Resenhas - Espelho Partido

Mari Pereira 07/06/2021

Onde tinha ido parar tudo que era bonito?
Terminei agora de ler Espelho partido, e que história!
O talento de Rodoreda me espanta. Como pode escrever sobre coisas tão densas e difíceis com tamanha simplicidade e delicadeza?
Apesar de ter tido um certo estranhamento com a narrativa no início, logo a história me capturou e me peguei envolvida com a história dessa família, sentido suas dores, descobrindo seus segredos...
A família foi se desmoronando, ruindo, como o velho palacete em que viviam.
No fim, não resta nada. Apenas algumas poucas memórias daqueles que sobreviveram.
Uma história triste e comovente, escrita com maestria! Em alguns momentos me lembrou a narrativa de Natália Ginzburg (que também adoro).
O último capítulo é tão simbólico e genial que reli várias vezes.
E o que dizer do epílogo? Sinto como se fosse amiga de Mercè (e como gostaria de ter sido).
Uma ótima experiência! Vale muito a pena!

"Da vaidade, do ódio e das migalhas de amor restaram a poeira e um triste espetáculo de esplendor e esquecimento." p. 287

luizguilherme.puga 28/06/2021

Dispensável
Livro mediando, de leitura arrastada, personagens pouco cativantes e previsíveis. Bom pra quem gosta de uma grande novelona.

@eleeoslivros 18/10/2020

MEU DEUS QUE LIVRO MARAVILHOSO!
Eu fiquei tão imerso na história que não conseguia parar de pensar no livro.
Em 90% do meu dia eu falava no livro e nos outros 10% rezava pra alguém falar dele pra eu poder falar mais.

Anne 22/08/2021

Segredos e verdades
A poesia está presente em cada canto, nos olhos de Teresa, no nascimento de um filho, no abandono, na traição, nas jóias, nas flores.

Senti a vida passando diante de mim, o tempo, as consequências das escolhas, os destinos selados, tal como na vida. Tal como na vida, os personagens imperfeitos, cada um preocupado com algo, procurando preencher o vazio que carrega dentro de si, cometendo delitos, sufocando com ausências. O tempo talvez seja o personagem principal, corroendo tudo que um dia houve de belo, destruindo com fúria, não perdoando ninguém.

A escrita tem um começo singular, parece que nada vai sair dali. Até esbofetear o leitor desatento.

Mais uma vez, termino uma leitura com sentimento de gratidão por ter conhecido tão complexos personagens, e vivenciado mais uma vez (após o belo romance "Nada"), a implacável Barcelona.

rdrg 27/06/2021

Essa Mercè
Acredito que esse foi o que mais me surpreendeu dentro da própria narrativa.
A primeira parte eu diria ser arrastada, até chata, mas o livro toma outras proporções inclusive ressignificando a primeira parte!
Os acontecimentos não são extremamente previsíveis, a escrita que mistura vários momentos no tempo é muito suave.
O epílogo é excelente, poder ler sobre a experiência de criação da autora foi muito gostoso!

Bruno Sequeira 27/07/2021

O começo foi um primor, mas depois...
Mais um livro da TAG que eu leio, mas dessa vez, atrasado. Eu recebi esse livro mês passado e só vim ler esse mês, pois eu achei a capa feia e sim, eu julgo um livro pela capa e estava certo, pois eu achei esse livro meia bomba, mais ou menos sabe? Não é ruim, mas também não é perfeito como "O pássaro secreto" do mês cinco e "O mapeador de ausências" do mês sete, esse foi três estrelas mesmo. O início do livro pra mim foi muito bom! Mistérios, segredos e eu já amava a Teresa desde a primeira vez que ela apareceu. Eu gostei dos personagens, gostei da trama e no começo eu achava que seria um livro cinco estrelas, mas infelizmente quando o livro começou a chegar no final da primeira parte lá para a páginas cento e pouco, a qualidade caiu, e caiu muito, pelo menos para mim. Os parágrafos eternos e sem graça alguma, as coisas que eram colocadas na trama e não acrescentavam em nada, olha...foi difícil terminar, e pensar que o começo foi tão bom...poxa vida.

Rick Shandler 10/05/2022

Espelho Partido - Mercè Rodoreda
Toda história é um espelho partido. Cada fragmento desse espelho é um indivíduo. Cada indivíduo possui seu ponto de vista único, conforme o acesso que teve aos eventos que darão corpo a essa história, mas acima de tudo conforme suas características pessoais que o farão interpretar de maneira única os acontecimentos. Do somatório desses diferentes pontos de vista, assim como da união dos fragmentos de um espelho partido, temos a formação de uma história mais fidedigna. Essa analogia é a base deste precioso romance. Um punhado de lembranças, uma pitada de segredos e sobre tudo o tempo compõem esse belíssimo livro, uma verdadeira alegoria a vida.

?-Minha filha, tem gente para quem uma lembrança é suficiente para a vida inteira.
-O que quer dizer lembrança?
-Logo você vai descobrir; talvez esse momento seja uma lembrança para você, daqui a muitos anos.?

Desta forma sútil e delicada Rodoreda demonstra como uma lembrança é formada. E quantas lembranças temos ao longo desse livro? Um amor escondido, uma ida à praia, um banho de mangueira, a descoberta de uma traição e até mesmo um suicídio. O livro demonstra como as lembranças nos impactam. Elas são capazes de acalentar nossos corações em tempos difíceis, como a citação acima acalentou Sofia no funeral de seu pai. Por outro lado, também são capazes de nos torturar em noites de pouco sono, como as mortes trágicas de Jaume e Maria fizeram com os habitantes de um certo palacete em Sant Gervasi.

E quando a lembrança é só nossa e não queremos dividi-la? Aí surgem os segredos. O palacete de Sant Gervasi está repleto deles. Há mais segredos do que rosas cor de carne. Esses segredos, assim como as lembranças, fazem parte da formação de cada um dos personagens. Claro, muitas vezes eles não são tão secretos assim e acabam refletindo em um ou outro fragmento desse espelho partido. Pior ainda, às vezes esses fragmentos juntam-se, como peças de um quebra cabeça e aí finda-se o segredo. Rodoreda nos dá uma aula de como esses segredos se formam, influem em nossas vidas e, por vezes revelam-se. Dessa aula aprendemos que o grande agente por trás de tudo é o tempo.

O tempo é o grande compositor de destinos, como canta Caetano. Vemos o tempo agir de forma irredutível ao longo do livro. Semeando lembranças e então fortalecendo-as para depois serem esquecidas. Por ora mantendo segredos, por ora estraçalhando-os. Maturando corpos para que desfrutem ao máximo o prazer físico só para depois definha-los. Debochando dos meros mortais com seus ciclos e repetições. O tempo é a cola que gruda os fragmentos desse espelho partido, formando um verdadeiro caleidoscópio, por onde vemos a obra final: a vida. Pois ela é bem assim, como o livro nos apresenta. Uma colagem de diversos fragmentos ao longo do escasso tempo que temos aqui. Não há vilões, não há heróis. Há pessoas reais, buscando encontrar amor, buscando encontrar felicidade, buscando se encontrar.

Gisa 08/06/2021

Mercé Rodoreda é incrível, já tinha lido dela A praça do diamante e já tinha ficado espantada em saber que ela é tão pouco conhecida por terras brasileiras, uma pena.

Em Espelho Partido ficamos conhecendo as histórias, segredos, dores, amores de uma família ao longo de três gerações e acompanhamos sua ruína e decadência até restar somente recordações e lembranças. Uma narrativa brilhante que te faz 'sentir' o tempo e recordar o passado junto com os personagens.

Leiam Mercé!

Siegfrito 21/06/2021

Um relato manso de uma família conturbada
Não sei dizer se o que mais gostei no livro foi a habilidade da autora pra entrelaçar os muitos personagens ou a expectativa que ela parece lançar intencionalmente em figuras secundárias.

Achei que personagens como Masdéu e Quim Bergadá tiveram participação fraca, quando poderiam ter feito mais, mas o livro não perde qualidade por isso. É uma espécie de Cem Anos de Solidão em Barcelona.

Ninasg 04/07/2021

Espelho partido
Que livro! Daqueles que te deixam "órfã" depois de acabar.
Posso dizer que meu primeiro contato com Mercè foi incrível e que Espelho Partido está no meu top 3 de livros enviados pela Tag.
Fiquei impressionada com a escrita de Rodoreda. É daquelas que parecem simples de ler, mas que você nunca consegue reproduzir, pois são de uma genialidade imensa.

Debora 04/07/2021

Fragmentos de uma saga familiar
O livro traz um posfácio em que a autora diz que a escrita da obra só deslanchou depois que ela encontrou o título: Espelho Partido. Por um espelho se vê o que está ao seu redor. Um espelho partido, entretanto, mostra partes do todo, às vezes parecendo até desconexas.
Gostei muito desta explicação e aumentou a beleza desta saga familiar, cujo centro se dá, na maior parte do tempo, em torno da grande Teresa Valldaura, moça pobre de grande beleza que mudou de meio social por meio do amor que despertava ao seu redor.
Uma excelente trama, escrita bonita e fluida, personagens fortes e um contexto social fazem desta mais uma bonita obra de Mercé Rodoreda a ser lida

