra um dos flancos (algo que lembra a invasão da Normandia no Dia D). Muita gente morreu, mas as infantarias conseguiram chegar na outra margem, gerando intenso embate corpo a corpo, onde Alexandre era o alvo preferencial (lutando acirradamente e sendo ferido, sem maiores gravidades). Enquanto isso, outra infantaria na margem grega aproveitou a desorganização nesse flanco para contorna-lo e, na outra extremidade, o exército remanescente partiu com força máxima através do rio, empurrando os persas, que se mostraram impactados pela impetuosidade, apesar da superioridade numérica (mas perdiam nas táticas, disposição e equipamento). Trataram de fugir, ficando apenas os mercenários gregos, que foram derrotados, aprisionados e punidos com trabalho serviçal pelos macedônios. Acho que os Aliados estudaram essa batalha no contexto do Dia D...
A principal consequência foi o crescimento da fama de Alexandre, ultrapassando a de seu pai como libertador e conquistador. Ressalte-se que a batalha aconteceu nas proximidades da lendária Tróia, o que fortaleceu a imagem que Alexandre tinha de si, equiparando-se a Aquiles como herói, a quem fez oferendas em cerimonial.

Batalha de Isso - Também está entre as primeiras vitórias de Alexandre, na costa turca.
No contexto dessa batalha, o rei persa Dario III havia partido com grande exército contra Alexandre, liderando-o pessoalmente. Parte dos soldados macedônios feridos acampara nas proximidades de Isso, numa espécie de alojamento hospitalar, e Dario ao encontra-los foi cruel, pois matou e mandou cortar a mão dos que deixou viver (numa demonstração de poder e intimidação). Os exércitos se encontraram em planície estreita entre a costa e região montanhosa, revertendo em vantagem para Alexandre (acredito que estrategicamente buscou esse lugar). Dario não conseguiu agilizar as tropas aproveitando o maior número para cercar os macedônios, confrontando-se os exércitos em blocos equivalentes. Prevaleceu a disciplina e tática dos gregos, com o legendário paredão de escudos e lanças longas, a temível falange macedônia. Mais uma vez os persas recuaram e fugiram, incluindo Dario, quase capturado, deixando para trás familiares e fortuna. A riqueza serviu para financiamentos à campanha e Alexandre foi benevolente com os familiares do rei (entre eles estavam esposa e filhos).
Interessante que lembra a Batalha das Termópilas e, em seu ufanismo recorrente, regado a costumeira bebedeira, é possível que Alexandre tenha se equiparado também à Leônidas. Existem ilustrações antigas com ele vestindo pele de Leão, numa alusão à Hércules (de quem se considerava descendente) e imagino também que em referência ao rei espartano (isso é uma conjectura).

Estou apaixonado pela leitura e ainda na metade do livro. É uma farofa com ovo adubada que me sacia, de lamber os beiços...

26/09/2018
Cerco de Tiro - A batalha demorou 7 meses e teve caráter naval, com desdobramento inicial a favor de Tiro e depois irremediavelmente para os macedônios. A cidade estava localizada na região do Líbano e tinha parte na costa e outra insular, separadas por cerca de 1 km (hoje juntaram-se). Alexandre deu ultimato para rendição da ilha, após dominar o restante. Entre seus objetivos, a apresentação de oferendas para Hércules, já que o povo de Tiro cultuava divindade que os gregos associavam com o semideus, mantendo um templo na ilha. O povo confiou na defesa de sua muralha e se opôs à Alexandre que, avaliando as possibilidades, resolveu construir uma ponte. Quando o feito estava avançado, os tirenses lançaram um barco incendiário na construção e atacaram os macedônios pelos flancos na ponte, através de embarcações. Alexandre buscou apoio entre os fenícios e cipriotas, povos de renome na navegação, no que teve parecer favorável. Com frota redobrada, cercaram a cidade, não permitindo a saída pelos dois portos, enquanto construíam outra ponte, que teve torres na extremidade, especialmente arquitetadas contra as setas. A construção alcançou a ilha, o cerco se fechou, a muralha foi derrubada em certas partes, alguns embates marítimos aconteceram e Tiro sucumbiu ante o conquistador.
Creio que cumpriu-se a profecia em Ezequiel 26:3-5.

