Su 24/07/2019
Esse é um daqueles livros que eu não sabia absolutamente nada antes de iniciar a leitura. Decidi lê-lo devido a uma sugestão muito positiva, porém não esperava me encantar tanto com a leitura.
O livro começa pelo último capítulo, onde vemos uma mulher que vem sendo alvo de um autor anônimo que lhe envia, via e-mail, pequenas partes de sua história. Ela, a principio, não consegue identificar ninguém em seu cotidiano que pudesse ter a capacidade de escrever de forma tão bela. Ainda assim, ao chegar ao último capítulo, ela percebe que no fundo sempre desconfiou de alguém.
A história começa na noite de réveillon, vemos um casal apaixonado fazendo juras de amor no meio da Times Square, também vemos um homem solitário em um apartamento brindando com scotch nacional e vendo televisão. Até que o casal é convidado para dar uma entrevista para a televisão, na qual eles anunciam o seu inesperado noivado. Essa entrevista é transmitida no seu país de origem e assistida, dentre outras pessoas, pelo homem solitário, que pensa que também gostaria de ter alguém especial para passar a virada do milênio.
Nosso personagem principal é um homem comum, com trinta e poucos anos, baixa autoestima e uma vida entediante. Cursou processamento de dados, por ser o curso da moda naquele momento, e acabou ingressando na carreira, pois não se interessava por absolutamente nada. Funcionário de uma repartição pública, mora em um apartamento minúsculo. Sua ideia de lazer é ver maratonas de filmes com o seu papagaio. No entanto, sua vida começou a mudar quando encontrou uma linda mulher no vagão do metrô.
Maurício Gomyde cria uma história dentro de uma história e nos apresenta personagens principais sem nome próprio, apenas identificados como ele e ela. Apesar disso, ele e ela são tão bem construídos que não precisam de nomes. Além disso, esse é o livro de romance mais engraçado que já li. Através dessa leitura, pude ver que o amor pode nos tornar pessoas melhores, se assim permitirmos.
“Foi quando seus olhos começaram a pegar foco e presenciar uma cena maravilhosa nos
últimos bancos. Parecia um daqueles quadros embaralhados que demoramos a ver o que são e, após um tempo de fixação, começam a revelar a forma tridimensional de uma figura antes escondida, mas que estava lá o tempo todo.
Era uma mulher linda demais, de maquiagem leve no rosto e uma expressão pura parecida com a de um anjo. Lia um livro, calada. Compenetrada, como se o fato de estar sentada dentro de um metrô cheio e barulhento fosse um detalhe que jamais atrapalharia a viagem nas páginas de sua história. Naquela fração de segundo houve uma conexão única, ainda que unilateral, entre os dois.”