Silas.Bandeira 14/04/2024
"Sempre existe uma mística predominante em qualquer civilização. Ela se ergue como barreira contra mudanças, e isso sempre deixa as gerações futuras despreparadas para os ardis do Universo."
Filhos de Duna, é um encerramento muito bom para a primeira trilogia do universo de Frank Hebert. Se volta de maneira muito mais direta para os males de misturar religião e governo, e principalmente para, o que talvez seja seu objeto principal, o peso das tradições.
Leto e Ghanima, são a herança ideal para a "Teocracia" de Muad'dib, o peso de carregar tantas consciências dentro de si, é algo compartilhado pelos dois irmãos e apenas por sua tia. Hebert traz um enfoco maior em demonstrar a complexidade de encontrar o seu "eu" dentro de milhões de consciências que nos precedem. Claro, as consciências trazem consigo sabedoria e experiência, mas ouvir apenas a voz daquilo que veio antes de ti, te levará apenas por caminhos já trilhados, é preciso então lutar, e sacrificar muito, até mesmo tudo, para se encontrar e trilhar algo novo no meio dessa multidão de sabedoria ancestral.
O terceiro livro da saga monstra a incrível capacidade de Herbert em expandir esse universo tão rico, e ainda assim deixá-lo íntimo, em suas extensas discussões internas, momentos de desespero, ódio, amor, luxúria e traição, e nas extensas conversas fraternais cheias de entendimento mútuo entre os gêmeos herdeiros do Império de Paul.