Batalha de Gaugamela - Reencontro de Alexandre com Dario, acontecendo na região compreendida hoje pelo Iraque. O embate foi numa planície, onde o rei persa poderia tirar vantagem do exército mais numeroso (e ainda mandou aplainar o terreno para que seus carros tivessem melhor mobilidade). Em linhas gerais, o que Alexandre fez foi desestruturar o exército adversário atraindo pequenas formações para o combate, em regiões também fora do cenário de melhor mobilidade dos carros. Bem se vê que os persas não tinham logística eficiente, diante da confiança excessiva no número superior de suas forças... O fato é que o exército persa foi aos poucos minado, separado em grupos, que não eram páreos para a eficiência e armamento dos macedônios.
Dario conseguiu fugir novamente e, numa decisão estratégica, os macedônios não o perseguiram incessantemente, pois a derrota poderia ser traduzida por ele como vitória (diante de seu escape). Porém, caiu em mãos de desafetos, que o mataram e tentaram no gesto alcançar glórias com Alexandre. O conquistador entregou o assassino para o irmão do rei (não sei se era apenas um assassino), que foi trucidado e, na política de estratégicas alianças, líderes persas foram mantidos no governo, mas sob autoridade de Alexandre. Essa história lembra a da morte de Saul e os homens que tentaram bajular Davi...

Batalha de Hidaspes - Opôs Alexandre e o príncipe hindu Poros, acontecendo às margens do rio de mesmo nome (hoje Jhelum) em região do Paquistão. O rio estava agitado, era época chuvosa e o exército hindu apresentava-se mais numeroso, contando com o formidável grupo de 200 elefantes. Os exércitos alinharam-se em cada margem e Alexandre novamente foi favorecido pelo olhar de subestimação do adversário, usando o improvável a seu favor. Os indianos, conhecedores da região, não imaginavam que o macedônio pudesse transpor o rio, diante de águas agitadas, exército intimidador e chuvas. Mas o conquistador deslocara um grupo para fazer a travessia de noite, em ponto distante cerca de 29 km, aproveitando a passagem por duas ilhas para minimizar a dificuldade. Sabedor do fato, Poros deslocou um grupo para atacar a fração do exército que atravessara o rio, liderado por seu filho. Novamente o fator de subestimar o adversário, resultando na derrota do grupo indiano, com morte do filho de Poros. Isso o desestabilizou e o exércirto de Alexandre aproveitou também que o terreno encharcado não favorecia o deslocamento dos carros de Poros para atravessar o rio. O embate foi terrível, pois os macedônios viram crescer diante de sua falange o terrível grupo de elefantes, os adversários mais terríveis que enfrentaram, conseguindo romper sua lendária parede de lanças e escudos. Os bichos não recuavam diante de flechas e dardos e o que permitiu a vitória aos macedônios foi a loucura em que entraram. Se não tombavam ante as armas, o mesmo não se podia dizer dos domadores e, com as feras desgovernadas, o exército macedônio assumiu o controle da situação.
Poros foi derrotado, mas Alexandre o poupou, colocando em prática sua política de governança através das autoridades locais.

O livro segue com outros informes sobre Alexandre, transparecendo que era um gênio militar, capaz de atitudes estrategicamente sensatas e outras tirânicas e cruéis, especialmente quando embriagado. Foi sob efeito do vinho que matou um de seus salvadores em Granico e incendiou Persépolis. O desatino tem correlação também com o fato dessa cidade ter oferecido resistência diante do ultimato de rendição, diferente de outras importantes cidades persas, como a Babilônia e Susa (desatino sob efeito do álcool com demonstração de poder e intimidação). Teve povo que o feriu gravemente que também pagou caro, incluindo mulheres, velhos e crianças (mailos).
O texto dá destaque para a política que, no geral, criava uma espécie de cidadania mundial (euro-asiática), em que os líderes locais governavam a seu favor.
Gostaria de entender mais sobre seu desentendimento com Parmênides, um de seus principais generais. Alexandre matou seu filho e depois mandou mata-lo também.

Enfim, gostei bastante do livro. Só não levou as cinco estrelas porque limitou a referências às batalhas, deixando de fora uma das conquistas mais lendárias de Alexandre: a da Fortaleza Sogdiana (justamente a que deseja e esperava encontrar em detalhes no livro).
Outra coisa notória é que o português do texto não é o mesmo de nosso país, tendo coisas esquisitas, como a referência de 'molhe' para ponte ou conjugações que parecem e estão erradas em nossa gramática.

Registro também que meu entusiasmo é de leitor curioso, sabendo que muita coisa pode ter erros eventuais na exposição dos fatos, seja pela tentativa na atualidade de reconstruir a história baseando-se no que seria coerente (mas a história se constrói em fatos prováveis e improváveis) ou pelos registros antigos que servem como base, em que exageros podem ter sido propositalmente agregados. Porém, não acredito em grandes distanciamentos no que hoje sabemos.

Quero mais livros sobre os macedônios, com mais histórias, detalhes e descobertas, me sinto muito instigado por essa leitura... Veeeeeeeeeenha!
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR