Jennifer47 28/03/2024
Clarice Slays
Clarice é minha autora favorita e não é difícil saber o porquê. Essa mulher é enigmática, a escrita dela sempre é carregada de uma ironia, uma verdade impessoal e universal, uma conexão maior não apenas com o mundo, mas com a própria imensidão, cheia de possibilidades.
Água viva é o segundo livro dela que leio, e mais uma vez, é algo que eu simplesmente gosto em sua totalidade. Não tenho como encontrar defeitos, simplesmente a forma como ela pensa é fascinante e ela não escreve usando só a intelectualidade e a mente, ela escreve com o espírito e a paixão.
Ela escreve de forma tão abstrata, mas para mim, eu sinto que consigo entender exatamente o que ela quer dizer. Sinto que ela consegue colocar em palavras o que todo o ser humano sente, lá no fundo, em menor ou maior grau, algo tão intrínseco (o pensamento atrás do pensamento) em nós que não sabemos como explicar, mas ela sabe.
Anyways, só não entendi muito bem o Posfácio do livro. Não vi motivo nenhum para comparar a arte de Água Viva com as artes de Pollock, sendo a única semelhança o fato da personagem ser uma pintora e do livro ser considerado abstrato (O autor explica as semelhanças, mas não achei convincente). Esse livro é algo maior, ouso dizer, transcendental de certa maneira. Água viva é arte por si só, não precisa ser comparada ou analisada junto de outras artes ou outros artistas, já que é algo extremamente único e atemporal.