Lina DC 30/03/2014O livro é narrado em primeira pessoa por Matthieu Zéla, um homem que por incrível que pareça tem mais de 250 anos de idade e não consegue explicar o motivo de sua imortalidade.
"Eu não morro. Apenas fico mais e mais e mais velho". (p. 07)
Atualmente, o ano é 1999 e Matthieu encontra-se em Piccadilly, Londres. O único parente vivo que Matthieu possui é um descendente de seu meio irmão, um jovem de 22 anos, ator de um programa conhecido de televisão e que tem sérios problemas com drogas:o Tommy.
A narração alterna entre momentos passados e o presente, onde Matthieu tenta ajudar Tommy e relembra sua vida, começando por Paris em 1743.
Seu pai Jean morreu quando ele tinha apenas quatro anos de idade e sua mãe Marie Zéla casa-se com Philippe Dumarqué, um homem extremamente violento. Após testemunhar o assassinato de sua mãe, Matthieu foge com seu pequeno meio-irmão Tomás, pegando um navio que sai de Calais para Dover, na Inglaterra. E é nesse navio que ele encontra a pessoa que mais o marcou em toda a sua existência: Dominique Sauvet, uma jovem de 19 anos que deixa uma forte impressão nesse rapaz de 15 anos de idade.
Entre idas e vindas do presente para o passado, o leitor acompanha a jornada de Matthieu e a sua tentativa de salvar a linhagem do seu meio-irmão, caracterizada por homens problemáticos que morrem precocemente.
O incrível do enredo desse livro é que o autor mesclou acontecimentos reais e personalidades conhecidas em meio a uma mirabolante trama. Através de Matthieu conhecemos um pouco mais Chaplin, presidentes, a caçada aos comunistas, a crise da bolsa de valores de 1929 e até mesmo Marlo Brando.
Uma trama muito bem escrita e delineada, com um enredo forte e arrebatador, que mostra que um homem pode ser imortal, participar e observar os eventos mais espetaculares da humanidade e ainda assim ter um núcleo pessoal tão solitário que é capaz de arrebatar o leitor.
Como sempre, a escrita do autor é viciante e ritmada e apesar dos diversos personagens que o livro contêm, o leitor não se sente saturado. Todos os personagens apresentados estão entrelaçados e existem por um motivo, nenhum deles é apresentado apenas para enfeitar a trama.
Acompanhamos também não só a vida do protagonista, mas também o crescimento e desenvolvimento da humanidade. Observamos a construção do caráter de diversos personagens e conhecemos o melhor e o pior de cada um deles.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. A capa é simples mas ao mesmo tempo chama a atenção.
"Alexandra pode ter sido uma ficcionista ou quem sabe uma mentirosa compulsiva, mas o fato é que ela conseguiu algo que nenhum homem nem mesmo Deus tinham sido capazes em cento e catorze anos antes daquele evento e cento e doze anos depois: ela me matou". (p. 412)
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