Adriana Scarpin 26/07/2021

Estou atrasada com minhas leituras, deveria ter lido este livro mês passado. Fui empolgada para lê-lo porque considero A Praça do Diamante da Mercê Rodoreda uma obra-prima da literatura catalã, então minha empolgação resvalou facilmente na decepção. Não me entenda mal, é um bom livro, mas é tão aquém da obra mais famosa da autora que não há como não se decepcionar.
Rodoreda faz algumas escolhas folhetinescas que não me caíram bem, por outro lado faz outras mais felizes na construção fragmentada de situações e personagens que mantém nosso interesse na leitura, por exemplo, coisas peculiares como pontos de vista de fantasmas e ratazanas.
Não sei, talvez, estórias geracionais não me impactam tanto desde que li A Casa Assassinada do Lucio Cardoso, que é o livro para acabar com todos os livros sobre estórias de famílias.

robert.messias 22/06/2021

Eu fui o seu destino...
As sensações que uma obra literária pode ocasionar em um leitor são diversas, isso é fato, mas mesmo que o livro não tenha agradado a todos é inegável a genialidade de Rodoreda em sua escrita.

O tempo... é passageiro. Quando menos percebemos, passou, um acontecimento torna-se memória e uma lembrança nostalgia. A passagem dos minutos, das horas e dos dias acarretam destruição em diversos sentidos, seja na questão material ou sentimental, e ''Espelho Partido" cumpre perfeitamente a função de demonstrar que nada é estável e muito menos durável. Quem já viveu em uma casa por muito tempo irá sentir de forma intensa os momentos de glória e desastre do Palacete. Aqueles que perderam um ente querido com certeza irá relembrar dos momentos de alegria e tristeza com a pessoa amada que passou para outra dimensão. De uma maneira ou de outra iremos sentir a perda ao longo da leitura, pois ela é nossa única garantia em vida.

O livro não possui um ritmo acelerado, e daí? A vida é monótona e o tempo, quando analisado, também.

Vivemos o agora!

Karina Greco 10/07/2021

Todos temos nossos segredos
Que livro maravilhoso!

Mercè conta a história de uma família que representa tantas outras, tramas que se conhecem tão bem e, ainda assim, são tão únicas!

A forma como a autora apresenta as cenas, e as reconta, recapitulando paisagens e sensações, dando imenso significado a cada um de seus personagens, é de uma sensibilidade difícil de explicar. São os detalhes, que chegam a tornar a leitura muitas vezes difícil, que fazem dessa narração algo tão incrível e sensacional.

O leitor tem acesso aos pensamentos de cada uma das figuras dessa história, sabe de todos os segredos à medida que as situações vão se desenrolando e os guarda a sete chaves junto com os personagens.

A autora surpreende a cada acontecimento, não decepciona em nenhum momento. E vai mostrando que a vida é feita de pedaços. Que nada é pra sempre. Que cada um leva a parte que deseja. E deixa pra trás aquilo que consegue ou aquilo com o que não consegue lidar. E tudo chega ao fim, de uma forma ou de outra.

Retrato perfeito da vida.
Fantástico!

Marques 05/07/2021

Uma escrita que me remete a grandes obras mas que não me cativou
No início do texto, gostei muito dos personagens e da escrita da autora. O enredo ficava nas entrelinhas e nada era dito às claras. Senti, devido à forma em que eram narrados os acontecimentos, que esse livro me lembrava muito o estilo de Cem Anos de Solidão, com parágrafos imensos, textos densos e cheios de acontecimentos.

Todavia, conforme fui lendo, isso começou a me cansar. Ainda que tenha gostado bastante das personagens e das reviravoltas, senti que faltou algo concreto e claro ali. Não sei dizer o que é, mas sinto que a história sempre parecia ir do nada a lugar nenhum. Quando cheguei às últimas páginas, eu só queria que o livro acabasse logo.

Além disso, tive um outro grande estranhamento: a quebra de ritmo é completamente esquisita. Em um momento, a autora opta por narrar as coisas em um ritmo frenético e coloca uma série de acontecimentos importantes na trama. Em outro momento, logo em seguida, resolve simplesmente embolar o ritmo e passa a divagar sobre coisas sem sentido algum, dando voltas e voltas em um mesmo assunto. Só quando li o epílogo, pude me dar conta de que isso talvez seja fruto da forma em que esse livro foi escrito, ao longo de anos e anos, em meio de outros trabalhos da autora.

Sei lá. Queria ter gostado mais, e que a história tivesse me cativado um pouco mais também. O final me deixou confuso, apesar de ter gostado do miolo. Talvez eu só esteja de mau humor. Algum dia, talvez eu reveja isso aqui

6,5/10